O narrador recusado por Saramago

Autores

  • José Leite Jr Universidade Federal do Ceará

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1980-4016.esse.2016.120533

Palavras-chave:

Narrador, Autor, Trabalho, Alienação, Saramago

Resumo

Este artigo foi motivado por duas declarações do escritor português José Saramago, nas quais ele rejeita a existência de um narrador não identificado com o autor. Saramago aparentemente coloca em dúvida as teorias da enunciação, que são enfáticas em separar o autor como pessoa da figura do narrador, que só teria sentido nos limites do texto. Haveria, assim, uma confusão entre o que tem natureza ontológica e o que tem natureza linguística. No entanto, um exame dessas declarações à luz de categorias semiótico-discursivas greimasianas permite inferir que ele considera a atividade do autor como um trabalho artístico. Como marxista, Saramago defende a singularidade do trabalho artístico e não admite sua cisão ou alienação. Essa negação do narrador não é um fato isolado no posicionamento crítico de Saramago, mas faz parte da estratégia discursiva por ele adotada. Baseado na ideia de que a negação é essencialmente revolucionária, ele contesta o automatismo do discurso burguês. Para tanto, ele recria no texto ficcional situações homólogas à da história, marcadas pela imprevisibilidade, já que os fatos, ficcionais ou não, não se explicam a si mesmos, mas são resultado de uma complexa correlação de forças postas em jogo no cenário social.

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Biografia do Autor

  • José Leite Jr, Universidade Federal do Ceará

    Professor Adjunto do Departamento de Literatura da Universidade Federal do Ceará – UFC.

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Publicado

2016-09-14

Edição

Seção

Artigos

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