Análise faciológica e contexto deposicional do geossítio Bacia Sedimentar de Curitiba, nova seção-tipo para a Formação Guabirotuba

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2316-9095.v20-165568

Palavras-chave:

Bacia de Curitiba, Rift Continental do Sudeste do Brasil, Paleógeno

Resumo

O geossítio Bacia Sedimentar de Curitiba é um afloramento da Formação Guabirotuba, unidade que preencheu a Bacia de Curitiba, em área urbanizada. O sítio, localizado na região industrial da capital do Paraná, ganhou notoriedade por ser berço das ocorrências fossilíferas da Fauna Guabirotuba, uma das poucas representantes do Paleógeno no país, que permitiu estabelecer a idade relativa para o preenchimento da bacia. A análise faciológica do afloramento teve o objetivo de refinar o conhecimento acerca dos depósitos sedimentares da unidade, almejando contribuir para futuros estudos tafonômicos e paleoambientais. Para tanto, utilizaram-se métodos de análise faciológica em três segmentos representativos do afloramento, nos quais foram reconhecidas fácies sedimentares, elementos arquitetônicos, modificações eodiagenéticas (calcretes) e o contato com o embasamento. A caracterização composicional dos sedimentos foi complementada com análises petrográficas. O contexto deposicional da Formação Guabirotuba foi interpretado como de depósitos de canais e planícies de inundação de rios entrelaçados em sistema fluvial distributário. As associações de areias e cascalhos em barras que preencheram feições acanaladas foram consideradas como correspondentes a porções proximais, em que predominam depósitos de canais amalgamados, com avulsões frequentes. Esses depósitos ocorrem intercalados com associações de lamas, lençóis e lentes arenosas, caracterizadas como depósitos de espraiamentos laterais em porções distais do sistema. Nos cortes que compõem o afloramento foram feitas importantes descobertas fossilíferas nos últimos anos. Esse foi um dos motivos que tornaram a área unidade de conservação protegida por decreto municipal. Considerando-se tais novidades, e o fato de a seção original da Formação Guabirotuba ter sido ocultada pela urbanização, propõe-se designar o afloramento como área-tipo e o conjunto de seções como nova seção-tipo da unidade.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

Almeida, F. F. M. (1976). The system of continental rifts bordering the Santos Basin, Brazil. Anais da Academia Brasileira de Ciências, 48(Supl.), 15-26.

Alonso-Zarza, A. M., Wright, V. P. (2010). Calcretes. In: A. M. Alonso-Zarza, L. H. Tanner (Eds.), Developments in Sedimentology (v. 61, p. 225-267). Amsterdã: Elsevier. https://doi.org/10.1016/S0070-4571(09)06105-6

Azevedo, F. F. (1981). Thecamoebianas e organófitas na Formação Guabirotuba. III Simpósio Regional de Geologia, 2, 226-242. Curitiba: SBG.

Becker, R. D. (1982). Distribuição dos sedimentos cenozóicos na Região Metropolitana de Curitiba e sua relação com a estrutura geológica e morfológica regional. Tese (Doutorado). Porto Alegre: Pós-graduação em Geociências, UFRGS.

Bigarella, J. J., Salamuni, R. (1958). Consideração sobre o paleoclima da bacia de Curitiba. Boletim do Instituto de História Natural, 1, 1-10.

Bigarella, J. J., Salamuni, R. (1959). Notas complementares à planta geológica da cidade de Curitiba e arredores. Boletim do Instituto de Biologia e Pesquisas Tecnológicas, 40, 1-14.

Bigarella, J. J., Salamuni, R. (1962). Caracteres texturais dos sedimentos da Bacia de Curitiba. Boletim da Universidade Federal do Paraná, 7, 1-164.

Bigarella, J. J., Salamuni, R., Ab’sáber, A. N. (1961). Origem e ambiente de deposição da Bacia de Curitiba. Boletim Paranaense de Geografia, 4/5, 71-81.

Carvalho, P. F. (1934). Geologia do município de Curitiba. Boletim DNPM-SGM, 82, 1-21.

Coimbra, A. M., Riccomini, C. (1985). Considerações paleoambientais sobre as ocorrências de caliche nas bacias de Curitiba (PR), Taubaté (SP), Resende (RJ). Anais da Academia Brasileira de Ciências, 57(4), 517-518. Disponível em: <http://memoria.bn.br/DocReader/158119/28047>. Acesso em: 19 jun. 2020.

Coimbra, A. M., Riccomini, C., Sant’anna, L. G., Valarelli, J. V. (1996). Bacia de Curitiba: estratigrafia e correlações regionais. XXXIX Congresso Brasileiro de Geologia, 1, 135‑137. Salvador: SBG.

Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM). (2004). Unidades litoestratigráficas 1:1.000.000 2004 formato shapefile. Disponível em: <http://geowebapp.cprm.gov.br>. Acesso em: 12 jun. 2020.

