Empreendimento hidrelétrico e famílias ribeirinhas na Amazônia: desterritorialização e resistência à construção da hidrelétrica Belo Monte, na Volta Grande do Xingu

Autores

  • José Antonio Herrera Universidade Federal do Pará. Programa de Pós-Graduação em Geografia. Faculdade de Geografia de Altamira http://orcid.org/0000-0001-8249-5024
  • Nelivaldo Cardoso Santana Universidade Federal do Pará. Faculdade de Letras

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2179-0892.geousp.2016.122657

Palavras-chave:

Amazônia. Grandes projetos. Direitos humanos. Contradiscurso.

Resumo

Neste texto, evidenciam-se dois elementos percebidos no início da pesquisa sobre o impacto do empreendimento de Belo Monte: (a) a necessidade de valorizar a história das famílias que estão sendo desterritorializadas e (b) a resistência dos movimentos sociais à construção da UHE Belo Monte. Para isso, arrolam-se fragmentos de entrevistas que permitem entender o processo vivido pelas famílias da Volta Grande do Xingu e as ações de resistência dos movimentos sociais à implantação do empreendimento. A pesquisa está em curso desde 2012 e conta com o auxílio financeiro do CNPq e da Fapespa, o que permitiu verificar a supressão dos direitos das famílias afetadas e a sobreposição dos empreendedores aos movimentos de resistência, de modo que a obra não atende adequadamente às condicionantes básicas reivindicadas pela sociedade local

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Biografia do Autor

  • José Antonio Herrera, Universidade Federal do Pará. Programa de Pós-Graduação em Geografia. Faculdade de Geografia de Altamira

    Possui graduação em Ciências Agrárias pela Universidade Federal do Pará (2001), mestrado em Agriculturas Amazônicas pela Universidade Federal do Pará (2003) e Doutorado (2012) em Desenvolvimento Econômico, Espaço e Meio Ambiente pelo Instituto de Economia da UNICAMP. Compõe o quadro de docentes da Graduação em Geografia no Campus Universitário de Altamira e está vinculado ao Programa de Pós-graduação em Geografia - PPGEO / IFCH do Campus Universitário da UFPA em Belém. Atualmente é líder do grupo de estudos Desenvolvimento e Dinâmicas Territoriais na Amazônia - GEDTAM e tem atuado nas temáticas: Políticas de Desenvolvimento e Transformações Socioeconômicas na Amazônia e Produção do Espaço Agrário. Atualmente os projetos de pesquisas objetivam compreender a relação campo - cidade na Amazônia; produção agropecuária familiar na Amazônia; e as consequências socioeconômicas e ambientais geradas pelo Empreendimento Hidrelétrico de Belo Monte no Território da Transamazônica e Xingu no Sudoeste Paraense.

  • Nelivaldo Cardoso Santana, Universidade Federal do Pará. Faculdade de Letras

    Mestre em Linguística pela Universidade Federal de Pernambuco (2010); Especialização em Literatura e Cultura na Amazônia (2008); Graduação em Licenciatura Plena em Língua Portuguesa - Letras, pela Universidade Federal do Pará (2003). Atualmente é Professor Efetivo, em regime de Dedicação Exclusiva, na Universidade Federal do Pará - Campus de Altamira; Diretor da Faculdade de Letras; ministra aulas de Fonética e Fonologia do Português, Sintaxe do Português, Sociolinguística e atua como Professor-Formador II em turmas do Parfor ? Plano Nacional de Formação de Docente - nos curso de Letras e Pedagogia. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Língua Portuguesa, atuando principalmente nos seguintes temas: ensino-aprendizagem, formação de professores, sociedade, literatura e cultura na Amazônia.

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Publicado

2016-08-21

Edição

Seção

⟢ do ambiente e da sociedade

Como Citar

HERRERA, José Antonio; SANTANA, Nelivaldo Cardoso. Empreendimento hidrelétrico e famílias ribeirinhas na Amazônia: desterritorialização e resistência à construção da hidrelétrica Belo Monte, na Volta Grande do Xingu. GEOUSP Espaço e Tempo (Online), São Paulo, Brasil, v. 20, n. 2, p. 250–266, 2016. DOI: 10.11606/issn.2179-0892.geousp.2016.122657. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/geousp/article/view/122657.. Acesso em: 16 abr. 2024.