Fidelidade e mudança: a relação entre formas de vida e práxis enunciativa

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1980-4016.esse.2020.171320

Palavras-chave:

Formas de vida, Práxis enunciativa, Semiosfera, Semiótica francesa

Resumo

Baseado nos pressupostos teóricos e metodológicos da Semiótica francesa, o presente artigo visa refletir sobre a relação entre os conceitos “formas de vida” e “práxis enunciativa”. De acordo com a teoria, as formas de vida evidenciam os modos como os indivíduos e as coletividades percebem o mundo e dão a conhecer suas concepções de existência. Ademais, elas concernem tanto à manutenção quanto à transformação, pois se formam e se desfazem pelo uso, são inventadas, praticadas ou recusadas pelas instâncias enunciantes. Tal consideração remete à noção de práxis enunciativa ao refletir sobre a passagem daquilo que é limitado e estabilizado no sistema da língua àquilo que é singular e inovador no exercício do discurso. Desse modo, este trabalho baseia-se no entendimento de que a dinâmica da práxis enunciativa permite o contraste entre formas de vida tradicionais, armazenadas no sistema cultural, e aquelas inventivas, que transgridem os códigos e os usos estabelecidos para fundar uma nova axiologia. Tal abordagem permite, assim, a inserção na teoria de discussões relativas ao uso, às identidades culturais, à variação das estruturas e sua tipificação.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Renata Cristina Duarte, Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

    Pós-doutoranda do Departamento de Linguística da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP), São Paulo-SP, Brasil, com bolsa PNPD/CAPES. 

Referências

BASSO-FOSSALI, Pierluigi. Texte préparatoire au dossier : « Les formes de vie à l’épreuve d’une sémiotique des cultures ». Actes Sémiotiques, n° 115, Fev. 2012. Disponível em: <http://epublications.unilim.fr/revues/as/4928>. Acesso em: 07 set. 2015.

BERTRAND, Denis. L’impersonnel de l’énonciation. Praxis énnonciative: conversion, convocation, usage. Protée. Théories et pratiques sémiotiques. Québec: Université du Québec, v. 21, n. 1, p. 25-32, 1993.

BERTRAND, Denis. Caminhos da semiótica literária. Tradução do Grupo CASA. Bauru: EDUSC, 2003. 444 p.

COLAS-BLAISE, Marion. Forme de vie et formes de vie : vers une sémiotique des cultures. Actes Sémiotiques, n° 115, Fev. 2012. Disponível em: <http://epublications.unilim.fr/revues/as/2631>. Acesso em: 04 fev. 2015.

DUARTE, Renata Cristina. Formas de vida e acontecimentos em contos de Rubem Fonseca. Tese (Doutorado em Linguística e Língua Portuguesa) – Departamento de Linguística da Faculdade de Ciência e Letras. Araraquara: Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, 2018. 237 p.

FONTANILLE, Jacques. Les formes de vie. Recherches sémiotiques. Semiotic Inquiry. Montreal, n. 13, p. 5 – 12, 1993.

FONTANILLE, Jacques. Sémiotique et littérature. Paris: Presses Universitaires de France, 1999. 261 p.

FONTANILLE, Jacques. Pratiques sémiotiques. Paris: Presses Universitaires de France, 2008. 303 p.

FONTANILLE, Jacques. Semiótica do discurso. Tradução de Jean Cristtus Portela. São Paulo: Contexto, 2011. 287 p.

FONTANILLE, Jacques. Quando a vida ganha forma. Tradução e notas de Jean Cristtus Portela. Revisão de Matheus Schwartzmann. In: NASCIMENTO, Edna Maria Fernandes dos Santos; ABRIATA, Vera Lucia Rodella (Orgs.). Formas de vida: rotina e acontecimento. Ribeirão Preto: Coruja, 2014. 218 p. p.55-86.

FONTANILLE, Jacques. Formes de vie. Liège: Presses Universitaires de Liège, 2015. 274 p.

FONTANILLE, Jacques. Remédiation et praxis énonciative. Interin, v. 23, n. 1, p. 8-25, 2018. Disponível em < https://interin.utp.br/index.php/i/article/view/607 >. Acesso em: 01 mar. 2018.

