"Deus caritas est": bases para a operacionalização da noção de éthos

Autores

  • Sueli Ramos-Silva Universidade de São Paulo; Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas; Departamento de Linguística

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1980-4016.esse.2010.49268

Palavras-chave:

divulgação religiosa, retórica, éthos, ponto de vista tensivo

Resumo

Este trabalho tem por objetivo amplo desenvolver interpelações a respeito da conexão entre o nível profundo da geração do sentido e a instância enunciativa, respeitado o ponto de vista tensivo que, segundo Zilberberg (2006), torna possível a articulação da tensividade com a retórica. A fundamentação teórica utilizada, para atingirmos os objetivos do estudo proposto, consiste nas bases teóricas da semiótica greimasiana, de linha francesa, tomada também em seus desenvolvimentos tensivos por Zilberberg (2006) e os enfoques contemporâneos da Nova Retórica obtidos, principalmente, por meio dos trabalhos de Meyer (2007) e Perelman e Olbrechts-Tyteca (2005). Desenvolvemos, dessa forma, a noção semiótica de estilo, com vistas às propostas de operacionalização da noção de éthos, conforme subsídios encontrados tanto numa estilística discursiva, como no referido “ponto de vista tensivo”. Procuramos, portanto, mediante essa conexão, fornecer as bases para a operacionalização da noção de éthos, observado no discurso de divulgação religiosa da carta encíclica “Deus caritas est”, documento promulgado pelo sumo pontífice Bento XVI, em 25 de dezembro de 2005. A análise da encíclica levou a caracterizá-la pela presença de um estilo marcado por conteúdo doutrinário, clareza, referências à língua latina e pelo efeito de inquestionabilidade, consumado pela utilização da narrativa bíblica fundadora, o que configura um éthos de tom de voz altivo e apegado aos valores da tradição. Observamos, assim, o éthos de um intelectual católico, de um teólogo que pretende defender, construindo e não apenas transmitindo, as bases de uma doutrina universal. Esse sujeito, apesar de seu caráter doutrinário e injuntivo, apresenta, ao mesmo tempo, traços de uma imagem benevolente, ao englobar em sua exposição da dimensão caritas-ágape as demais concepções de amor.

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Publicado

2010-12-07

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

"Deus caritas est": bases para a operacionalização da noção de éthos. (2010). Estudos Semióticos, 6(2), 30-39. https://doi.org/10.11606/issn.1980-4016.esse.2010.49268