“Onde” não interrogativo no português falado no Libolo (Angola) – cotejos com dados do cabo-verdiano de São Nicolau
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2176-9419.v18i2p391-420Palavras-chave:
“Onde” não interrogativo. Português do Libolo. Caboverdiano de São Nicolau. Highlighter.Resumo
Nosso objetivo é ratificar a análise parcial sugerida por Andrade (2015a) de que, um conjunto de dados que atestam o “onde” não interrogativo no português falado no Libolo/Angola (PLb) não introduz sentenças relativas, mas sim sentenças com categoria sintático-discursiva. A fim de corroborar nossa análise, nós nos apoiamos em alguns estudos sobre o caboverdiano, variedade de São Nicolau (CSN), desenvolvidos dentro do modelo de interface fonológico-sintático. Nossa conclusão é a de que sentenças com “onde” não interrogativo no PLb, e que sempre são seguidos por “é que”, podem estar envolvidas pelo conceito de “highlighter”, um marcador sintático-discursivo. A comparação entre o PLb e o CSN, desenvolvida no trabalho, é feita entre “línguas reestruturadas” (no sentido de Holm, 2004): (i) o PLb, considerada uma língua “parcialmente reestruturada” – ver, entre outros, Figueiredo e Santos (2014); (ii) o CSN, considerada uma língua “completamente reestruturada” – ver, entre outros, Zanoli (2015).Downloads
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