Da tensão ao sublime

potencialidades estéticas da canção “Mulher do fim do mundo”, de Elza Soares

Autores

  • Cláudio Rodrigues Coração Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)
  • Francielle de Souza Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

DOI:

https://doi.org/10.11606/extraprensa2019.157563

Palavras-chave:

Mulheres Negras, Música Popular, Elza Soares, Arte, Política

Resumo

Este trabalho busca apreender o espírito da canção “Mulher do fim do mundo” e seu vínculo com a renovação estética das imagens de artistas negras na música popular brasileira. A hipótese é de que a canção interpretada por Elza Soares alimenta – e é alimentada por – um movimento que busca substituir estigmas sociais construídos desde a escravidão por imagens que, de fato, representem a diversidade de identidades que podem ser assumidas por essas mulheres. Essa potência transformadora, anunciada pela canção em análise, aponta três manifestações estéticas que extrapolam o universo da canção popular e ensejam mudanças na maneira como as minorias são encaradas no espaço público brasileiro, a saber, a reivindicação do gesto da altivez, a crítica à potência de morte e a reflexão subjetiva do horror.

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Biografia do Autor

  • Cláudio Rodrigues Coração, Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)

    Professor adjunto do curso de jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP. Doutor em Comunicação: Meios e Processos Audiovisuais pela ECA/USP. Mestre em Comunicação pela UNESP. 

  • Francielle de Souza, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

    Mestranda em Comunicação e Sociabilidade Contemporânea pela Universidade Federal de Minas Gerais - linha Textualidades Midiáticas, com financiamento da Capes. Graduada em Jornalismo pela UFOP. Participa do grupo de pesquisa Tramas Comunicacionais (UFMG). 

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Publicado

2019-08-19

Como Citar

Coração, C. R., & Souza, F. de. (2019). Da tensão ao sublime: potencialidades estéticas da canção “Mulher do fim do mundo”, de Elza Soares. Revista Extraprensa, 12(2), 94-113. https://doi.org/10.11606/extraprensa2019.157563