O acento mítico na semiótica

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1980-4016.esse.2020.173561

Palavras-chave:

Acontecimento, Valores transcendentes, Prosodização, Tonicidade, Incrementos

Resumo

Examinamos, neste trabalho, a influência dos estudos sobre a consciência mítica, realizados pelo filósofo Ernst Cassirer, na semiótica tensiva proposta por Claude Zilberberg. Este autor encontrou nas análises elaboradas pelo filósofo um modo de abordar o sentido, não tanto por sua materialidade fenomenológica, mas principalmente pela intensidade afetiva nele inscrita. Esse acento especial que torna pertinente um determinado conteúdo mítico foi comparado por Zilberberg com a alta tonicidade que caracteriza o acontecimento extraordinário, seu principal objeto de análise na semiótica. Surgiram daí os incrementos (mais e menos), cuja combinação nos permite estabelecer as quantificações subjetivas – portanto, afetivas – sempre presentes em nossas apreciações do sentido construído pelas linguagens verbais ou não verbais. Verificamos, por fim, que as relações entre intensidade e extensidade, núcleo da proposta tensiva, foram especialmente beneficiadas pela investigação da peculiaridade acentual do pensamento mítico.

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Biografia do Autor

Luiz Tatit, Universidade de São Paulo

Docente do Programa de Pós-graduação em Semiótica e Linguística geral da Universidade de São Paulo (USP). 

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Publicado

2020-12-17

Como Citar

Tatit, L. (2020). O acento mítico na semiótica. Estudos Semióticos, 16(3), 185-204. https://doi.org/10.11606/issn.1980-4016.esse.2020.173561