O Curso de Geografia Física de Imannuel Kant e a construção metafísica da superfície da Terra
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2179-0892.geousp.2011.74187Palavras-chave:
Filosofia Kantiana, Geografia Física, Metafísica, Espaço, Razão, NaturezaResumo
O presente artigo argumenta que o curso de geografia física de Immanuel Kant é o produto de uma reflexão filosófica e cosmológica, devido a problemática em se estabelecer a regularidade da natureza que é espacialmente diferenciada e regulada por fundamentos mecânicos e causais. A partir de problemas filosóficos relacionados às teses desenvolvidas na Crítica da Razão Pura, a partir de críticas advindas dos viajantes e naturalista sobre a sua concepção de universalidade do conceito de natureza e sobre a sua concepção de espaço; Kant é obrigado a rever sua posição filosófica, que acontecerá somente a partir de uma profunda revisão dos conceitos de metafísica, matéria, espaço e natureza. O espaço, agora, não mais ideal, passa a ser a categoria estruturante do mundo empírico, onde a geografia é qualificada como a ciência do espaço, a partir de uma reflexão metafísica sobre a natureza e Terra, erguendo assim as bases para uma filosofia da geografia na modernidade.
Downloads
Referências
ABRANTES, Paulo César C. Newton e a Física francesa no século XIX. In: Cadernos de História e Filosofia da Ciência, Campinas, Série 2, v. 1, n. 1, janeiro a junho de 1989, p. 5-31.
ACZEL, Amir D. O caderno secreto de Descartes. Um mistério que envolve filosofia, matemática, história e ciências ocultas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2007.
BASTOS FILHO, Jenner B. & XAVIER, Roberto Moreira. Conflitos entre os Principia de Newton e os Principia de Descartes. In: Cadernos de História e Filosofia da Ciência, Campinas, Série 2, v. 1, n. 1, janeiro a junho de 1989, p. 65-76.
BAUAB, Fabrício Pedroso. A reinvenção da geografia no processo de formação da Modernidade: a contribuição de Bernhard Varenio (1621/22-1650). Francisco Beltrão, 2007 (mimeo.).
BERMAN, Marshall. Tudo o que é sólido desmancha no ar: a aventura da modernidade. São Paulo: Companhia das Letras, 1986.
BOROWSKI, Ludwig Ernst. Relato de la vida y el carácter de Immanuel Kant. Madri: Tecnos, 1993.
BURTT, Edwin Arthur. As bases metafísicas da ciência moderna. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1983.
CASINI, Paolo. Newton e a consciência européia. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista, 1995.
CHAUÍ, Marilena de Souza. Vida e Obra. In: Leibniz. São Paulo: Abril Cultural, 1983 (Coleção Os Pensadores), p. 93-102.
CLAVIER, Paul. Kant. Les idées cosmologiques. Paris: Presses Universitaires de France, 1997.
COHEN, Bernard e WESTFALL, Richard S (orgs.). Newton: textos, antecedentes, comentários. Rio de Janeiro: Contraponto, EDUERJ, 2002.
COHEN-HALIMI, Michèle. Le Géographe de Königsberg. In: KANT, Immanuel. Géographie. Physische Geographie. Paris: Aubier, 1999, p. 9-40.
CROSBY, Alfred W. A mensuração da realidade. A quantificação e a sociedade ocidental 1250-1600. São Paulo: Editora UNESP, 1999.
DE QUINCEY, Thomas. Os últimos dias de Immanuel Kant. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1989.
DESCARTES, René. Carta-prefácio dos Princípios de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
HARVEY, David. Condição pós-moderna. Uma pesquisa sobre as Origens da Mudança Cultural. São Paulo: Edições Loyola, 1996.
HAWKING, Stephen. Os gênios da ciência: sobre os ombros de gigantes. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.
HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich. Introdução à História da Filosofia. São Paulo: Rideel, 2005.
HÖFFE, Otfried. Immanuel Kant. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
GOMES, Paulo César da Costa. Geografia e Modernidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2000.
KANT, Immanuel. Principios metafísicos de la ciencia de la naturaleza. Madrid: Alianza Editorial, 1989.
KANT, Immanuel. Crítica da Faculdade do Juízo. Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1998.
KANT, Immanuel. Crítica da Razão Pura. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1999a.
KANT, Immanuel. Géographie. Phy si s che Geographie. Paris: Aubier, 1999b.