FONTANILLE, Jacques; ZILBERBERG, Claude. Tensão e significação. Tradução de Ivã Carlos Lopes, Luiz Tatit e Waldir Beividas. São Paulo: Discurso Editorial/ Humanitas/FFLCH/USP, 2001. 331 p.

GREIMAS, Algirdas Julien. Semântica estrutural: pesquisa de método. Tradução de Haquira Osakabe e Izidoro Blikstein. São Paulo: Cultrix, 1973. 330 p.

GREIMAS, Algirdas Julien. Sobre o sentido: ensaios semióticos. Tradução de Ana Cristina Cruz Cezar et al. Petrópolis: Vozes, 1975. 269 p.

GREIMAS, Algirdas Julien; FONTANILLE, Jacques. O belo gesto. Tradução de Edna Maria Fernandes dos Santos Nascimento. Revisão e notas de Matheus Schwartzmann. In: NASCIMENTO, Edna Maria Fernandes dos Santos; ABRIATA, Vera Lucia Rodella (Orgs.). Formas de vida: rotina e acontecimento. Ribeirão Preto: Coruja, 2014. 218 p. p.13-33.

HJELMSLEV, Louis. Prolegômenos a uma teoria da linguagem. Tradução de J. Teixeira Coelho Netto. 2. ed. São Paulo: Perspectiva, 2013. 147 p.

NASCIMENTO, Edna Maria Fernandes dos Santos. Imaginário cultural e persuasão em textos publicitários. In: CORTINA, Arnaldo; MARCHEZAN, Renata Coelho (Orgs.). Razões e sensibilidades: a semiótica em foco. Araraquara: Laboratório Editorial/FCL/UNESP; São Paulo: Cultura Acadêmica Editora, 2004. 190 p. p.191-202.

NASCIMENTO, Edna Maria Fernandes dos Santos. Prudência e aventura: revista O Cruzeiro e formas de vida da mulher da década de 40. Alfa, São Paulo, v. 53, n. 2, 2009. Disponível em: < https://periodicos.fclar.unesp.br/alfa/article/view/2134 >. Acesso em: 16 jun. 2014.

NASCIMENTO, Edna Maria Fernandes dos Santos. Duas mulheres: duas formas de vida no romance Navio Ancorado de Ondina Ferreira. ALERE, Tangará da Serra, v. 4, n. 1, 2011. Disponível em: <https://periodicos.unemat.br/index.php/alere/article/view/549/480 >. Acesso em: 16 jun. 2014.

NASCIMENTO, Edna Maria Fernandes dos Santos. Paixão, mito e formas de vida em textos publicitários. Signum: estudos da linguagem, Londrina, v. 16, n. 2, 2013. Disponível em: <http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/signum/article/view/15681/14026>. Acesso em: 16 jun. 2014.

NASCIMENTO, Edna Maria Fernandes dos Santos; ABRIATA, Vera Lucia Rodella (Orgs.). Formas de vida: rotina e acontecimento. Ribeirão Preto: Ed. Coruja, 2014. 218 p.

VOGEL, Christina. La praxis énonciative : un statut d’entre-deux ? (à partir de Valéry). Nouveaux Actes Sémiotiques, Limoges: PULIM, n. 41-42, 1995.

ZILBERBERG, Claude. Le jardin comme forme de vie. 1994. Disponível em: < http://claudezilberberg.org/portal/wp-content/uploads/2013/10/Le-Jardin-comme-forme-de-vie-copie.pdf>. Acesso em: 01 jul. 2014.

ZILBERBERG, Claude. Elementos de semiótica tensiva. Tradução de Ivã Carlos Lopes, Luiz Tatit, Waldir Beividas. São Paulo: Ateliê Editorial, 2011. 304 p.

Downloads

Publicado

2020-09-30

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Fidelidade e mudança: a relação entre formas de vida e práxis enunciativa. (2020). Estudos Semióticos, 16(2), 35-55. https://doi.org/10.11606/issn.1980-4016.esse.2020.171320