A lei e o devir: caminhos para leitura de romances de Paulo Leminski
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1980-4016.esse.2011.35261Palavras-chave:
acontecimento, rotina, tempo, ritmo, Paulo LeminskiResumo
Pretendemos,nestetrabalho,mostrarcomoasemióticafrancesa,notadamenteasemióticatensivatal como proposta por Claude Zilberberg, pode auxiliar na compreensão de textos literários específicos, aqui, de dois romances de Paulo Leminski. Propomos uma reflexão sobre a maneira pela qual os conceitos de “acontecimento” e de “exercício” assim como as quatro temporalidades – cronológica, rítmica, mnésica e cinemática – podem auxiliar na análise desses romances. Atualmente, nos estudos semióticos, muito se fala em acontecimento, principalmente seguindo as proposições de Zilberberg. O próprio autor nos lembra que, mesmo não se tratando de um pensamento novo ou inédito, pensar o acontecimento e trazê-lo à tona parece bastante frutífero para os estudos acerca do sentido. Num quadro de trabalho definido por três grandes modos, a saber, “modo de eficiência”, “modo de existência” e “modo de junção”, o acontecimento é visto como portador de grande intensidade, marcado pelo alto índice de inesperado e aceleração, e tem como base a concessão, a apreensão e o sobrevir. O exercício, por sua vez, tomado como oposto ao acontecimento e estando no domínio do esperado e do familiar, se caracteriza por uma grande extensidade e tem como base a implicação, o foco e o “pervir”. Sempre declarando a herança hjelmsleviana de suas reflexões, Zilberberg propõe em seu ensaio “Relativité du ryhtme” uma investigação sobre os quatro tempos acima mencionados. Discretizando todos estes tempos, que se encontram em geral em sincretismo, torna-se possível contrastá-los e verificar os tipos de efeitos que podem causar nos textos.
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