A cigana e a Universidade

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2525-3123.gis.2022.181355

Palavras-chave:

Mediunidade, Umbanda, Religião, Etnopsicologia, Universidade

Resumo

Com o objetivo de problematizar o modo como os saberes podem ser transmitidos pela oralidade, pelo corpo e pela experiência, dentro e fora dos espaços rituais, este artigo parte do caso de uma médium de umbanda do interior de São Paulo. Com 53 anos, atua como vendedora autônoma em espaços como os de uma Universidade pública, sendo conhecida como “Cigana”. Depois do trânsito por alguns terreiros em busca de conhecimentos sobre suas experiências espirituais desde a adolescência, passa a se desenvolver mediunicamente no terreiro em que este caso foi observado. Neste espaço vivencia através do corpo diversas orientações, ocupando inicialmente a posição de cambona (ajudante) e dialogando com os saberes transmitidos pela comunidade, sobretudo pelo pai de santo. A partir dos endereçamentos do caso, discute-se, analogamente, de que modo a transmissão de conhecimentos orais e de profunda sustentação no e pelo corpo são eminentemente apartadas da formação oferecida na Universidade.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

Augras, Monique. 1983. O duplo e a metamorfose: a identidade mítica em comunidades nagô. Petrópolis: Vozes.

Bairrão, José Francisco Miguel Henriques. 2019. Mulher e verdade: onde mora pombagira cigana? Interação em Psicologia, 23(2), 213-220.

Bairrão, José Francisco Miguel Henriques e Godoy, Daniela Bueno de Oliveira Américo. 2018. Apresentação. In Godoy, Daniela Bueno de Oliveira Américo e Bairrão, José Francisco Miguel Henriques (orgs.), Etnopsicologia brasileira: mosaico e aplicações. Ribeirão Preto: Editora da FFCLRP, p. 10-18.

Brumana, Fernando G. e Martinez, Elda G. 1991. Marginália sagrada. Campinas: Editora da UNICAMP.

Camargo, Ana Flávia Girotto, Scorsolini-Comin, Fabio e Santos, Manoel Antônio. 2018. A feitura do santo: percursos desenvolvimentais de médiuns em iniciação no candomblé. Psicologia & Sociedade, 30, e189741.

Costa, Daniel Santos e Pereira, Sayonara. 2016. Da oralidade popular brasileira a uma dança teatral performativa: o corpo pós-colonial como lugar de experiência. Conception, 5(1), 58-69.

Csordas, Thomas. 2008. Corpo, significado, cura. Porto Alegre: Editora da UFRGS.

Favret-Saada, Jeanne. 2005. Ser afetado. Cadernos de Campo, 13, 155-161.

Godoy, Daniela Bueno de Oliveira Américo e Bairrão, José Francisco Miguel Henriques. 2014. A psicanálise aplicada à pesquisa social: a estrutura moebiana da alteridade na possessão. Psicologia Clínica, 26, 47-68.

Gonçalves, Marco Antônio. 2013. Etnobiografia: biografia e etnografia ou como se encontram pessoas e personagens. In Marco Antônio Gonçalves, Roberto Marques e Vânia Z. Cardoso (Orgs.). Etnobiografia: subjetivação e etnografia. Rio de Janeiro: 7Letras.

Katrib, Caio Mohamad Ibrahin e Santos, Tadeu Pereira. 2020. O aprender-ensinar na umbanda: desconstruindo olhares, abrindo possibilidades. Humanidades & Tecnologia (FINOM), 27, 20-34.

Koenig, Harold G. 2012. Religion, spirituality, and health: the research and clinical implications. ISRN Psychiatry. https://doi.org/10.5402/2012/278730

Laplantine, François. 2010. Antropologia da doença (4ª ed., V. L. Siqueira, Trad.). São Paulo: Martins Fontes.

Macedo, Alice Costa. 2015. Encruzilhadas da interpretação na umbanda. Tese de Doutorado, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto.

Macedo, Lívia Alves dos Santos. 2014. Estradas sem fim: a linha do Oriente e o povo cigano na umbanda. Monografia, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto.

Macedo, Yuri Miguel Macedo, Maia, Cláudia Braga e Santos, Mariana Fernandes. 2019. Pedagogia de terreiro: pela decolonização dos saberes escolares. Vivências, 15(29), 13-25.

Rabelo, Miriam C. M. 2014. Enredos, feituras e modos de cuidado: dimensões da vida e da convivencia no candomblé. Salvador: EDUFBA.

Santos, Boaventura de Sousa. 2010. Epistemologias do Sul. São Paulo: Cortez.

Silva, Vagner Gonçalves. 2015. O antropólogo e sua magia. 3ª ed. São Paulo: EDUSP.

Scorsolini-Comin, Fabio. 2015. “Ela não tem explicação, ela tem vida”: A relação pesquisador-pesquisado no contexto de uma investigação etnopsicológica sobre mediunidade. Cultures-Kairós - Revue d'Anthropologie des Pratiques Corporelles e des Arts Vivants, 5, 1-17.

Scorsolini-Comin, Fabio. 2020. O divã de alfazema: a clínica etnopsicológica no cuidado em saúde mental. Tese de Livre Docência, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto.

Scorsolini-Comin, Fabio, Bairrão, José Francisco Miguel Henriques e Santos, Manoel Antônio. 2017. Com a licença de Oxalá: a ética na pesquisa etnopsicológica em comunidades religiosas. Revista da SPAGESP, 18(2), 86-99.

Scorsolini-Comin, Fabio, Godoy, Helena Vilela e Gaia, Ronan da Silva Parreira. 2020. Sentidos da mediunidade nos Candomblés Ketu e Efon. Cultura y Religión, XIV(2), 36-55.

Scorsolini-Comin, Fabio e Macedo, Alice Costa. 2021. O terreiro e a universidade: estudo de caso etnopsicológico em um terreiro de Umbanda de Ribeirão Preto-SP, Brasil. Diálogos, 25(3), 202-226.

Publicado

2022-08-30

Edição

Seção

Dossiê Religiões (Artigos)

Como Citar

“A Cigana E a Universidade”. 2022. GIS - Gesto, Imagem E Som - Revista De Antropologia 7 (1): e181355. https://doi.org/10.11606/issn.2525-3123.gis.2022.181355.