Interpretações paleoambientais de afloramentos do Membro Capianga na Bacia de Jatobá: aspectos petrográficos e micropaleontológicos
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2316-9095.v24-211617Palavras-chave:
Carbonatos, Evaporitos, Ostracodes límnicos, Membro Capianga, Formação Aliança, Bacia de JatobáResumo
O Membro Capianga, unidade superior da Formação Aliança, é uma sucessão de rochas pelíticas com camadas carbonáticas subordinadas do Jurássico Superior, que registra a inundação da Depressão Afrobrasileira por um lago extenso, porém não muito profundo. Assim como em outras bacias de margem passiva do Brasil e da África e em riftes continentais abortados associados aos eventos distensivos que deram origem aos Oceano Atlântico Sul, depósitos lacustres marcam a sequência de início de rifte e estão diretamente associados à tectônica incipiente desses eventos. Esses depósitos reúnem uma litologia bastante característica que muito comunica acerca do paleoambiente, além de uma assemblagem faunística de ostracodes bastante relevante. Esses microcrustáceos são reconhecidos por sua sensibilidade às variações das características físico-químicas do meio em que vivem, o que os tornam excelentes indicadores paleoambientais, portanto amplamente aplicados para esse objetivo. Este estudo apresenta análises faciológicas, petrográficas e micropaleontológicas de camadas carbonáticas a partir de amostragens feitas em afloramentos dos municípios de Ibimirim e Tacaratu, Pernambuco; porções nordeste e sul da Bacia de Jatobá, respectivamente. As amostras foram preparadas conforme as técnicas laboratoriais padrão para o estudo de ostracodes e usadas para confecção de lâminas delgadas para classificação petrográfica. Aqui são apresentadas as ocorrências dos taxa de Ostracoda: Theriosynoecum pricei e Alicenula sp. nos afloramentos estudados e uma análise quantitativa desses gêneros entre os níveis de cada localidade. O caráter dominante de um gênero (Theriosynoecum) em detrimento de outro (Alicenula), e as variações de espessura das camadas de rochas evaporíticas nas regiões, demonstram que na porção sul o lago alcançou maiores profundidades e concentrou mais sal nos períodos de evaporação.
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