Uma proposta metodológica de mapeamento de áreas suscetíveis à inundação e/ou alagamento, na bacia hidrográfica do córrego Indaiá-MS

Autores

  • José Roberto Mantovani Universidade Federal de Goiás. Instituto de Estudos Socioambientais
  • Vitor Matheus Bacani Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2179-0892.geousp.2018.146752

Palavras-chave:

Suscetibilidade, Escoamento superficial, Inundação, Alagamento

Resumo

Neste trabalho propõe-se um modelo matemático para efetuar o mapeamento de áreas suscetíveis à inundação e/ou alagamento, fundamentado no método AHP (Analytic Hierarchy Process). A bacia hidrográfica do córrego Indaiá foi determinada como área experimental de análise, tendo em vista a sua ocupação que vem se processando nos últimos anos. Esta bacia está localizada no perímetro rural do município de Aquidauana, estado do Mato Grosso do Sul. Não há de fato, registros sobre ocorrência de inundações e/ou alagamentos nesta área; por outro lado, embora sejam fenômenos ocasionados por eventos naturais, de origem hidrometeorológica, eles podem ser potencializados e/ou deflagrados pela ação antrópica, o que justifica a busca pela minimização de suas consequências no meio ambiente, sobretudo, da regularização da ocupação dessa bacia sob análise. Visando o reconhecimento dos condicionantes e fatores que potencialmente exercem influência na formação e propagação desses eventos, foi utilizada uma metodologia de pesquisa geográfica, com base na análise integrada do ambiente sob a perspectiva sistêmica proporcionada pela escolha da bacia hidrográfica como unidade de análise, englobando técnica de análise multicritérios que considera fatores naturais e socioeconômicos que proporcionam a modelagem da realidade local de modo dinâmico. Os resultados mostraram que a bacia não apresenta elevada suscetibilidade, uma vez que as áreas com maior susceptibilidade representaram aproximadamente 23% da área total, relacionadas com as baixas declividades (fora da planície fluvial), solos mal drenados associados ao uso da terra com ausência de práticas conservacionistas. As áreas intermediárias (média suscetibilidade) representaram aproximadamente 42% da área total e as de menor suscetibilidade cerca de 37%. As áreas que apresentaram maiores suscetibilidades, em específico à inundação, estão relacionadas sobretudo com a planície fluvial, já as áreas com maiores tendências aos alagamentos estão relacionadas com a baixa declividade, somadas com as alterações antrópicas.

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Biografia do Autor

  • José Roberto Mantovani, Universidade Federal de Goiás. Instituto de Estudos Socioambientais

    Graduação em Geografia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2012) - Bacharelado e Licenciatura. Tem experiência na área de Geotecnologias, com ênfase em Geografia Física. Mestre em Geografia pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), atualmente faz parte do programa de pós-graduação em Geografia, nível de Doutorado, na Universidade Federal de Goiás (UFG), no Instituto de Estudos Socioambientais (IESA). Possui experiência em projetos envolvendo Sensoriamento Remoto, Geoprocessamento e Sistema de informação Geográfica (SIG), tendo como enfoques atuais baseados na área de análise ambiental e tratamento da informação geográfica.

  • Vitor Matheus Bacani, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

    É Professor Adjunto da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus de Três Lagoas. Possui Licenciatura Plena e Bacharelado em Geografia pela UFMS/CPTL (2005), mestrado em Geografia pela UFMS/CPAQ (2007) e doutorado em Geografia Física (2010) pela Universidade de São Paulo (FFLCH/USP). Desenvolveu seu estágio de Pós-Doutorado (2014-215) no Laboratório LETG-Rennes-COSTEL da Université de Rennes 2, França, onde atualmente é pesquisador membro associado. É Docente Permanente nos Programas de Mestrado em Geografia da UFMS dos Campi de Aquidauana e Três Lagoas, e no Mestrado em Recursos Naturais da FAENG/UFMS em Campo Grande. É coordenador do Programa de Pós-Graduação em Geografia do Campus de Três Lagoas. Tem atuado como Consultor ad hoc para várias revistas científicas. Tem experiência nas áreas de Sensoriamento Remoto, Sistemas de Informação Geográfica, Modelagem de Sistemas Ambientais, Bacias Hidrográficas, Pedologia, Zoneamento Ambiental, Ordenamento Territorial e Pantanal.

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Publicado

2018-12-12

Como Citar

MANTOVANI, José Roberto; BACANI, Vitor Matheus. Uma proposta metodológica de mapeamento de áreas suscetíveis à inundação e/ou alagamento, na bacia hidrográfica do córrego Indaiá-MS. GEOUSP Espaço e Tempo (Online), São Paulo, Brasil, v. 22, n. 3, p. 687–706, 2018. DOI: 10.11606/issn.2179-0892.geousp.2018.146752. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/geousp/article/view/146752.. Acesso em: 19 abr. 2024.