Mulher e Funk: as relações mulheristas na cultura diaspórica do Rio de Janeiro

Autores

  • Mirian Alves Ferreira Universidade Federal do Rio de Janeiro
  • Maria Cristina Giorgi Universidade Estadual do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.11606/extraprensa2022.185041

Palavras-chave:

Mulherismo , Funk carioca, MCs, Cultura, Diáspora

Resumo

Este artigo busca um entendimento da resistência feminina diaspórica negra ao seu apagamento na sociedade a partir do estudo reflexivo da relação das mulheres com o movimento funk carioca e o mulherismo. Também pretende identificar as questões de gênero relacionadas às mulheres funkeiras e às questões do feminismo negro, ou mulherismo, como tem sido chamado o feminismo das mulheres não brancas. Este trabalho foi gerado a partir da minha pesquisa no mestrado em relações étnico-raciais, em que pesquisei a relação do movimento funk com o alunado adolescente da escola pública no Rio de Janeiro. Desta vez, proponho que a partir do estudo deste mesmo movimento cultural se pesquisem as representações do feminino nas letras do funk, pelas MCs, na estética e em fatores que nos possam levar ao entendimento sobre o comportamento político das mulheres funkeiras, entendendo que político, aqui, é todo comportamento social que se preste à contestação.

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Biografia do Autor

  • Mirian Alves Ferreira, Universidade Federal do Rio de Janeiro

    Docente da rede pública de ensino do estado do Rio de Janeiro. Mestre em Relações Étnico Raciais pelo Centro Federal de EducaçãoTecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET/RJ) possui Licenciatura Plena e bacharelado em Filosofia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). È Bacharel em Teologia pelo I.M. Bennett (Sem.Cesar Dacorso Filho e S.T.B.S.B.) e cursa atualmente Ciências Sociais na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

  • Maria Cristina Giorgi, Universidade Estadual do Rio de Janeiro

    Bacharela e licenciada em Letras (Habilitação Português Espanhol) pela UERJ, mestre em Letras (2005) pela mesma instituição e doutora em Letras pela UFF (2012). Professora titular do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca - Cefet/RJ, onde atua desde 2005, é docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Relações Étnico-Raciais e do Programa de Pós-Graduação em Filosofia e Ensino. Tem interesse em investigações sobre formação docente, sobre questões étnico-raciais, com especial foco em mídia e discurso, bem como sobre as relações da branquitude e a racionalidade neoliberal.

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Publicado

2022-12-29

Como Citar

Ferreira, M. A., & Giorgi, M. C. (2022). Mulher e Funk: as relações mulheristas na cultura diaspórica do Rio de Janeiro. Revista Extraprensa, 16(1), 24-38. https://doi.org/10.11606/extraprensa2022.185041