A existência real só pode ser provada pela existência real? A crítica de Locke contra a prova a priori cartesiana

Autores

  • Leandro Alves da Silva Universidade Federal do Paraná

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2447-9012.espinosa.2022.206390

Palavras-chave:

Locke, Descartes, Prova a priori, Inatismo, Empirismo

Resumo

No Ensaio sobre o Entendimento Humano (iv.x.7), John Locke registrou uma breve apreciação da prova a priori cartesiana, afirmando que ela seria, isoladamente, uma maneira imperfeita de abordar a questão da existência de Deus. Todavia, num manuscrito de duas páginas, datado de 1696, ele considerou essa prova inconclusiva, pois poderia ser utilizada tanto por teístas como por ateus, ficando a questão inacabada. Considerando a escassez de estudos lockeanos tratando desse manuscrito, este artigo propõe uma interpretação da crítica lockeana à prova a priori cartesiana, de modo a verificar se o filósofo inglês modificou sua opinião. A análise do texto em questão aponta que não houve mudança significativa por parte de Locke, pois suas conclusões registradas no manuscrito têm como fundamento a rejeição das ideias inatas e das essências imutáveis, em conformidade com o livro i do Ensaio. Adicionalmente, suas críticas têm um provável antecedente tomista nas objeções de Johannes Caterus. 

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

AARON, R. I. (1965). John Locke. Oxford: Claredon Press.

ANSELMO, S. (2016). Proslógio. Porto Alegre: Concreta.

COTTINGHAM, J. (1995). Dicionário Descartes. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.

DESCARTES, R. (2009). Discurso do método. São Paulo: Martins Fontes.

DESCARTES, R. (1983). Discurso do método; Meditações; Objeções e respostas; As paixões da alma; Cartas. São Paulo: Abril Cultural.

DESCARTES, R. (1977). Meditaciones metafísicas con objeciones y respuestas. Madrid: Ediciones Alfaguara.

DESCARTES, R. (2004). Meditações sobre filosofia primeira. Campinas: Editora da Unicamp.

DESCARTES, R. (1997). Princípios da filosofia. Lisboa: Edições 70.

DESCARTES, R. (1991). The philosophical writings of Descartes. Cambridge: Cambridge University Press.

FABRO, C. (2014). L’uomo e il rischio di Dio. Roma: EDIVI.

HARRELSON, K. J. (2009). The Ontological Argument from Descartes to Hegel. Amherst: Humanity Books.

HATFIELD, G. (2003). Routledge Philosophy Guidebook to Descartes and the Meditations. London: Routledge.

KANT, I. (2001). Crítica da Razão Pura. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.

KING, P. (1829). The life of John Locke: with extracts from his correspondence, journals and common-place books. London: H. Colburn.

LASCANO, M. P. (2017). Arguments for the existence of God. In: KAUFMAN, D. (Ed.). The Routledge companion to seventeenth century philosophy. New York: Routledge, pp. 505-535.

LOCKE, J. (2014). Ensaio sobre o entendimento humano. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.

LOCKE, J. (1824). The Works of John Locke in Nine Volumes, v. 3. London: Rivington.

LOWE, E. J. (2013). The ontological argument. In: COPAN, P.; MEISTER, C. (Ed.). The Routledge Companion to Philosophy of Religion. Abingdon: Routledge, pp. 391-400.

MALCOLM, N. (1960). Anselm’s ontological arguments. The Philosophical Review, New York, v. 69, n. 1, pp. 41-62.

MEYERS, R. G. (2017). Empirismo. Petrópolis: Vozes.

MILTON, J. R. (2011). A vida e a época de Locke. In: CHAPPELL, V. (Org.). Locke. Aparecida: Ideias & Letras, pp. 17-40.

MILTON, J. R. (1994). Locke at Oxford. In: ROGERS, G. A. J. (Ed.). Locke's Philosophy: content and context. New York: Oxford University Press, pp. 17-40.

ROGERS, G. A. J. (2014). God. In: SAVONIUS-WROTH, S.-J.; SCHUURMAN, P.; WALMSLEY, J. (Ed.). The Bloomsbury Companion to Locke. London & New York: Bloomsbury Publishing.

ROGERS, G. A. (2007). The intellectual setting and aims of the Essay. In: NEWMAN, L. (Ed.). The Cambridge companion to Locke’s Essay Concerning Human Understand. New York: Cambridge University Press, pp. 07-32.

SANTOS, M. F. (1960). O homem perante o infinito. São Paulo: Logos.

SCHUURMAN, P. (2014). DESCARTES, René. In: SAVONIUS-WROTH, S.-J.; SCHUURMAN, P.; WALMSLEY, J. (Ed.). The Bloomsbury Companion to Locke. London & New York: Bloomsbury Publishing.

SCRIBANO, E. (2007). Guia para leitura das Meditações Metafísicas de Descartes. São Paulo: Loyola.

SHERIDAN, P. (2013). Compreender Locke. Petrópolis: Vozes.

SILVA, L. A. 2020. John Locke e a prova a priori da existência de Deus. Curitiba. 94 pp. Dissertação (Mestrado). Universidade Federal do Paraná - UFPR.

SILVA, S. H. S. (2008). Locke e a crítica à prova cartesiana da existência necessária de Deus: um problema moral. Polymatheia, Fortaleza, vol. 4, n. 5, pp. 145-159.

TOMATIS, F. (2003). O argumento ontológico: a existência de Deus de Anselmo a Shelling. São Paulo: Paulus.

TULLY, J. (2006). A discourse on property: John Locke and his adversaries. Cambridge: Cambridge University Press.

VON LEYDEN, W. (2002). Introduction. In: LOCKE, J. Essays on the law of nature. Oxford: Clarendon Press.

WOOLHOUSE, R. (2011). A teoria do conhecimento. In: CHAPPELL, V. (Org.). Locke. Aparecida: Ideias & Letras, pp. 183-211.

XAVIER, M. L. L. O. (2011). A Questão do Argumento Anselmiano. Philosophica, Lisboa, v. 37, pp. 241-270.

Downloads

Publicado

2022-12-30

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Silva, L. A. da. (2022). A existência real só pode ser provada pela existência real? A crítica de Locke contra a prova a priori cartesiana. Cadernos Espinosanos, 47, 179-208. https://doi.org/10.11606/issn.2447-9012.espinosa.2022.206390