O tempo, o valor e a prostituta: reflexões sobre “Geni e o Zepelim” de Chico Buarque
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1980-4016.esse.2018.150525Palavras-chave:
Tempo, Valor, Prostituta, Gênero, Chico BuarqueResumo
Este artigo propõe uma reflexão sobre a construção do tempo, do valor e da prostituta na canção “Geni e o Zepelim”, de Chico Buarque. A partir da análise do nível discursivo do texto, é possível perceber que há um jogo entre as diferentes vozes dos atores do enunciado, a saber, o narrador, a cidade, o comandante do zepelim e Geni, bem como uma mudança no uso dos sistemas temporais enunciativo e enuncivo. No nível narrativo ocorre uma dupla manipulação do comandante e da cidade em relação à Geni, que é obrigada a se deitar com o oficial para evitar o bombardeio anunciado. Mesmo após ter cumprido a performance que lhe tinha sido designada, a moça recebe uma sanção negativa da cidade. O resultado final da sequência de programas narrativos é a reificação de Geni. Por fim, do ponto de vista de suas estruturas tensivas, o discurso se organiza em termos de continuidade e descontinuidade. Por um lado, a chegada do comandante do zepelim pode ser interpretada como um acontecimento, por outro lado, a prostituição habitual de Geni se caracteriza como um exercício. Em geral, “Geni e o Zepelim” demonstra que o papel temático-figurativo da prostituta se investe de uma configuração axiológica positiva ou negativa em função do tempo e dos interesses sociais em jogo.
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