Coutinho, J. M. V. (1955). Lantanita de Curitiba, Paraná. Boletim da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, (13), 119-126. https://doi.org/10.11606/bmffclusp.v0i13.121468

Cunha, P. V. C. (2011). Gênese de calcretes da Formação Guabirotuba, Bacia de Curitiba, Paraná. Dissertação (Mestrado). Curitiba: Pós-graduação em Geologia, UFPR. Disponível em: <http://hdl.handle.net/1884/26941>. Acesso em: 12 jun. 2020.

Cunha, R. F. (2016). Contexto Paleoambiental e Tafonomia da Assembléia Fóssil da Formação Guabirotuba, Bacia De Curitiba, Paraná. Dissertação (Mestrado). Curitiba: Pós-Graduação em Geologia, UFPR. Disponível em: <http://hdl.handle.net/1884/43406>. Acesso em: 12 jun. 2020.

Environmental Systems Research Institute (ESRI). (2020). Basemap World Imagery. Earthstar Geographics TerraColor imagery of Earth. Disponível em: . Acesso em: 12 jun. 2020.

Fernandes, L. A., Lima, F. F., Sedor, F. A., Vargas, J. C., Dias, E. V. (2016). Geossítio Bacia Sedimentar de Curitiba: conservação de patrimônio geológico de excepcional relevância científica em área urbana. XLVIII Congresso Brasileiro de Geologia. Porto Alegre: SBG. Disponível em: <http://cbg2017anais.siteoficial.ws/anais48cbgcompleto.pdf>. Acesso em: 12 jun. 2020.

Fisher, J. A., Nichols, G. J., Waltham, D. A. (2007) Unconfined flow deposits in distal sectors of fluvial distributary systems: Examples from the Miocene Luna and Huesca Systems, northern Spain. Sedimentary Geology, 195(1-2), 55-73. https://doi.org/10.1016/j.sedgeo.2006.07.005

Garcia, M. J., Lima, F. M., Fernandes, L. A., Melo, M. S., Dino, R., Antonioli, L., Menezes, J. B. (2013). Idade e palinologia da Formação Guabirotuba, Bacia de Curitiba, PR, Brasil. XXIII Congresso Brasileiro de Paleontologia/I Simpósio de Paleontologia Brasil-Portugal, 1, 125. Gramado: SBP.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). (2015). Municípios (41MUE250GC_SIR), UFs (BRUFE250GC_SIR) formato shapefile. Download em: . Acesso em: 12 jun. 2020.

Kormann, A. C. M. (2002). Comportamento geomecânico da Formação Guabirotuba: estudos de campo e laboratório. Tese (Doutorado). São Paulo: Escola Politécnica, USP. https://doi.org/10.11606/T.3.2002.tde-20072009-092526

Liccardo, A., Weinschütz, L. C. (2010). Registro inédito de fósseis de vertebrados na bacia sedimentar de Curitiba. Revista Brasileira de Geociências, 40(3), 330-338. https://doi.org/10.25249/0375-7536.2010403330338

Lima, F. F., Sedor, F. A., Fernandes, L. A., Vargas, G. C., Dias, E. V., Silva, D. D. (2015). Guabirotuba geosite, Curitiba Basin, Brazil: exceptional geological heritage at risk in an urban area. VIII International ProGEO Symposium, 86-7. Reykjavík: ProGEO.

Lima, F. M., Fernandes, L. A., Melo, M. S., Góes, A. M., Machado, D. A. M. (2013). Faciologia e contexto deposicional da Formação Guabirotuba, Bacia de Curitiba (PR). Brazilian Journal of Geology, 43(1), 168-184. http://dx.doi.org/10.5327/Z2317-48892013000100014

Maack, R. (1947). Breves Notícias Sobre a Geologia dos Estados do Paraná e Santa Catarina. Arquivos de Biologia e Tecnologia, 2, 63-154.

Machado, D. A. M., Fernandes, L. A., Góes, A. M., Mesquita, M. J., Lima, F. M. (2012). Proveniência de sedimentos da Bacia de Curitiba por estudos de minerais pesados. Revista Brasileira de Geociências, 42(3), 563-572. http://dx.doi.org/10.5327/Z0375-75362012000300010

Miall, A. D. (1977). A review of the braided-river depositional environment. Earth-Science Reviews, 13(1), 1-62. https://doi.org/10.1016/0012-8252(77)90055-1

Miall, A. D. (1985). Architectural-element analysis: A new method of facies analysis applied to fluvial deposits. Earth Science Reviews, 22(4), 261-308. https://doi.org/10.1016/0012-8252(85)90001-7

Miall, A. D. (2006). The geology of fluvial deposits: sedimentary facies, basin analysis, and petroleum geology. 4. ed. Berlin: Springer-Verlag. https://doi.org/10.1007/978-3-662-03237-4

Nichols, G. J., Fisher, J. A. (2007). Processes, facies and architecture of fluvial distributary system deposits. Sedimentary Geology, 195(1-2), 75-90. https://doi.org/10.1016/j.sedgeo.2006.07.004

Oliveira, A. I., Leonardos, O. H. (1943). Geologia do Brasil. Rio de Janeiro: Serviço de Informação Agrícola/Ministério da Agricultura.

Oliveira, E. P. (1927). Geologia e recursos minerais do Estado do Paraná. Rio de Janeiro: Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil.

