Aquisição e Produção do Conhecimento em Geomorfologia: a investigação geomorfológica e seus conceitos fundantes

Autores

  • Pedro Henrique Corrêa de Araújo Barros Universidade Federal de Minas Gerais. Instituto Geociências
  • Roberto Célio Valadão Universidade Federal de Minas Gerais. Instituto de Geociências

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2179-0892.geousp.2018.123896

Palavras-chave:

Tríade Geomorfológica, Ciência geomorfológica, Conceitos fundantes, Teorias geomorfológicas, Epistemologia

Resumo

O trabalho mostra a Geomorfologia como uma ciência que se estrutura fundamentalmente a partir de dados fornecidos pela observação, findando na construção de leis e teorias de maior escopo, à medida que os fatos se tornam mais refinados devido a aperfeiçoamentos das capacidades de observação e experimentação. Mesmo a natureza da observação sendo ativa e seletiva, já que há “expectativas inatas” que se desdobram em critérios de seleção, culminando, por vezes, em percepções e representações distintas duma mesma realidade, é possível traçar as linhas mestras que balizam e norteiam a estruturação do conhecimento geomorfológico. O objetivo do trabalho é, portanto, sublinhar que a produção do conhecimento geomorfológico esteve invariável e historicamente, em menor ou maior medida, atrelada a específicos conceitos fundantes, sistematizados no que se tem, por ora, denominado Tríade Geomorfológica.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Pedro Henrique Corrêa de Araújo Barros, Universidade Federal de Minas Gerais. Instituto Geociências

    Doutorando em Geografia - Análise Ambiental. Subárea: Geomorfologia. Departamente de Geografia.

  • Roberto Célio Valadão, Universidade Federal de Minas Gerais. Instituto de Geociências

    Professor Doutor Departamento Geografia - Instituto Geociências - Universidade Federal de Minas Gerais.

Referências

AB’SABER, A. N. Um conceito de geomorfologia a serviço das pesquisas sobre o Quaternário. Geomorfologia, São Paulo, v. 18, p. 1-23, 1969.

ABREU, A. A. A teoria geomorfológica e sua edificação: análise crítica. Revista Brasileira de Geomorfologia, São Paulo, v. 4, n. 2, p. 51-67, 2003.

ABREU, A. A. Análise geomorfológica: reflexão e aplicação uma contribuição ao conhecimento das formas de relevo no Planalto de Diamantina. Tese (Livre-Docência em Geografia) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1982.

BARROS, P. H. C. A.; VALADÃO, R. C. Cronologia na corologia: a construção de uma perspectiva temporal. Revista da Universidade Federal de Minas Gerais, v. 23, n. 1-2, p. 196-221, 2016.

BIROT, P. Les méthodes de la morphologie. Paris: Presses Universitaires de France, 1955.

BRYAN, K. Physiography. Geological Society of America, 50th Anniversary Volume, p. 3-15, 1941.

BÜDEL, J. Climatic geomorphology. Princeton: Princeton University Press, 1982.

CAILLEUX, A.; TRICART, J. Le problème de la classification des faits géomorphologiques. Annales de Géographie, v. 65, n. 349, p. 162-186, 1956.

CAMPY, M.; MACAIRE, J. J. Géologie des formations superficielles: géodynamique, faciès, utilisation. Paris: Marron, 1989.

CHALMERS, A. O que é a ciência afinal? São Paulo: Brasiliense, 1993.

CHAMBERLIN, T. C. Studies for students: the method of multiple working hypotheses. The Journal of Geology, v. 5, n. 8, p. 837-848, 1987.

CHORLEY, R. J. Bases for theory in Geomorphology. In: EMBLETON, C.; BRUNSDEN, D.; JONES, D. K. C. Geomorphology: present problems and future prospects. Oxford: Oxford University Press, 1978.

CHORLEY, R. J. Geomorphology and general system theory. US Geological Survey Professional Paper 500 B, p. 1-10, 1962.

CHORLEY, R. J; BECKINSALE, R. P.; DUNN, A. J. The history of the study of landforms. London: Methuen, 1973. v. II: The life and work of William Morris Davis.

CHRISTOFOLETTI, A. Geomorfologia. 2a. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 1980.

COLTRINARI, L. Geomorfologia: caminhos e perspectivas. Revista Brasileira de Geomorfologia, v. 1, n. 1, p. 44-47, 2000.

COTTON, C. A. Alternating Pleistocene morphogenetic systems. Geology Magazine, p. 95, p. 125-136, 1958.

CRICKMAY, C. H. A preliminary inquiry into the formulation and applicability of the geological principle of uniformity. Calgary, CA: Evelyn de MilIe, 1959.

