As retomadas (tekoharã) no Mato Grosso do Sul e o enfrentamento à lógica de financeirização do território
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2179-0892.geousp.2022.173989Palavras-chave:
Financeirização do território, resistências indígenas, retomada (tekoharã), propriedade privada da terra, Kaiowá e GuaraniResumo
O trabalho centra sua análise na propriedade privada, nas dinâmicas agrícola e de financeirização da terra em Mato Grosso do Sul, partindo da premissa de que o Estado tem sido o principal agente legitimador do processo de apropriação das terras dos povos originários concorrendo com as formas de luta na recuperação de seus territórios tradicionais. O trabalho inicia-se com uma breve contextualização etnohistórico-geográfica dos Kaiowá e Guarani frente ao processo de constituição da propriedade privada da terra, no processo de incorporação e consolidação dessa fração do espaço ao Estado Nacional e como se estabelecem as determinações territoriais, compreendendo as determinações como estado e movimento das práticas socioespaciais dos sujeitos na consolidação da hegemonia e dos projetos resistências. Conclui-se que em oposição a forma valor, centralidade das determinações territoriais do agronegócio, engendra-se as retomadas (tekoharã) que representam o enfrentamento, a resistência, dos povos originários ao projeto genocida do Estado-capital.
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