Riccomini, C. (1989). O rift continental do sudeste do Brasil. Tese (Doutorado). São Paulo: Instituto de Geociências, USP. https://doi.org/10.11606/T.44.1990.tde-18032013-105507

Riccomini, C., Sant’anna, L. G., Ferrari, A. L. (2004). Evolução Geológica do Rift Continental do Sudeste do Brasil. In: V. Mantesso Neto, A. Bartorelli, C. D. R. Carneiro, B. B. B. Neves (Eds.). Geologia do Continente Sul-Americano: evolução da obra de Fernando Flávio Marques de Almeida, p. 383-405. São Paulo: Beca. Disponível em: <https://www.researchgate.net/publication/281589766_Evolucao_geologica_do_rift_continental_do_sudeste_do_Brasil_2004>. Acesso em: 12 jun. 2020.

Salamuni, E., Ebert, H. D., Borges, M. S., Hasui, Y., Costa, J. B. S., Salamuni, R. (2003). Tectonics and sedimentation in the Curitiba Basin, south of Brazil. Journal of South American Earth Sciences, 15(8), 901-910. https://doi.org/10.1016/S0895-9811(03)00013-0

Salamuni, E., Ebert, H. D., Hasui, Y. (2004). Morfotectônica da Bacia Sedimentar de Curitiba. Revista Brasileira de Geociências, 34(4), 469-478.

Salamuni, E., Salamuni, R., Ebert, H. D. (1999). Contribuição à geologia da Bacia Sedimentar de Curitiba. Boletim Paranaense de Geociências, (47), 123-142.

Sedor, F. A., Dias, E. V., Fernandes, L. A., Lima, F. F., Vargas, J. C., Silva, D. D. (2017a). Geossítio Bacia sedimentar de Curitiba (Formação Guabirotuba): características, importância paleontológica e conservação. IV Simpósio Brasileiro de Patrimônio Geológico & II Encontro Luso-Brasileiro de Patrimônio Geomorfológico e Geoconservação, 152-156. Ponta Grossa.

Sedor, F. A., Oliveira, E. V., Silva, D. D., Fernandes, L. A., Cunha, R. F., Ribeiro, A. M., Dias, E. V. (2014). A new South American Paleogene fauna, Guabirotuba Formation (Curitiba, Paraná State, south of Brazil). IV International Palaeontological Congress, 614. Mendoza.

Sedor, F. A., Oliveira, E. V., Silva, D. D., Fernandes, L. A., Cunha, R. F., Ribeiro, A. M., Dias, E. V. (2017b). A New South American Paleogene Land Mammal Fauna, Guabirotuba Formation (Southern Brazil). Journal of Mammalian Evolution, 24, 39-55. https://doi.org/10.1007/s10914-016-9364-7

Siemiradzki, J. (1898). Geologische Reisebeobachtungen in Süd-Brasilien. Kaiserlich-königlichen hof-und Staatsdruckerei, 107(1), 23-40.

Siga Jr., O., Basei, M. A. S., Reis Neto, J. M., Machiavelli, A., Harara, O. M. (1995). O Complexo Atuba: um cinturão Paleoproterozóico intensamente retrabalhado no Neoproterozóico. Boletim IG-USP. Série Científica, 26, 69-98. https://doi.org/10.11606/issn.2316-8986.v26i0p69-98

Walker, R. G. (1992). Facies, facies models and modern stratigraphic concepts. In: R. G. Walker, N. P. James (Eds.), Facies models: response to sea level changes, p. 1-14. Stittsville: Geological Association of Canada.

Weissmann, G. S., Hartley, A. J., Nichols, G. J., Scuderi, L. A., Olson, M., Buehler, H., Banteah, R. (2010). Fluvial form in modern continental sedimentary basins: Distributive fluvial systems. Geology, 38(1), 39-42. https://doi.org/10.1130/G30242.1

Weissmann, G. S., Hartley, A. J., Scuderi, L. A., Nichols, G. J., Owen, A., Wright, S., Felicia, A. L., Holland, F., Anaya, F. M. L. (2015). Fluvial geomorphic elements in modern sedimentary basins and their potential preservation in the rock record: A review. Geomorphology, 250, 187-219. https://doi.org/10.1016/j.geomorph.2015.09.005

Wright, V. P. (1990). A micromorphological classification of fossil and recent calcic and petrocalcic microstructures. Developments in Soil Science, 19, 401-407. https://doi.org/10.1016/S0166-2481(08)70354-4

Zalán, P. V., Oliveira, J. A. B. (2005). Origem e evolução do Sistema de Riftes Cenozóicos do Sudeste do Brasil. Boletim de Geociências da Petrobras, 13(2), 269-300.

Downloads

Publicado

2020-08-12

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Vieira, K. T. P., & Fernandes, L. A. (2020). Análise faciológica e contexto deposicional do geossítio Bacia Sedimentar de Curitiba, nova seção-tipo para a Formação Guabirotuba. Geologia USP. Série Científica, 20(2), 87-104. https://doi.org/10.11606/issn.2316-9095.v20-165568