Semiótica das estruturas sociais

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1980-4016.esse.2020.171906

Palavras-chave:

Formas de vida, Sociologia da semiótica, Semiosferas, Capital cultural e econômico, Estruturas de propagação

Resumo

O prolongado debate sobre o fazer semiótica frente à própria historiografia da disciplina e às demais ciências sociais se vê fragmentado em duas frentes: a primeira é a reorganização da semiótica enquanto profissão e método de análise; a segunda busca desenvolver, a partir da teoria já estabelecida, novos recursos de pesquisa e compreensão dos processos de construção do(s) sentido(s). Parte dessa bifurcação, portanto, a proposta para este artigo, com o entendimento de que há espaço na atual literatura semiótica para uma abordagem sobre as condições gerais anteriores ao ato enunciativo – cujas bases e regulações socioculturais delimitam as estratégias passíveis de reprodução, modificação e potencialização do(s) sentido(s) em sociedade. Em ponte obrigatória com a sociologia, esta proposta de modelo organizacional pressupõe quatro argumentos-chave: a reflexão atualizada de Fontanille (2015) sobre as formas de vida e a estratificação do sentido por reprodução e estabilização, adotada como ponto de partida; a concepção de semiosfera, conforme Lotman (1999); e os procedimentos coletivos de difusão semiótica – as pontes de interlocução entre os grupos sociais –, com base em Granovetter (1973); e de relações de capital, segundo Bourdieu (2015), que alinham as práticas, valores e regimes de crença em desigualdade de poder e propagação.

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Biografia do Autor

  • Lucas Calil, Universidade Federal Fluminense

    Coordenador de Linguística e professor da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (FGV DAPP) e coordenador do DAPP Lab (Laboratório de Métodos Digitais), RJ, Brasil. Mestre e doutor em Linguística pela Universidade Federal Fluminense. 

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2020-09-30

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