O parto também é voltar para casa

Autores

  • Verônica Aline Matos Santos Universidade de São Paulo. Programa de Mudança Social e Participação Política
  • Márcia Cunha Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas

DOI:

https://doi.org/10.11606/extraprensa2022.194407

Palavras-chave:

Parto, Mulheres negras, Mulheres indígenas, Resistências, Ancestralidade

Resumo

Este artigo propõe discutir sentidos atribuídos ao parto, partindo da história de mulheres negras e indígenas na cidade de São Paulo. O trabalho se baseia em relatos partilhados em atividades militante-pedagógicas e em entrevistas semiestruturadas, tomados conjuntamente em caráter exploratório. Referencia-se teoricamente na produção decolonial e mobiliza em especial as discussões de Lélia Gonzalez, Beatriz Nascimento e Aílton Krenak. Como principais resultados, temos que a experiência de parto, embora singular para cada participante, representou um caminho de volta para si/sua ancestralidade, além de ter se desdobrado no desejo de compartilhar os aprendizados de sua vivência em apoio a outras mulheres e crianças, reconhecimento de outros saberes, algo também localizado nos relatos.

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Biografia do Autor

  • Verônica Aline Matos Santos, Universidade de São Paulo. Programa de Mudança Social e Participação Política

    Mestranda do PROMUSPP (Programa de Mudança Social e Participação Política)
    da USP.

  • Márcia Cunha, Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas

    Doutora em Sociologia, FFLCH-USP, pesquisadora associada do Laboratório Sophiapol, Universidade
    Paris-Nanterre.

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Publicado

2022-05-31

Como Citar

Santos, V. A. M., & Cunha, M. . (2022). O parto também é voltar para casa. Revista Extraprensa, 15(Especial), 721-738. https://doi.org/10.11606/extraprensa2022.194407