Questões de gênero nas Catilinárias

Autores

  • Rafael Sento-Sé Guimarães Falcón Universidade de São Paulo; Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas; Departamento de Linguística

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1980-4016.esse.2009.49224

Palavras-chave:

Catilinárias, Cícero, gênero, enunciação, éthos

Resumo

O objetivo deste artigo é explicar, preliminarmente, a estrutura dos gêneros retóricos na Antiguidade Clássica, a saber: deliberativo, epidíctico e judicial. Essa divisão em três gêneros, encarada pelos teóricos e pelos próprios oradores como descritiva e normativamente útil, será examinada com vistas à aplicação desses conceitos nas Catilinárias, Prima e Secunda. Esses discursos, do orador Marco Túlio Cícero, desafiam a classificação antiga, por misturarem os gêneros. Sendo assim, procuraremos explicá-los, servindo-nos principalmente do instrumental oferecido pela semiótica de linha francesa, mas lembrando igualmente os conceitos formulados por Bakhtin e pela escola francesa de Análise do Discurso, conceitos esses que foram herdados pela semiótica greimasiana. Entendemos que o gênero, definido pela semiótica como “uma classe de discurso, reconhecível graças a critérios de natureza socioletal”, é ele mesmo constituinte do sentido do discurso, por revelar escolhas do enunciador e, ao mesmo tempo, determinar uma postura de recepção do discurso, no que se refere ao enunciatário. Mais ainda, o gênero é determinante na cenografia, ou seja, possui coerções que afetam a maneira do enunciador revelar-se e construir-se, dando-lhe regras específicas com as quais jogar; sendo assim, o estudo dos gêneros parece-nos imprescindível para compreender o éthos de Cícero nas suas duas Catilinárias.

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Publicado

2009-06-07

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Artigos

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