A Formação Ferrífera São João Marcos: um exemplo de formação ferrífera tipo Algoma Neoproterozoico no Estado do Rio de Janeiro, Brasil
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2316-9095.v22-194123Palavras-chave:
Formação Ferrífera, Algoma, Neoproterozoico, Petrografia, GeoquímicaResumo
A Formação Ferrífera São João Marcos (FFSJM), localizada próximo ao município de Rio Claro, no Estado do Rio de Janeiro, teve seus aspectos genéticos aqui estudados por meio de mapeamento geológico, petrografia e geoquímica. Na área mapeada, a FFSJM, de idade neoproterozoica, ocorre intimamente associada a rochas metamáficas e metaultramáficas, que ocorrem sobre embasamento arqueano a paleoproterozoico e estão sobrepostas por outras litologias, quartzitos puros a impuros, silimanita quartzito e (silimanita)-granada-biotita gnaisse, em ordem, da base para o topo, estruturadas em uma
grande sinformal revirada. A petrografia da formação ferrífera indica composição modal, em sua maioria, de quartzo e magnetita titanífera, com pequenas quantidades de outros minerais (e.g. ferrosilita, muscovita, granada, zircão, turmalina, feldspatos e anfibólios); as rochas metamáficas são compostas basicamente por plagioclásio e hornblenda em proporções diversas, e as metaultramáficas, essencialmente por anfibólios e piroxênios. A litoquímica de elementos maiores, traço e terras raras da FFSJM demonstra forte correlação negativa entre SiO2 e Fe2O3t, e fortes semelhanças entre os padrões clássicos da literatura, principalmente com o tipo Algoma Neoproterozoico, além de características de precipitados químicos. Para as rochas máficas e ultramáficas, a geoquímica aponta para geração em contexto intracontinental. Essas informações de campo e petrografia, associadas com a geoquímica de rocha total e mineral, sugerem formação ferrífera gerada em ambiente extensional no Neoproterozoico, possivelmente acompanhando a quebra do supercontinente Rodínia. Trata-se do primeiro exemplo de formação ferrífera do tipo Algoma Neoproterozoico no Estado do Rio de Janeiro.
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