DAVIS, W. M. The geographical cycle. Geographical Journal of the Royal Geographical Society, v. 14, p. 481-504, 1899.

DOTT, R. H. JR. 1982 SEPM Presidential Address: Episodic Sedimentation--How Normal Is Average? How Rare Is Rare? Does It Matter? Journal of Sedimentary Research, v. 53, n. 1, p. 5-23, 1983.

GILBERT, G. K. Land sculpture in the Henry Mountains. In: US Geography and Geology Survey of the Rocky Mountain Region. Washington, DC: General Printing Office, 1887.

GREGORY, K. J. A natureza física. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1992.

HACK, J. T. Interpretation of erosional topography in humid/temperate regions. American Journal of Science (Bradley volume), v. 258-A, p. 80-97, 1960.

HAMELIN, L. E. Géomorphologie: Géographie globale-géographie totale. Cahiers de Géographie de Québec, v. 8, n. 16, p. 199-218, 1964.

HARRISON, S. On reductionism and emergence in geomorphology. Transactions of the Institute of British Geographers, v. 26, n. 3, p. 327-339, 2001.

HETTNER, A. Die Geographie: Ihre Geschichte, ihr Wesen und ihre Methoden. Breslau, PL: Ferdnand Hirt, 1927.

HETTNER, A. Die Oberflaechenformen des Festlandes. Leipzig, DE: B. G. Teubner, 1921.

HORTON, R. E. Erosional development of streams and their drainage basins: hydrophysical approach to quantitative morphology. Bulletin Geological Society of America, v. 56, p. 275-370, 1945.

HUME, D. Investigação acerca do entendimento humano. São Paulo: Nova Cultural, 1989. (Coleção Os Pensadores.)

JOLIVET, R. Tratado de filosofia. Rio de Janeiro: Agir, 1969.

KANT, I. Crítica da razão pura. São Paulo: Abril Cultural, 1980. (Coleção Os Pensadores.)

KING, L. C. The morphology of the Earth: A study and synthesis of world scenery. Edinburgh/London: Oliver & Boyd, 1967.

KING, L. C. A geomorfologia do Brasil oriental. Revista Brasileira de Geografia, v. 18, n. 2, p. 147-265, 1956.

KING, L. C. Canons of landscape evolution. Bulletin of the Geology Society of America, Washington DC, v. 64, n. 7, p. 721-732, 1953.

KLEIN, C. La notion de rythme en morphologie. Norois, v. 7, p. 373-387, 1960.

KLIMASZEWSKI, M. Problems of geomorphological mapping. Varsóvia: Academia Polonesa de Ciências, 1963. (Estudo Geográfico, 46.)

KOHLER, H. C. A escala na análise geomorfológica. Revista Brasileira de Geomorfologia, v. 2, n. 1, p. 21-23, 2001.

KÜGLER, H. Zur Aufgaben der geomorphologischen Forschung und Kartierung in der DDR.

Petermanns Geographische Mitteilungen, v. 120, n. 2, p. 154-160, 1976.

KUHN, T. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 1978.

LAKATOS, I. O falseamento e a metodologia dos programas de pesquisa científica. In: LAKATOS, I.; MUSGRAVE, A. A crítica e o desenvolvimento do conhecimento. São Paulo: Cultrix/Edusp, 1979. p. 109-243.

LEFEBVRE, H. Lógica formal, lógica dialética. 5a. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1991.

MARTONNE, E. Tratado de geografía física. Barcelona: Juventud, 1964.

MENEGAT, R.; FERNANDES, L. A. D. O método da investigação científica na geologia: uma abordagem através do exemplo heurístico da caixa-preta. Revista Brasileira de Geociências, v. 24, n. 3, p. 177-188, 1994.

MORAES, A. C. R. A gênese da geografia moderna. São Paulo: Hucitec/Edusp, 1989.

MORISAWA, M. Tectonics and geomorphic models. In: MELHORN, W. N.; FLEMAL, R. C. Theories of landform development. London: George Allen & Unwin, 1975. p. 199-216.

MOSS, R. P. Deductive strategies in geographical generalization. Progress in Physical Geography, v. 1, n. 1, p. 23-39, 1977.

PARTOUNE, C. La dynamique du concept de paysage. Revue Éducation Formation, n. 275, sept. 2004. Disponível em: http://www.lmg.ulg.ac.be/articles/paysage/paysage_concept.html. Acesso em: ago. 2012.

PAULET, J.-P. Les représentations mentales en géographie. Paris: Anthropos, 2002. (Collection Géographie.)

