Granitoides TTG de Água Azul do Norte (PA): implicações tectônicas para a Província Carajás
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2316-9095.v18-126992Palavras-chave:
TTG, Mesoarqueano, Deformação, Granitoides, Província Carajás.Resumo
A crosta TTG de Água Azul do Norte, inserida no contexto geológico da Província Carajás, situada na porção sul do Domínio Carajás (DC), próximo ao limite com o Terreno Granito-Greenstone de Rio Maria, é dominantemente trondhjemítica, mostra forte afinidade com as ocorrências TTG do DC e difere daquelas do Domínio Rio Maria (DRM), por apresentar termos mais evoluídos, conteúdos menos expressivos de minerais acessórios primários, ausência de plagioclásio intensamente descalcificado e ser essencialmente peraluminosa. Apresenta médias e altas razões La/Yb e Sr/Y, e baixas de Nb/Ta, indicando que foi formada a partir da fusão parcial de granada-anfibolito, em condições de altas a intermediárias pressões (~1,0 – 1,5 GPa). Os megaenclaves tonalíticos identificados possuem características mineralógicas e geoquímicas que não permitem associá-los às típicas associações TTG. O padrão elementos terras raras (ETR) horizontalizado (baixas razões La/Yb) sugere que essas rochas foram geradas fora do campo de estabilidade da granada, sob pressões inferiores àquelas dos granitoides TTG (≤1,0 GPa). Estes representariam magmas de comportamento transicional entre os típicos TTG e as rochas afins de sanukitoides. O caráter menos evoluído dos enclaves em relação às rochas do Tonalito São Carlos de ~2,93 Ga, com seu padrão estrutural caótico, sugere que esses possam representar partes preservadas de uma crosta ainda mais antiga. A crosta TTG estudada na região de Água Azul do Norte registra, pelo menos, dois importantes momentos de deformação atuantes na área com eixos de encurtamento principal coincidentes (N10-20ºE). O primeiro momento (D1) é evidenciado pelo bandamento composicional (E-W) gerado por um forte componente de cisalhamento puro durante a colocação dos granitoides TTG em ~2,93 Ga. A fase tardia de deformação dúctil (D2), dada sob condições de metamorfismo de fácies anfibolito médio (550ºC), é marcada pela transposição de cisalhamento simples e puro das estruturas pretéritas que deram origem aos padrões de foliação NW-SE, N-S, NE-SW e E-W. Esse momento de deformação está registrado nas intrusões tardias de leucogranitos sin a tardi-tectônicos de ~2,87 Ga, nos corpos anfibolíticos e nas rochas encaixantes próximas a essas intrusões. A deformação transpressiva identificada na área sugere que as convergências de placas foram atuantes durante o período de 2,93 e 2,87 Ga, sendo que, durante a última fase da transpressão, o strain foi particionado, com a tensão total de cisalhamento simples acomodada em zonas e bandas de cisalhamento. Uma consequência disso seria a preservação de regiões de baixa deformação entre zonas de cisalhamento, controladas por cisalhamento puro. A existência de uma crosta TTG na área de Água Azul do Norte distinta daquela do DRM, aliada a um complexo padrão deformacional que quase sempre está associado a processos de migmatização, sugere que a mesma não representa uma extensão daquele domínio, e sim um bloco mesoarqueano independente e sem registros da atuação de eventos neoarqueanos, o que também não estaria em conformidade com a definição atribuída ao DC.
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