A permanência do dormitório da empregada nos apartamentos: estudo comparativo nas décadas de 1960 a 1990 em Maceió/AL

Autores

  • Jéssica Caroline Rodrigues de Lima Universidade Federal de Alagoas
  • Alexandre Márcio Toledo Universidade Federal de Alagoas

DOI:

https://doi.org/10.11606/gtp.v13i3.145099

Palavras-chave:

Dependência de empregada, edifício multifamiliar, dormitório reversível, tipologias de apartamentos.

Resumo

Morar nas cidades grandes representou uma transição lenta dos edifícios unifamiliares aos multifamiliares. As plantas iniciais dos apartamentos reproduziram a tripartição funcional da casa burguesa urbana e mantiveram a dependência completa de empregada, com acesso distinto pelo setor de serviço. A presença da empregada doméstica nas residências brasileiras constitui um fator cultural, sobretudo nas famílias nordestinas das classes média e alta. O objetivo do presente artigo é traçar uma trajetória da dependência de empregada nos edifícios de apartamentos construídos na cidade de Maceió, Estado de Alagoas, Brasil, nas décadas de 1960 a 1990. Utilizou-se como banco de dados pesquisas realizadas pelo Grupo de Estudos em Projeto de Arquitetura (gEPA) da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Alagoas, que reúne 228 edifícios multifamiliares verticais de diversas tipologias. Observou-se que, nas décadas de 1960 e 1970, todos os apartamentos possuíam dependência de empregada, até mesmo os da tipologia de 02 dormitórios. Apenas na década de 1980, surgiram os apartamentos com o terceiro dormitório reversível, com indícios de flexibilização nas plantas. Na década de 1990, a dependência de empregada permanece somente nas tipologias de apartamentos de 3 e 4 dormitórios. Conclui-se que a presença da dependência de empregada prevaleceu sobre a oferta de apartamentos produzidos nas quatro décadas analisadas, sobretudo nas tipologias de 3 e 4 dormitórios; e que as mudanças anunciadas pela legislação trabalhista de 1988 não alteraram de maneira significativa os hábitos de morar das famílias alagoanas de renda mais elevada.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Jéssica Caroline Rodrigues de Lima, Universidade Federal de Alagoas

    Faculdade de Arquitetura e Urbansimo/ Mestrado em Dinâmicas do Espaço Habitado

  • Alexandre Márcio Toledo, Universidade Federal de Alagoas

    Faculdade de Arquitetura e Urbanismo/ Projeto de Arquitetura

Referências

ALVES, Maria Elisa Moreira. O início da verticalização em Maceió: um estudo tipológico dos edifícios multifamiliares em altura (1960-1970). Dissertação (Mestrado em Dinâmicas do Espaço Habitado), Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Universidade Federal de Alagoas. Maceió, 2012.

ANGIOLILLO, Francesca. A indulgência do filme Que Horas Ela Volta?, de Anna Muylaert. Folha de São Paulo, 20 de set. de 2015. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2015/

/1683170-a-indulgencia-do-filme-que-horas-ela-volta-de-anna-muylaert.shtml>.

ARAÚJO, Denise Castilhos de; LOPES, Poliana. Que horas ela volta? Percepções do discurso fílmico por blogueiras feminista do Brasil. Ex aequo, Lisboa, n. 36, p. 203-219, dez. 2017. Disponível em <http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0874-55602017000200013&lng=pt&

nrm=iso>.

BARBOSA, Mariana; TOLEDO, Alexandre Márcio; SILVA, Bruno. Verticalização na cidade de Maceió: estudo de tipologias de edifícios multifamiliares (1986 a 1992). In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE QUALIDADE DO PROJETO NO AMBIENTE CONSTRUÍDO, 4., 2015, Viçosa-MG. Anais... Viçosa-MG: UFV, 2015.

BARROS, Patrícia. O mercado imobiliário em Maceió. Maceió século XXI. Maceió: Gazeta de Alagoas. 2010.

BITTAR, William Seba Mallmann; VERÍSSIMO, Francisco Salvador. 500 anos da casa no Brasil. As transformações da arquitetura e da utilização do espaço da moradia. 2 ed. Rio de Janeiro. Ediouro. 1999.

BRANDÃO, Douglas Queiroz. Diversidade e potencial de flexibilidade de arranjos espaciais de apartamentos. Florianópolis, 2002. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) - Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, 1988.

BRASIL. Constituição (1988). Emenda Constitucional n. 72, de 02 de abril de 2013. Brasília, 2013.

CORONATO, Marcos; MOURA, Marcelo; SEGADILHA, Bruno; PONTES, Felipe; SPINACÉ, Natália. Por que a empregada sumiu?. Revista Época. jan. 2012. Disponível em:

globo.com/vida/noticia/2012/01/por-que-empregada-sumiu.html>.

COUTINHO, Marta. O mercado imobiliário vende felicidade? Caracterização das áreas de lazer dos edifícios verticais multifamiliares em Maceió-AL (2010-2015). Dissertação (Mestrado em Dinâmicas do Espaço Habitado) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal de Alagoas. Maceió, 2016.

GOLDSTEIN, Donna. The Aesthtics of Domination: Class, Culture, and the Lives of Domestic Workers. In: Laughter out of place: Race, Class and Sexuality in a Rio Shanytown. Berkeley, University of California Press, 2003.

