O ethos discursivo na moda de viola “Milagre da vela”

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1980-4016.esse.2021.186427

Palavras-chave:

Ethos discursivo, Moda de viola, Milagre da vela

Resumo

O presente artigo visa a examinar o ethos discursivo na canção “Milagre da vela”, gravada por Zé Carreiro e Carreirinho, em 1961. Num quadro intersemiótico que aproxima letra e melodia, investe-se na apreensão do ethos discursivo, como delineado pela Análise do Discurso (Maingueneau, 1997, 2008a, 2008b, 2008c, 2011, 2020, entre outros), mobilizando o projeto geral de dicção (Tatit, 1999, 2003, 2008, 2012), o qual articula letra e melodia por meio dos processos de figurativização, passionalização e tematização. O ethos é uma instância que opera no nível do discurso, desvelando características da personalidade do enunciador, bem como do seu posicionamento social, por isso, é preciso acentuar a emergência, no e pelo discurso literomusical, de traços identitários e socioculturais do homem caipira. O corpus de análise é composto por nove recortes do discurso da canção em foco. Os resultados da análise apontam que o ethos discursivo, apreendido em sua dimensão intersemiótica, revela-se uma corporalidade mística, religiosa e conservadora, apegada à cultura caipira, portanto, resistente às mudanças da sociedade.

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Biografia do Autor

Cristiane da Silva Ferreira, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso

Docente EBTT de Língua Portuguesa no Instituto Federal do Mato Grosso (IFMT), Campus Cuiabá Octayde Jorge da Silva, Cuiabá, MT, Brasil.

Anderson Ferreira, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Docente no Curso de Letras do Departamento de Línguas e Letras da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Campus Goiabeira, Vitória, ES, Brasil. Pós-doutorando no Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade Federal do Espírito Santo, com bolsa CAPES/PNPD.

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Publicado

2021-12-20

Como Citar

Ferreira, C. da S., & Ferreira, A. (2021). O ethos discursivo na moda de viola “Milagre da vela”. Estudos Semióticos, 17(3), 176-197. https://doi.org/10.11606/issn.1980-4016.esse.2021.186427