A filosofia da evolução em "The ecology of freedom": Potencialidades e cautelas no ensino de biologia e educação ambiental

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2178-6224v15i1p21-39

Palavras-chave:

Filosofia da evolução, Murray Bookchin, Anarquismo, Ecologia social, Ensino de biologia

Resumo

A teoria da evolução biológica é uma das bases requisitadas interdisciplinarmente para melhor tratar de temas ambientais emergentes. Este artigo tem por objetivo discutir sobre as leituras filosóficas acerca da evolução biológica expressas em The ecology of freedom (“A ecologia da liberdade”) de autoria de Murray Bookchin publicado em 1982. O livro repercutiu fortemente nos movimentos de militância e também na discussão acadêmica sobre o ambientalismo, e é considerado a base da corrente da ecologia social. Foi desenvolvida uma análise de conteúdo da obra a partir da unidade de registro “evolução”, que permitiu a codificação em categorias e a explicitação de dados e realização de inferências sobre o objeto estudado. A análise mostrou que o autor constrói chaves filosóficas para a compreensão da evolução biológica tecendo considerações sobre o lugar do ser humano nela. As categorias de agrupamento “hierarquia” e “teleologia” permitiram a explicitação de componentes filosóficos com potência para ações educativas, explicitando as denúncias feitas acerca da naturalizada antropomorfização da natureza e dos anúncios de possibilidades de se pautar os temas ambientais a partir da interdependência entre os seres vivos. Os elementos e conexões presentes na obra indicam caminhos para uma melhor inclusão da ecologia social na esfera educacional com uma proposta filosófica acerca da evolução biológica que aproxima aspectos naturais e sociais da ecologia.

Referências

ACCIOLY E SILVA, Doris. Anarquistas: criação cultural, invenção pedagógica. Educação & Sociedade, 32 (114): 87-102, 2011.

ARAÚJO, Leonardo Augusto Luvison. A evolução como tema central e unificador no ensino de biologia: questões históricas e filosóficas. Filosofia e História da Biologia, 14 (2): 229-250, 2019.

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. 5ª edição revista e ampliada Lisboa: Edições 70, 2009.

BECK, Ulrich. Sociedade de Risco: rumo a uma outra modernidade. 2ª edi-ção, 1ª reimpressão. São Paulo: Editora 34, 2013.

BEST, Steven. Murray Bookchin’s theory of social ecology: an ap-praisal of the Ecology of Freedom. Organization & Environment, 11 (03): 334-353, 1998.

BIEHL, Janet. Ecology or catastrophe: the life of Murray Bookchin. Oxford: Oxford University Press, 2015.

BOOKCHIN, Murray. [1982]. The ecology of freedom: the emergence and dissolution of hierarchy. 3ª ed. Oakland: AK Press, 2005.

CARVALHO, Isabel Cristina de Moura. Educação Ambiental: a For-mação do Sujeito Ecológico. 5ª ed. São Paulo: Cortez, 2011.

FERREIRA, Leila da Costa. Sustentabilidade: Uma abordagem histórica da sustentabilidade. Pp: 315-321. in: FERRARO JÚNIOR, Luiz Antonio. (org.). Encontros e Caminhos: formação de educadoras(es) e coletivos educadores. Brasília: MMA, 2005. Disponível em: < https://www.mma.gov.br/estruturas/educamb/_arquivos/encontros.pdf >.

FRANZOLIN, Fernanda; GARCIA, Paulo S; BIZZO, Nelio. Ama-zon conservation and students’ interests for biodiversity: the need to boost science education in Brazil. Science Advances, 6 (35): eabb0110, 2020.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 54ª edição revista e atualizada. São Paulo: Editora Paz e Terra, 2013.

GALLO, Silvio. Anarquismo e educação: os desafios para uma pedagogia libertária hoje. Política & Trabalho, 36: 169-186, 2012.

KORFIATIS, Konstantinos J. Environmental education and the science of ecology: exploration of an uneasy relationship. Envi-ronmental Education Research, 11 (2): 235-248, 2005.

KROPOTKIN, Piotr Alekseievitch. O princípio anarquista e outros ensai-os. Tradução e organização de Plínio A. Coêlho. São Paulo: He-dra, 2007.

