Manipulação pela paz na capa do jornal Meia Hora

Autores

  • Vinícius César Lisboa Soares Universidade Federal Fluminense

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1980-4016.esse.2009.49251

Palavras-chave:

público-alvo, intertextualidade, contrato fiduciário, jornalismo

Resumo

Publicado pela editora O Dia S.A. desde 2006, o jornal popular Meia Hora de Notícias traça uma trajetória ascendente no ranking dos mais vendidos do país. Na capa do dia 17 de abril de 2008, o veículo dá ressonância à declaração de uma autoridade militar que se posiciona de forma favorável ao saneamento social como tática eficaz para o controle do crime. Muito além de reproduzir o conteúdo, o enunciador explora-o visual e intertextualmente, revestindo-o da linguagem popular e controversa que marca sua linha editorial. Respaldado por um contrato fiduciário, o Meia Hora projeta um enunciado em que a paz é o objeto-valor. Contudo, o caminho para atingi-la passa por uma explícita caçada aos criminosos, desumanizados pelo intertexto que produz o codinome de “mosquitos do mal”. O enunciatário é, então, manipulado por tentação a apoiar a ação proposta pelo enunciador. A análise da narrativa faz-se possível com o empréstimo da teoria das zonas de visualização da página, de Edmund C. Arnold, e revela uma minuciosa construção semiótica. Em busca de uma identificação exacerbada, o jornal diz aquilo que o leitor quer ouvir e oferece uma solução sob medida para seus problemas: o saneamento social. Ao sujeito da narrativa, o bopecida, é assegurado o poder de agir de modo enérgico, o que vai de encontro aos próprios direitos constitucionais.

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Publicado

2009-12-07

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Manipulação pela paz na capa do jornal Meia Hora. (2009). Estudos Semióticos, 5(2), 89-97. https://doi.org/10.11606/issn.1980-4016.esse.2009.49251