As contribuições de Davidovich e Bahiana ao debate das escalas geográficas no Brasil

Autores

  • Matheus da Silveira Grandi Universidade Federal do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2179-0892.geousp.2014.84532

Palavras-chave:

Escalas geográficas. Construção social da escala. História do pensamento geográfico. Brasil.

Resumo

Nas últimas duas décadas, o debate teórico sobre as escalas geográficas cresceu no meio acadêmico, especialmente no anglófono, mas sem grande interesse da geografia brasileira. Este artigo faz uma releitura de duas publicações nacionais das décadas de 1970 e 80 que abordaram o tema mas que são pouco lembradas, contrastando-as com alguns apontamentos de recentes produções de língua inglesa. A abordagem da história do pensamento geográfico de uma perspectiva escalar, a ênfase na coexistência das escalas em cada recorte do real e a visão das escalas geográficas como fruto de processos espaciais são algumas das contribuições originais dos dois trabalhos. Ao final, reforça-se a importância de se retomar e atualizar o debate teórico-conceitual sobre as escalas geográficas no país, visto serem elas elementos constitutivos do pensamento e da ação e, por isso, importantes e eficientes instrumentos de exercício de poder.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Matheus da Silveira Grandi, Universidade Federal do Rio de Janeiro

    Doutorando em Geografia no Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), sob orientação do Prof. Dr. Roberto Lobato Corrêa. Bolsista CAPES.

Referências

BAHIANA, L. C. C. Contribuição ao estudo da questão da escala na geografia: escalas em geografia urbana. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Programa de Pós-graduação em Geografia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1986.

BARCELOS, S. A geografia urbana na Revista Brasileira de Geografia (1939-1995). Dissertação (Mestrado em Geografia) – Programa de Pós-graduação em Geografia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2010.

BRENNER, N. The urban question as a scale question: reflections on Henri Lefebvre, urban theory and the politics of scale. International Journal of Urban and Regional Research, v. 24, p. 361-378, 2000.

BULKELEY, H. Reconfiguring environmental governance: towards a politics of scales and networks. Political Geography, v. 24, p. 875-902, 2005.

CASTORIADIS, C. A instituição imaginária da sociedade. 6. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2007 [1982].

CASTRO, I. E. O problema da escala. In: CASTRO, I. E. et al. (Orgs.). Geografia: conceitos e temas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995. p. 117-140.

COLLINGE, C. Flat ontology and the deconstruction of scale: a response to Marston, Jones and Woodward. Transactions of the Institute of British Geographers, n. 31, p. 244-251, 2006.

CORRÊA, R. L. Sobre agentes sociais, escala e produção do espaço. In: CARLOS, A. F. et al. (Orgs.). A produção do espaço urbano: agentes, processos, escalas e desafios. São Paulo: Contexto, 2011. p. 41-51.

CORRÊA, R. L. Diferenciação socioespacial, escala e práticas espaciais. Cidades, Presidente Prudente, v. 4, n. 6, p. 61-72, 2007.

CORRÊA, R. L. Uma nota sobre o urbano e a escala. Território, n. 11/12/13, p. 133-136, 2003.

CORRÊA, R. L. Região e organização espacial. São Paulo: Ática, 1986.

COX, K. Spaces of dependence, spaces of engagement and the politics of scale, or: looking for local politics. Political Geography, v. 17, n. 1, p. 1-23, 1998.

DAVIDOVICH, F. Escalas de urbanização: uma perspectiva geográfica do sistema urbano brasileiro. Revista Brasileira de Geografia, v. 40 n. 1, p. 51-82, 1978.

DUMONT, L. Homo hierarchicus: o sistema das castas e suas implicações. São Paulo: Edusp, 1992 [1966].

EGLER, C. As escalas da economia: uma introdução à dinâmica territorial da crise. Revista Brasileira de Geografia, v. 53, n. 3, p. 229-245, 1992.

EGLER, C. Diacronia em três escalas. In: RIBEIRO, A. C. T.; PINHEIRO, D. (Orgs.). Metropolização e rede urbana: perspectivas para os anos 90. Rio de Janeiro: UFRJ, 1990. p. 147-160.

FERGUSON, J.; GUPTA, A. Spatializing states: toward an ethnography of neoliberal governmentality. American Ethnologist, v. 29, p. 981-1002, 2002.

HART, J. The highest form of the geographer’s art. Annals of the Association of American Geographers, v. 72, n. 1, p. 1-29, 1982.

HARVEY, D. Social justice and the city. Oxford: Blackwell, 1973.

HAESBAERT, R. Regional-global: dilemas da região e da regionalização na geografia contemporânea. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2011.

HAESBAERT, R. Escalas espaço-temporais: uma introdução. Boletim Fluminense de Geografia, ano 1, n.1, p. 31-51, 1993.

HEROD, A. Scale. Nova York: Routledge, 2011.

HOWITT, R. Scale. In: AGNEW, J. et. al. (Orgs.). A Companion to Political Geography. Maalden (USA)/Oxford (UK): Blackwell, 2003. p. 138-157.