GOUSSINSKY, Eugênio. Portugal: imóveis ganham quarto de empregada para agradar brasileiros. Março. 2018. Disponível em: <https://noticias.r7.com/internacional/portugal-imoveis-ganham-quarto-de-empregada-para-agradar-brasileiros-28032018>.

GUERRA, Abílio. A piscina e a laje. Sobre o filme Que horas ela volta?, de Anna Muylaert. Resenhas Online, São Paulo, ano 14, n. 165.05, Vitruvius, set. 2015. Disponível em: <http://www.vitruvius.com

.br/revistas/read/resenhasonline/14.165/5712>.

HOMEM, Maria Cecília Naclério. Princípio da racionalidade e a gênese da cozinha moderna. Pós. Revista do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da FAUUSP, São Paulo, v. 13, p. 124-154, june 2003.

LEMOS, Carlos Alberto Cerqueira. Cozinhas, etc. um estudo sobre as zonas de serviço da casa paulista. 2 ed. São Paulo: Perspectiva, 1978.

MARINHO, Bárbara Quintela Calheiros; TOLEDO, Alexandre Márcio; XAVIER, Regina do Nascimento Gomes. Análise da funcionalidade de edifícios multifamiliares de diferentes tipologias aprovados no período de 1980-1985 em Maceió/AL. In: Encontro Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído, 14, 2012, Juiz de Fora - MG. Anais... ANTAC/UFJF, 2012.

MELLO, Bruno César Euphrasio. E o negro na arquitetura brasileira? Arquitextos, São Paulo, ano 13, n. 145.01, Vitruvius, jun. 2012.

MELTEM, O. Gurel. Domestic Arrangements: The Maid's Room in the Ataköy Apartment Blocks, Istanbul, Turkey, Journal of Architectural Education, 66:1, pag. 115-126, 2012.

MENDONÇA FILHO, Kléber. Recife Frio (curta-metragem). Recife, Pernambuco, 2009.

MORAIS, Fernando de Oliveira. O quartinho - a dependência doméstica na habitação multifamiliar na cidade de João Pessoa (PB) no século XXI. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2017.

MUYLAERT, Anna. Que horas ela volta? (filme). São Paulo, Brasil, 2015.

PEIRÃO, Solange. Que horas ela volta? Só a gente que vive é que sabe. Revista Fórum, fev. de 2016. Disponível em:<http://www.revistaforum.com.br/2016/02/27/que-horas-ela-volta/>.

PINHEIRO, Maria Lúcia Bressan. Arquitetura residencial verticalizada em São Paulo nas décadas de 1930 e 1940. Anais do Museu Paulista. vol.16 no.1 São Paulo Jan./Jun. 2008.

QUEIROGA, Louise. Alunos da UFMG repudiam projeto de disciplina "Casa Grande" que pedia área para empregados. O Globo. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/sociedade/educacao/alunos-da-ufmg-repudiam-projeto-de-disciplina-casa-grande-que-pedia-area-para-empregados-21641374>. julho, 2017.

SANTOS, Fabiane Jhoralina de Oliveira. Edifícios multifamiliares no bairro do Farol (2000-2010). Dissertação (Mestrado em Dinâmicas do Espaço Habitado) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal de Alagoas, Maceió, 2017.

SALEIRO FILHO, Mario de Oliveira. A dependência da dependência de empregado: De espaço segregado a espaço invertido?. Dissertação (Mestrado em Arquitetura) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2001.

SCHNEIDER, Friederike. Atlas de plantas: viviendas. 3 ed. Barcelona: Gustavo Gili, 2006.

TRAMONTANO, Marcelo; VILLA, Simone. Apartamento metropolitano: evolução tipológica. In: Seminário História da Cidade e do Urbanismo, 2000, Natal. Anais eletrônicos...Natal: UFRN, 2000.

VANINI, Eduardo. Quartos de empregada doméstica geram debate sobre segregação. O Globo, 14 ago. 2016.

VILLA, Simone Barbosa. Morar em apartamentos: a produção dos espaços privados e semi-privados nos edifícios ofertados pelo mercado imobiliário no século XXI em São Paulo e seus impactos na cidade de Ribeirão Preto. Critérios para avaliação pós-ocupação. 2008. Tese (Doutorado em Tecnologia da Arquitetura) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.

_____. Apartamento metropolitano: habitações e modos de vida na cidade de São Paulo. 2002. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) - Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo. São Carlos, 2002.

XAVIER, Regina do Nascimento Gomes. TOLEDO, Alexandre Márcio. O ambiente reversível: análise da flexibilidade no projeto de edifícios residenciais em Maceió/AL (1980-1985). In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE QUALIDADE DO PROJETO NO AMBIENTE CONSTRUÍDO, 4, 2015, Viçosa-MG, Anais...ANTAC/UFV, 2015.

Downloads

Publicado

2018-12-26

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

A permanência do dormitório da empregada nos apartamentos: estudo comparativo nas décadas de 1960 a 1990 em Maceió/AL. (2018). Gestão & Tecnologia De Projetos, 13(3), 79-96. https://doi.org/10.11606/gtp.v13i3.145099