Veridicção nos milagres bíblicos

Autores

  • Dario de Araujo Cardoso Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1980-4016.esse.2014.83510

Palavras-chave:

veridicção, isotopia, espaço fiduciário, milagre

Resumo

Define-se veridicção como o modo do dizer verdadeiro de um discurso. Ele difere do conceito ontológico de verdade por prescindir do referencial extralinguístico. Na semiótica, a veridicção se constitui por meio das
modulações das categorias do ser e do parecer e é estabelecida pelo contrato fiduciário, uma coordenação de mecanismos epistêmicos instalados tanto no enunciador quanto no enunciatário. As narrativas de milagres bíblicos oferecem um interessante espaço para a discussão sobre o mecanismo da veridicção. Ao descreverem algo impossível de realizar, essas narrativas colocam em evidência o processo linguístico pelo qual se processa o sentido. No presente artigo, descreveremos o conceito e o mecanismo de veridicção conforme a semiótica gremasiana. Também será apresentado o estatuto semiótico e o programa narrativo do milagre tendo como referência a proposta do Groupe d’Entrevernes. Por fim, apresentaremos a análise de três milagres registrados em sequência no Evangelho de Lucas e destacaremos duas principais marcas de veridicção: a isotopia narrativa e a constituição do espaço fiduciário. Será demonstrado que a verdade instituída nos textos é intrínseca e não extrínseca e se dá por meio de um processo que pressupõe a interação entre o fazer persuasivo do autor/enunciador e o fazer interpretativo do leitor/enunciatário que transforma o espaço conflitual, estabelecido
por diferentes crenças-mãe, em espaço fiduciário.

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Publicado

2014-08-08

Edição

Seção

Artigos

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