Frevo-enredo: de como o samba tende a se tornar marchinha de carnaval

Autores

  • Márcio Luiz Gusmão Coelho Centro Universitário Barão de Mauá

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1980-4016.esse.2009.49230

Palavras-chave:

samba-enredo, canção popular, música popular, samba

Resumo

Este trabalho tem por objetivo analisar as transformações ocorridas no samba-enredo, nas últimas décadas. O impulso inicial para sua realização foram as críticas do conceituado sambista Paulinho da Viola, que frequentemente acusava as escolas de samba de estarem transformando os sambas-enredos em marcha. Utilizamos elementos da semiótica, da física e da estruturação musical para demonstrar que a aceleração do andamento foi a principal responsável pelas transformações rítmico-melódicas e, consequentemente, literárias, forjadas na linguagem cancional que serve de suporte aos desfiles de escolas de samba. Constatamos que a aceleração extensa da obra provoca a aproximação das balizas de sua estrutura rítmica intensa e, ao aproximá-las, promove a mudança de gênero. Essa alteração repercute na estrutura extensa da obra, que termina por se subdividir em refrães e segundas-partes, levando o samba-enredo a se configurar a partir de duas estruturas e meia de marchinha de carnaval, isto é, a partir de três refrães e duas segundas-partes. Desse modo, os meneios horizontais decorrentes da síncopa (micro-estrutura rítmica que caracteriza o samba) deixam de ser pertinentes e cedem seu espaço aos diletantes movimentos verticais passíveis de serem executados por também diletantes passistas. Com isso, os desfiles das escolas de samba são alterados coreograficamente e o samba paulatinamente cede espaço à marchinha de carnaval.

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Publicado

2009-06-07

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Frevo-enredo: de como o samba tende a se tornar marchinha de carnaval. (2009). Estudos Semióticos, 5(1), 35-42. https://doi.org/10.11606/issn.1980-4016.esse.2009.49230