HOWITT, R. Scale as relation: musical metaphors of geographical scale. Area, v. 30, p. 49-58, 1998.

KAISER, R.; NIKIFOROVA, E. The performativity of scale: The social construction of scale effects in Narva, Estonia. Environment & Planning D, Society and Space, n. 26, p. 537-562, 2008.

LACOSTE, Y. A geografia: isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra. Campinas: Papirus, 1988 [1976].

LEITNER, H. The politics of scale and networks of spatial connectivity: transnational interurban networks and the rescaling of political governance in Europe. In: SHEPPARD, E.; McMASTER, R. B. (Orgs.). Scale and Geographic Inquiry: Nature, Society, and Method. Oxford: Blackwell, 2004. p. 236-255.

MARSTON, S. The social construction of scale. Progress in Human Geography, v. 20, n. 2, p. 219-242, 2000.

MARSTON, S; JONES, P.; WOODWARD, K. Human geography without scale. Transactions of the Institute of British Geographers, n. 30, p. 416-432, 2005.

MacKINNON, D. Reconstructing scale: Towards a new scalar politics. Progress in Human Geography, v. 1, n. 35, p. 21-36, 2010.

MARTINS, F. E. S. A (re)produção social da escala metropolitana: um estudo sobre a abertura de capitais nas incorporadoras e sobre o endividamento imobiliário urbano em São Paulo. Tese (Doutorado em Geografia Humana) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010.

MONTEIRO, C. A. F. A geografia no Brasil (1934-1977): avaliação e tendências. São Paulo: IGEO-USP, 1980. (Série Teses e Monografias.)

MOORE, A. Rethinking scale as a geographical category: from analysis to practice. Progress in Human Geography, v. 32, n. 2, p. 203-225, 2008.

PAASI, A. Place and region: through the prism of scale. Progress in Human Geography, v. 28, p. 536-546, 2004.

RACINE, J.-B.; RAFFESTIN, C.; RUFFY, V. Escala e ação: contribuições para uma interpretação do mecanismo de escala na prática da geografia. Revista Brasileira de Geografia, v. 45, n. 1, p. 123-135, 1983.

SANTOS, M. A natureza do espaço. 4. ed. São Paulo: Edusp, 2002[1996].

SANTOS, R. E. N. Movimentos sociais e geografia: sobre a(s) espacialidade(s) da ação social. Rio de Janeiro: Consequência, 2011.

SHEPPARD, E.; McMASTER, R. B. Introduction: Scale and Geographic Inquiry. In: (Orgs.). Scale & Geographic Inquiry: Nature, Society, and Method. Oxford: Blackwell, 2004. p. 1-22.

SILVEIRA, M. L. Escala geográfica: da ação ao império?. Revista Terra Livre, ano 20, v. 2, n. 23, p. 87-96, 2004.

SMITH, N. Scale bending and the fate of the national. In: SHEPPARD, E.; McMASTER, R. B. (Orgs.). Scale & Geographic Inquiry: Nature, Society, and Method. Oxford: Blackwell, 2004. p. 192-212.

SMITH, N. Homeless/global: scaling places. In: BIRD, J. et al. (Eds.). Mapping the Futures: Local Cultures, Global Change. Londres: Routledge, 1993. p. 87-119.

SMITH, N. Uneven development: nature, capital, and the production of space. Oxford: Blackwell, 1984.

SOUZA, M. L. A prisão e a ágora. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006.

SOUZA, M. L. Mudar a cidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002.

SWYNGEDOUW, E. Scaled Geographies: Nature, Place, and the Politics of Scale. In: SHEPPARD, E.; McMASTER, R. B. (Orgs.). Scale & Geographic Inquiry: Nature, Society, and Method. Oxford: Blackwell, 2004. p. 130-153.

SWYNGEDOUW, E. Urban political ecology, justice and the politics of scale. Antipode, v. 35, n. 5, p. 898-918, 2003.

SWYNGEDOUW, E. Authoritarian governance, power, and the politics of rescaling. Environment & Planning D: Society and Space, v. 18, n. 1, p. 63-76, 2000.

SWYNGEDOUW, E. Excluding the other: the production of scale and scaled politics. In: LEE, R.; WILLS, J. (Eds.). Geographies of economies. Londres: Arnold, 1997. p. 167-176.

TAYLOR, P. The paradox of geographical scale in Marx’s politics. Antipode, v. 19, n. 3, p. 287-306, 1987.

TAYLOR, P. Geographical Scales within the World-Economy Approach. Review Fernand Braudel Center, v. 5, n. 1, p. 3-11, 1981.

TUAN, Y.-F. Espaço e lugar. São Paulo: Difel,1983.

Downloads

Publicado

2014-09-20

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

GRANDI, Matheus da Silveira. As contribuições de Davidovich e Bahiana ao debate das escalas geográficas no Brasil. GEOUSP Espaço e Tempo (Online), São Paulo, Brasil, v. 18, n. 2, p. 253–268, 2014. DOI: 10.11606/issn.2179-0892.geousp.2014.84532. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/geousp/article/view/84532.. Acesso em: 24 abr. 2024.