Ouro para fora, lixo para dentro: as inserções de Gana na divisão internacional do trabalho contemporânea e a recommodização da economia

Autores

  • Kauê Lopes dos Santos Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2179-0892.geousp.2018.137274

Palavras-chave:

Ouro, lixo-eletrônico, Gana, Divisão Internacional do Trabalho, Recommodização

Resumo

O território ganense possui uma rica variedade de recursos minerais – como ouro, manganês, bauxita e diamantes – que tem sido explorada por grandes corporações estrangeiras desde o final do século XX, quando o país executou reformas neoliberais. A exportação de minerais é uma componente chave na inserção do país no mercado internacional, trazendo substanciais recursos externos para o Estado. Ao mesmo tempo, devido a falta de industrialização de sua economia, Gana tornou-se altamente dependente da importação de bens manufaturados de segunda mão, como bens eletroeletrônicos (mas também automóveis e roupas), importados principalmente da Europa e da América do Norte. Aproximadamente 60% desses bens não podem ser reutilizados em suas funções originais, tornando-se lixo (lixo eletrônico) que se acumula no bairro de Agbogbloshie em Accra. Assim, esse artigo busca analisar o papel de Gana na Divisão Internacional do Trabalho contemporânea. 

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Kauê Lopes dos Santos, Universidade de São Paulo

    Doutor em Geografia Humana pela FFLCH-USP, com período como pesquisador visitante na University of California, Berkeley. Mestre em Habitat pela FAU-USP. Bacharel em Geografia pela FFLCH-USP e licenciado em Geografia pela FE-USP. Pesquisa nas áreas de Geografia economica e urbana, com foco nos territórios do Sul Global (em especial na África e na América Latina). 

Referências

AMANKWAA, E. Livelihoods in risk: exploring health and environmental implications of e-waste recycling as a livelihood strategy in Ghana. The Journal of Modern African Studies, v. 51, n. 4, p. 551-575, 2013.

ANIN, T. E. Gold in Ghana. Accra/London: Selwyin, 1989.

BAIR, J. Frontiers of Commodity Chains Research. Palo Alto: Stanford University Press, 2009.

BALDÉ, C. P.; WANG, F.; KUEHR, R.; HUISMAN, J. The global e-waste monitor 2014: quantity, flows and resources. Bonn: United Nations University/IAS-SCYCLE, 2015.

BASEL CONVENTION SECRETARIAT. Where are WEee in Africa? Findings From the Basel Convention e-waste Africa Programme, 2011. Disponível em: http://www.basel.int/Portals/4/Basel%20Convention/docs/pub/WhereAreWeeInAfrica_ExecSummary_en.pdf. Acesso em: 27 ago. 2015.

BOAHEN, A. Ghana: evolution and change in the nineteenth and twentieth centuries. London: Longman, 1975.

BURRELL, J. Invisible users: youth in the internet cafés of urban Ghana. Cambridge: MIT Press, 2012.

CHALFIN, B. Neoliberal frontiers: an ethnography of sovereignty in West Africa. Chicago: University of Chicago Press, 2010.

DAVIDSON, B. A history of West Africa: 1000-1800. London: Longman, 1985.

GEERTZ, C. Peddlers and princes. Chicago: University of Chicago Press, 1963.

GEREFFI, G.; KORZENIEWICZ, M. Commodity chains and Global Capitalism. Westport: Praeger, 1994.

GHANA STATISTICAL SERVICE. 2015. Disponível em: http://www.statsghana.gov.gh. Acesso em: 10 jan. 2015.

GRANT, R. The “Urban Mine” in Accra, Ghana. In: MAUCH, C. (Ed.). Out of Sight, Out of Mind: The Politics and Culture of Waste. RCC Perspectives – Transformations in Environment and Society, n. 1, p. 21-29, 2016.

GRANT, R.; OTENG-ABABIO, M. Mapping the invisible and real “African” Economy: Urban E-waste Circuitry. Urban Geography, v. 33, n. 1, p. 1-21, 2012.

GRAVITA GHANA LIMITED. Disponível em: http://www.gravitaghana.com. Acesso em: 12 fev. 2016.