PENK, W. Morphological analysis of landforms: a contribution to physical geology. London: MacMillan, 1953. Disponível em: http://geomorphology.sese.asu.edu/Papers/Penck.pdf. Acesso em: 21 out. 2017.

PHILLIPS, J. D. The role of spatial scale in geomorphic systems. Geographical Analysis, v. 20, p. 308-317, 1988.

PHILLIPS, J. Sediment storage, sediment yield and timescales in landscape denudation. Geographical Analysis, v. 18, p. 161-167, 1986.

POPPER, K. R. Conjecturas e refutações. 2a. ed. Brasília: Universidade de Brasília, 1982. (Coleção Pensamento Científico, 1.)

POPPER, K. R. A lógica da pesquisa científica. São Paulo: Cultrix, 1975.

REYNAUD, A. Épistémologie de la géomorphologie. Paris: Masson, 1971.

RHOADS, B. L.; THORN, C. E. Observation in geomorphology. In: The Scientific Nature of Geomorphology: Proceedings of the 27th Binghamton Symposium in Geomorphology held 27-29 September 1996. Hoboken, NJ: John Wiley & Sons, 1996.

p. 21-56.

RHOADS, B. L. Geomorphology as science: the role of theory. Geomorphology, v. 6, n. 4, p. 287-307, 1993.

RITTER, D. F. Process Geomorphology. Dubuque, IA: W.C. Brown, 1986.

ROQUE ASCENÇÃO, V. O. Os conhecimentos docentes e a abordagem do relevo e suas dinâmicas nos anos finais do Ensino Fundamental. Tese (Doutorado em Geografia) – Instituto de Geociências, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2009.

SAADI, A. Modelos morfogenéticos e tectônica global: reflexões conciliatórias. Geonomos, v. 6, n. 2, p. 55-63, 1998.

SCHUMM, S. A.; LICHTY, R. W. Time, space, and causality in geomorphology. American Journal of Science, v. 263, p. 110-119, 1965.

SELBY, M. J. Earth’s changing surface: an introduction to geomorphology. Oxford/New York: Clarendon/Oxford University Press, 1985.

SOUZA, C. J. O. Geomorfologia no Ensino Superior: difícil, mas interessante! Por quê? Uma discussão a partir dos conhecimentos e das dificuldades entre graduandos de geografia. Tese (Doutorado em Geografia) – Instituto de Geociências, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2009.

STRAHLER, A. N. Statistical analysis in geomorphic research. Journal of Geology, Chicago, v. 62, n. 1, p. 1-21, 1954.

STRAHLER, A. N. Dynamic basis of geomorphology. Bulletin Geological Society of America, v. 63, n. 9, p. 923-938, 1952.

STRAHLER, A. N. Equilibrium theory of erosional slopes approached by frequency distribution analysis – Part I. American Journal of Science, v. 248, p. 673-696, 1950a.

STRAHLER, A. N. Equilibrium theory of erosional slopes approached by frequency distribution analysis – Part II. American Journal of Science, v. 248, p. 800-814, 1950b.

STUART MILL, J. Sistema de lógica dedutiva e indutiva. Trad. João Marcos Coelho. São Paulo: Nova Cultural, 1989.

TRICART, J. L. F. Geomorphology for the future: geomorphology for development and development for geomorphology. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON GEOMORPHOLOGY, 1, 1985, Chichester, UK. Anais… Chichester, UK: University of Manchester, 1986.

TRICART, J. Principes et méthodes de la géomorphologie. Paris: Masson, 1965.

VITTE, A. C. Da ciência da morfologia à geomorfologia geográfica: uma contribuição à história do pensamento geográfico. Mercator, v. 7, p. 113-120, 2008.

WILHELMY, H. Klimageomorphologie in Stichworten. Kiel, DE: Ferdinand Hirt, 1974.

WOLMAN, M. G.; MILLER, J. P. Magnitude and frequency of forces in geomorphic processes. The Journal of Geology, v. 68, n. 1, p. 54-74, 1960.

WOOLDRIDGE, S. W. The trend of geomorphology. Transactions and Paper, Institute of British Geographers, v. 25, p. 29-35, 1958.

Downloads

Publicado

2018-06-19

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

BARROS, Pedro Henrique Corrêa de Araújo; VALADÃO, Roberto Célio. Aquisição e Produção do Conhecimento em Geomorfologia: a investigação geomorfológica e seus conceitos fundantes. GEOUSP Espaço e Tempo (Online), São Paulo, Brasil, v. 22, n. 2, p. 416–436, 2018. DOI: 10.11606/issn.2179-0892.geousp.2018.123896. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/geousp/article/view/123896.. Acesso em: 16 abr. 2024.