O discurso medicalizante e a educação

o sujeito no impasse

Autores

  • Caroline Fanizzi Universidade de São Paulo, Faculdade de Educação
  • Leandro de Lajonquière Université Paris 8 Vincennes Saint Denis

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1981-1624.v25i1p105-122

Palavras-chave:

Ilusão (psico)pedagógica, Discurso medicalizante, Laudos, Psicanálise na educação

Resumo

O presente artigo visa apresentar uma reflexão, a partir do diálogo com aportes da psicanálise na educação, acerca das implicações da presença do discurso medicalizante no espaço escolar. O discurso medicalizante, muitas vezes proferido com fluência por aqueles que se ocupam da educação, traz consigo inúmeras consequências ao laço educativo, bem como aos sujeitos nele envolvidos. Para a análise aqui pretendida, valemo-nos de falas de professoras das redes pública e privada de ensino, acerca dos impactos da presença do discurso medicalizante à prática docente e ao cotidiano escolar. Patologização de comportamentos infantis, epidemia de diagnósticos, construção de padrões de normalidade e anormalidade, crescente uso de psicofármacos, bem como a desautorização e a desimplicação do professor, são alguns dos principais aspectos identificados em nosso estudo.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Caroline Fanizzi, Universidade de São Paulo, Faculdade de Educação

    Doutoranda em Educação na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil. 

  • Leandro de Lajonquière, Université Paris 8 Vincennes Saint Denis

    Professor da Université Paris 8 Vincennes Saint Denis, Saint Denis, France.

Referências

Arendt, H. (2015). A condição humana (12a ed., R. Raposo, trad.). Rio de Janeiro: Forense Universitária. (Trabalho original publicado em 1958).

Asbahr, F. S. F. (2006). A culpa é sua. Psicologia USP, 17 (1), 53-73. doi: 10.1590/S0103-65642006000100005

Azanha, J. M. P. (1987). Uma reflexão sobre a didática. In Educação: alguns escritos. São Paulo: Ed. Nacional, p. 70-77. Recuperado de http://www3.fe.usp.br/secoes/inst/novo/acervo_jmpa/PDF_SWF/157.pdf

Canguilhem, G. (2015). O normal e o patológico (7a ed., M. T. R. C. Barrocas, trad.). Rio de Janeiro: Forense Universitária. (Trabalho original publicado em 1943).

Carvalho, J. S. F. (2016). Por uma pedagogia da dignidade: memórias e reflexões sobre a experiência escolar. São Paulo: Summus.

Carvalho, J. S. F. (2017). Educação, uma herança sem testamento: diálogos com o pensamento de Hannah Arendt. São Paulo: Perspectiva: FAPESP.

Clavreul, J. (1983). A Ordem Médica – Poder e impotência do discurso médico. São Paulo: Brasiliense. (Trabalho original publicado em 1978).

Collares, C. A. L., & Moysés, M. A. A. (1994). A transformação do espaço pedagógico em espaço clínico (A Patologização da Educação). Série Idéias, n. 23, São Paulo, FDE, pp. 25-31. Recuperado de https://midia.atp.usp.br/plc/plc0604/impressos/plc0604_aula01_ativPres_texto3.pdf

Collares, C. A. L., & Moysés, M. A. A. (1997). Respeitar ou submeter: a avaliação da inteligência em crianças de idade escolar. In Conselho Regional de Psicologia de São Paulo, Educação especial em debate. São Paulo: Casa do Psicólogo, pp. 117-133.

Frances, A. (2013, 31 de março). A disease called ‘childhood’. New York Post. Recuperado em 11 set. 2019: https://nypost.com/2013/03/31/a-disease-called-childhood/

Gori, R., & Del Volgo, M.-J. (2005). La Santé totalitaire: essai sur la médicalisation de l’existence. Paris: Denoël.

Guarido, R., & Voltolini, R. (2009). O que não tem remédio, remediado está? Educação em Revista, Belo Horizonte, v. 25, n. 1, p. 239-263. doi: 10.1590/S0102-46982009000100014

Kupfer, M. C. M. (2002). Freud e a educação: o mestre do impossível. São Paulo: Scipione. (Trabalho original publicado em 1989).

Kupfer, M. C. M. (2000). Educação: Especial? In M. C. M. Kupfer (Org.), Coleção Psicanálise da Criança: Coisa de Criança, v.1, n.1. Salvador, BA: Ágalma.

Lajonquière, L. (de). (2009). Infância e Ilusão (psico)pedagógica: escritos de psicanálise e educação (4a ed). Petrópolis, RJ: Vozes. (Trabalho original publicado em 1999).

Lajonquière, L. (de). (2010). Figuras do infantil: a psicanálise na vida cotidiana com as crianças. Petrópolis, RJ: Vozes.

Lajonquière, L. (de). (2013). De Piaget a Freud: para uma clínica do aprender (16a ed.). Petrópolis, RJ: Vozes. (Trabalho original publicado em 1992).

Lajonquière, L. (de). (2019). Quando o sonho cessa e a ilusão psicopedagógica nos invade, a escola entra em crise. Notas comparativas Argentina, Brasil, França. ETD - Educação Temática Digital, 21(2), pp. 297-315. doi: 10.20396/etd.v21i2.8651506

Landman, P. (2015). Tous Hyperactifs? L’incroyable épidémie de troubles de l’attention. Paris: Albin Michel.

Machado, A. M. (2000). Avaliação psicológica na educação: mudanças necessárias. In E. R. Tanamachi, M. Proença & M. L. Rocha (Orgs.), Psicologia e educação: desafios teóricos práticos (pp. 143-167). São Paulo: Casa do Psicólogo.

Masschelein, J., & Simons, M. (2018). Em defesa da escola: uma questão pública (2a ed., C. Antunes, trad.). Belo Horizonte, MG: Autêntica.

Mannoni, M. (1977). Educação Impossível. Rio de Janeiro: Ed. Francisco Alves. (Trabalho original publicado em 1973).

Millot, C. (1987). Freud Antipedagogo (A. Roitman, trad.). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor Ltda.

Moysés, M. A. A., & Collares, C. A. L. (2013). Controle e medicalização da infância. Revista Desidades, n.1, pp. 11-21. Recuperado de https://revistas.ufrj.br/index.php/desidades/article/viewFile/2456/2090

Silveira, T. C. (da). (2016). Da infância inventada à infância medicalizada: considerações psicanalíticas. Tese de doutorado, Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP. doi: 10.11606/T.48.2016.tde-24022016-090219

Skliar, C. (2003). Pedagogia (improvável) da diferença: e se o outro não estivesse lá? (G. Lessa, trad.). Rio de Janeiro: DP&A.

Downloads

Publicado

2020-04-30

Como Citar

O discurso medicalizante e a educação: o sujeito no impasse. (2020). Estilos Da Clinica, 25(1), 105-122. https://doi.org/10.11606/issn.1981-1624.v25i1p105-122