HOPKINS, T.; WALLERSTEIN, I. Commodity Chains in the World-Economy Prior to 1800. Review – Fernand Braudel Center, v. 10, n. 1, p. 157-170, 1986.

HUANG, J.; NKRUMAH, P. N.; ANIM, D. O.; MENSAH, E. E-waste disposal effects on the aquatic environment: Accra, Ghana. Reviews of Environmental Contamination and Toxicology, v. 229, p. 19-34, 2014.

HUTCHFUL, E. Ghana’s adjustment experience: the paradox of reform. Oxford: James Currey, 2002.

LABBAN, M. Deterritorializing Extraction: Bioaccumulation and the Planetary Mine. Annals of the Association of American Geographers, v. 104, n. 3, p. 560-576, 2014.

LEPAWSKY, J.; MATHER, C. From beginnings and endings to boundaries and edges: rethinking circulation and exchange through electronic waste. Royal Geography Society, v. 43, n. 3, p. 242-249, 2011.

MAMIGONIAN, A. A geografia e a formação social como teoria e como método. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL O MUNDO DO CIDADÃO, UM CIDADÃO DO MUNDO, set. 1996, São Paulo: USP.

MOORE, S. Global Garbage: Waste, Trash Trading, and Local Garbage Politics. In: PEET, R.; ROBBINS, P.; WATTS, M. (Ed.). Global Political Ecology. London: Routledge, 2011. p. 133-144.

OBSERVATORY OF ECONOMIC COMPLEXITY. Disponível em: http://atlas.media.mit.edu/en/. Acesso em: 26 abr. 2017.

OTENG-ABABIO, M. When Necessity Begets Ingenuity: E-Waste Scavenging as a Livelihood Strategy in Accra, Ghana. African Studies Quarterly, v. 13, n. 1-2, p. 1-21, 2012.

OTENG-ABABIO, M.; AMANKWAA, E. F.; CHAMA, M. A. The Local Contours of Scavenging for E-waste and Higher-Value Constituent Parts in Accra, Ghana. Habitat International, v. 43, p. 163-171, 2014.

PICKREN, G. Political ecologies of electronic waste: uncertainty and legitimacy in the governance of e-waste geographies. Environment and Planning A, v. 46, p. 26-45, 2014.

RIMMER, D. Staying poor: Ghana’s political economy, 1950-1990. Oxford: Pergamon, 1992.

ROTHCHILD, D. Ghana: the political economy of recovery. Boulder: Lynne Rienner Publisher Inc., 1991.

SANTOS, K. L. Pontas em circuito: as inserções de Gana na divisão internacional do trabalho contemporânea. Tese (Doutorado em Geografia Humana) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2017.

SANTOS, M. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2000.

SANTOS, M. Sociedade e espaço: a formação social como teoria e como método. Boletim Paulista de Geografia, São Paulo: AGB, n. 54, p. 35-59, 1977.

SCHLUTER, T. Geological Atlas of Africa. Nairobi: Unesco, 2006.

UNITED NATIONS ENVIRONMENT PROGRAMME. Waste Crime – Waste Risks Gaps in Meeting the Global Waste Challenge: a Rapid Response Assessment. 2015. Disponível em: http://www.unep.org/publications/. Acesso em: 25 ago. 2015.

UNITED NATIONS ENVIRONMENT PROGRAMME. Recycling from e-waste to resources. 2009. Disponível em: http://www.unep.org/pdf/Recycling_From_e-waste_to_resources.pdf/. Acesso em: 25 ago. 2015.

Downloads

Publicado

2018-12-12

Como Citar

SANTOS, Kauê Lopes dos. Ouro para fora, lixo para dentro: as inserções de Gana na divisão internacional do trabalho contemporânea e a recommodização da economia. GEOUSP Espaço e Tempo (Online), São Paulo, Brasil, v. 22, n. 3, p. 607–622, 2018. DOI: 10.11606/issn.2179-0892.geousp.2018.137274. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/geousp/article/view/137274.. Acesso em: 19 abr. 2024.