Tensão entre genialidade e loucura no romance Cien años de soledad

Autores

  • Paula Martins de Souza Universidade de São Paulo; Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas; Departamento de Linguística

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1980-4016.esse.2009.49237

Palavras-chave:

semiótica tensiva, García Márquez, Cien años de soledad

Resumo

Pautados nos estudos da Escola de Paris e nas pesquisas desenvolvidas em semiótica tensiva, que têm como principal representante Claude Zilberberg, nossos esforços se concentram em compreender como se estabelece no discurso o sentido de estranhamento que a personagem José Arcadio Buendía suscita no leitor. Para o presente artigo, limitamo-nos ao primeiro capítulo do romance Cien años de soledad, de Gabriel García Márquez, em que são apresentadas como centrais as três seguintes personagens: José Arcadio Buendía, Melquíades e o coronel Aureliano Buendía. O interesse principal de nossa investigação baseia-se na seguinte questão: por que razão o efeito de estranhamento incide sobre José Arcadio Buendía, e não, o que seria mais óbvio, sobre Melquíades, personagem figurativizada com atributos míticos? Nossa hipótese é de que há um processo de semiose peculiar, responsável pela quantidade de estranhamento que recai sobre José Arcadio Buendía: este se torna estranho ao leitor mesmo quando comparado ao mítico Melquíades. Em consequência das tensões que agem sobre os três atores dessa narrativa, procuramos desvelar o mecanismo de estranhamento que envolve o ator José Arcadio Buendía e que se atualiza como uma tensão fundamental entre os papéis temáticos do gênio e do louco. O artifício do qual se vale o enunciador para engendrar a semiose aqui descrita, parecendo operar de modo a fazer ruir o sentido do discurso estereotípico, remete-nos aos pensamentos de Roland Barthes, quando ele infere que “a primeira [das operações] consiste em isolar-se. A língua nova deve surgir de um vácuo material; um espaço anterior deve separá-la das outras línguas, comuns, vazias, ultrapassadas, cujo 'ruído' pudesse perturbá-la: nenhuma interferência de signos [...]” (1971, p. 8).

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Publicado

2009-06-07

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Tensão entre genialidade e loucura no romance Cien años de soledad. (2009). Estudos Semióticos, 5(1), 92-103. https://doi.org/10.11606/issn.1980-4016.esse.2009.49237