KANT, Immanuel. Forma e princípios do mundo sensível e do mundo inteligível (1770). In: KANT, I. Escritos pré-críticos. São Paulo: Editora UNESP, 2005, p. 219-282.
KOYRÉ, Alexandre. Do mundo fechado ao universo infinito. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2001.
KOYRÉ, Alexandre. O significado da síntese newtoniana. In: COHEN, Bernard e WESTFALL, Richard S (orgs.). Newton: textos, antecedentes, comentários. Rio de Janeiro: Contraponto, EDUERJ, 2002, p. 84-100.
KUBRIN, David. Newton e o cosmo cíclico: a Divina Providência e a filosofia mecânica. In: COHEN, Bernard e WESTFALL, Richard S (orgs.). Newton: textos, antecedentes, comentários. Rio de Janeiro: Contraponto, EDUERJ, 2002, p. 341-359.
LEBRUN, Gerard. Kant e o fim da metafísica. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
LEIBNIZ, Gottfried Wilhelm. Os princípios da filosofia ditos a monadologia. In: Leibniz. São Paulo: Abril Cultural, 1983 (Coleção Os Pensadores), p. 103-115.
MANSION, Suzanne. A primeira doutrina da substância. A substância segundo Aristóteles. In: ZINGANO, Marco (org.). Sobre a metafísica de Aristóteles: textos selecionados. São Paulo: Odysseus Editora, 2005, p. 73-92.
MARICONDA, Pablo Rubén. Introdução. O Diálogo e a condenação In: GALILEU, Galilei. Diálogo sobre os dois máximos sistemas do mundo ptolomaico e copernicano. São Paulo: Discurso Editorial, 2000, p. 15-70.
MARQUES, Antonio. A Terceira Crítica como culminação da filosofia transcendental kantiana. In: KANT, Immanuel. Crítica da Faculdade do Juízo. Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1998.
MERLAN, Philip. Os motores imóveis de Aristóteles. In: ZINGANO, Marco (org.). Sobre a metafísica de Aristóteles: textos selecionados. São Paulo: Odysseus Editora, 2005, p. 27-71.
MOREAU, Denis. Introdução. In: DESCARTES, René. Carta-prefácio dos Princípios de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2003, p. XI-XLVIII.
NEWTON, Isaac. Princípios matemáticos da filosofia natural. In: Newton. São Paulo: Abril Cultural, 1983 (Coleção Os Pensadores), p. 1-22.
NEWTON, Isaac. Óptica. In: COHEN, Bernard e WESTFALL, Richard S (orgs.). Newton: textos, antecedentes, comentários. Rio de Janeiro: Contraponto, EDUERJ, 2002, p. 61-81.
ROSS, G. MacDonald. Leibniz. São Paulo: Edições Loyola, 2001.
ROSSI, Paolo. O nascimento da ciência moderna na Europa. Bauru/SP: EDUSC, 2001.
ROSSI, Paolo. A ciência e a filosofia dos modernos: aspectos da Revolução Científica. São Paulo: Editora UNESP, 2002.
SANTIAGO, Homero. Introdução. In: DESCARTES, René. Meditações metafísicas. São Paulo: Martins Fontes, 2005, p. IX-XXXIV.
SCHILLER, Friedrich. “A Educação Estética do Homem. Numa série de cartas”. São Paulo: Iluminuras, 1989.
SCHWARTZ, Gilson. Newton e a Economia Política. In: Cadernos de História e Filosofia da Ciência, Campinas, Série 2, v. 1, n. 1, janeiro a junho de 1989, p. 53-63.
VERDET, Jean-Pierre. Uma história da astronomia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1991.
VITTE, Antonio C. Influências da Filosofia Kantiana na Gênese da Geografia Física, Fortaleza: Revista Mercator, vol 7, n. 14, 2008, p.57-66.
VITTE, Antonio C. et. all. Considerações sobre os fundamentos artísticos e filosóficos que influenciaram a ciência humboldtiana. Curitiba: VIII Encontro Nacional da ANPEGE, CD-ROM, 2009, p. 1-14.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2011 Antonio Carlos Vitte, Alexandre Domingues Ribas
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho com licença de uso da atribuição CC-BY, que permite distribuir, remixar, adaptar e criar com base no seu trabalho desde que se confira o devido crédito autoral, da maneira especificada por CS.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho on-line (ex.: em repositórios institucionais ou em sua página pessoal) a qualquer altura antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).