LUNE, Howard; BERG, Bruce L. Qualitative research methods for the social sciences. Global Edition, Londres: Pearson Education Limi-ted, 2017.

MANZOCHI, Lúcia Helena. Participação do ensino de ecologia em educação ambiental voltada para a formação da cidadania: a situação das escolas de 2º grau no município de Campinas. 1994. Dissertação (Mes-trado em Ecologia), Universidade Estadual de Campinas. Dis-ponível em: <http://www.repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/315790>.

McCORMICK, John. Rumo ao paraíso: a história do movimento ambienta-lista. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1992.

MEYER, Diogo; EL-HANI, Charbel Niño. Evolução: o sentido da biologia. São Paulo, SP: Editora UNESP, 2005.

MORAN, Emilio. Meio ambiente e ciências sociais: interações homem-ambiente e sustentabilidade. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2011.

MOTOKANE, Marcelo Tadeu. Sequências didáticas investigativas e argumentação no ensino de ecologia. Ensaio –Pesquisa em Educação em Ciências, 17: 115-138, 2015.

MOTOKANE, Marcelo Tadeu; TRIVELATO, Silvia L.F. Reflexões Sobre O Ensino De Ecologia No Ensino Médio. Pp: 1-11. in: MOREIRA, Marco Antônio; OSTERMANN, Fernanda. (org.) Atas do II Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências. Vali-nhos: Associação Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciên-cias (ABRAPEC), 1999. Disponível em: <http://www.abrapecnet.org.br/enpec/ii-enpec/trabalhos/G32.pdf >.

OLIVEIRA, Graciela da Silva; BIZZO, Nelio; RIOS, Helenadja Motta. Ensino-aprendizagem da evolução biológica nas pesqui-sas acadêmicas brasileiras. Pp: 83-112. in: BIZZO, Nelio; PELLEGRINI, Giuseppe. (org.). Os jovens e a ciência. Curitiba: Editora CRV, 2013.

PRIMACK, Richard B. Essentials of Conservation Biology. 5ª ed. Sunderland : Sinauer Associates, Inc. 2006.

RECLUS, Jean Jacques Élisée. A anarquia e os animais. Tradução e diagramação de Ateneu Diego Giménez. Piracicaba: Ateneu Die-go Giménez, 2010.

ROE, Dilys. Biodiversity loss – more than an environmental emer-gency. The Lancet Planetary Health, 3 (7): e287-e289, 2019.

RUDY, Alan P. Ecology and anthropology in the work of Murray Bookchin: problems of theory and evidence. Capitalism Nature Socialism, 9 (2): 57-90, 1998.

SANTOS, Silvana. Evolução biológica: ensino e aprendizagem no coti-diano de sala de aula. São Paulo: Annablume, 2002.

SOLINAS, Marco. From Aristotle’s teleology to Darwin’s genealogy: the stamp of inutility. NY/London: Palgrave Macmillan, 2015.

TAM, Kim-Pong. Anthropomorphism of nature and efficacy in coping with the environmental crisis. Social Cognition, 32 (3): 276-296, 2014.

TAM, Kim-Pong. Are anthropomorphic persuasive appeals effec-tive? The role of the recipient’s motivations. British Journal of Social Psychology, 54 (1): 187-200, 2015.

THOMAS, Keith. O homem e o mundo natural. Companhia das Letras, 1996.

TOKAR, Brian. On Bookchin’s social ecology and its contributions to social movements. Capitalism Nature Socialism, 19 (1): 51-66, 2008.

VEIGA, José Eli da. Sustentabilidade: a legitimação de um novo valor. São Paulo: SENAC São Paulo, 2010.

Downloads

Publicado

2020-11-17

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

A filosofia da evolução em "The ecology of freedom": Potencialidades e cautelas no ensino de biologia e educação ambiental. Filosofia e História da Biologia , [S. l.], v. 15, n. 1, p. 21–39, 2020. DOI: 10.11606/issn.2178-6224v15i1p21-39. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/fhb/article/view/fhb-v15-n1-02.. Acesso em: 19 abr. 2024.