O eu e o outro no campo discursivo da surdez

Autores

  • Maria Clara Maciel de Araújo Ribeiro Universidade Federal de Minas Gerais
  • Glaucia Muniz Proença Lara Universidade Federal de Minas Gerais

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1980-4016.esse.2010.49271

Palavras-chave:

surdez, campo discursivo, espaço discursivo, identidade, outro

Resumo

Alicerçados pela academia e por movimentos sociais, os discursos sobre a surdez vêm se movimentando e se alterando ao longo do tempo. Neste estudo, voltamos nosso olhar para os discursos sobre a surdez produzidos pelos próprios surdos. Para tanto, partimos da tríade universo, campo e espaço discursivo (Maingueneau, 2005) para focalizar, no campo discursivo da surdez, o embate de duas formações discursivas (FD) que se opõem: uma de base clínico-terapêutica, donde se origina um discurso de fundamentação ouvintista (DFO); outra de base linguístico-antropológica, que possibilita o surgimento de um discurso de fundamentação surda (DFS). De maneira bastante resumida, podemos dizer que, enquanto a primeira FD concebe a surdez a partir do estigma da deficiência, a segunda a caracteriza a partir do valor da diferença. Vemos, no campo em questão, que posicionamentos e identidades enunciativas definem-se, sobretudo, a partir da negação do outro, ou, pelo menos, daquele que se estabelece como “o outro”. A partir da análise de textos sobre a surdez escritos por surdos universitários, podemos constatar, no corpus da pesquisa, prevalência do discurso de fundamentação surda (81%). Constatamos que é, sobretudo, a partir da negação do simulacro do DFO que o DFS se constitui e que a interação entre as FDs no espaço discursivo em questão permite que elas se delimitem e se definam reciprocamente.

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Publicado

2010-12-07

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

O eu e o outro no campo discursivo da surdez. (2010). Estudos Semióticos, 6(2), 55-65. https://doi.org/10.11606/issn.1980-4016.esse.2010.49271