Ressonâncias da escuta psicanalítica com adolescentes em privação de liberdade
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1981-1624.v24i3p497-509Palavras-chave:
Adolescência, Medidas socioeducativas, Identificação, Resistência, PsicanáliseResumo
Este estudo discorre sobre a experiência de intervenção com adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa, cuja escuta impulsiona a produção de novas significações para o acautelamento e o envolvimento com a criminalidade. Ao propor que o adolescente fale livremente, a prática da psicanálise no centro socioeducativo esbarra na lógica da institucionalização do corpo e normatização das condutas dos adolescentes. O estudo apresenta reflexões sobre os efeitos produzidos, em transferência, a partir da escuta dos adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa, e a tensão existente entre o falar livremente na experiência de privação de liberdade, articulando esses aspectos a partir dos conceitos de identificação e resistência. Para isso foram elaboradas reflexões a partir de cinco expressões apresentadas na situação de atendimento psicológico oferecido aos adolescentes em privação de liberdade. Conclui-se sobre a necessidade de construção de escutas nos espaços socioeducativos que ampliem as possibilidades do laço entre o adolescente e a sociedade, expandindo as discussões políticas e jurídicas sobre os efeitos da privação de liberdade, bem como indicando possibilidades para a construção de uma prática psicanalítica atravessada por questões clínico-políticas.
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