Noroeste da África - Nordeste do Brasil (Província Borborema) ensaio comparativo e problemas de correlação

Autores

  • Benjamim B. Brito Neves Universidade de São Paulo; Instituto de Geociências; Departamento de Mineralogia e Geotectônica
  • William R. Van Schmus University of Kansas; Department of Geology
  • Allen H. Fetter Universidade Estadual Paulista; Instituto de Geociências e Ciências Exatas

DOI:

https://doi.org/10.5327/S1519-874X2001000100005

Palavras-chave:

Província Borborema, Colagem Brasiliana, Panafricano, Ciclo Cariris Velhos, Schist belts nigerianos

Resumo

A correlação geológica entre as porções Noroeste da África e Nordeste do Brasil enfrentam ainda uma série de problemas, de natureza virtual e real. A falta de um Projeto Internacional de Correlação Geológica (PICG) voltada para este tema é um aspecto crucial. O primeiro grupo de problemas compreende a heterogeneidade do conhecimento geológico (muitos trabalhos de circulação restrita) assim como a diversidade das escolas de pensamento científico envolvidas no tema. Progresso importante foi feito na década presente, incluindo mapas de reconstituição pré-deriva (para o Aptiano) e uma série de doutoramentos no Pré-Cambriano do Brasil e da África, fatos que motivaram os autores a fazer uma revisão no assunto. A correlação entre os crátons de S. Luis-África Ocidental (norte) e S. Francisco-Congo-Kasai-Angola (sul) que delimitam todo o contexto orogênico Brasiliano-Panafricano é relativamente bem documentada. Dos pontos de vista litoestratigráfico e tectônico, esta correlação é razoavelmente confirmada. Estes crátons/blocos devem ter sido fragmentos maiores de um mesmo supercontinente do Mesoproterozóico Superior, no qual as colagens orogênicas Paleoproterozóicas eram muito importantes. Igualmente, o cinturão de orogenias que perlonga e delineia a periferia destes crátons apresentam problemas de correlação de pequena monta, tanto no caso do Médio Coreaú/Dahomeides-Pharusiano (ao norte) como no caso do Sergipano/Oubanguides-Lindiano. Os principais problemas são quanto aos sistemas orogênicos distais dos crátons, mais para o interior da trama Brasiliano-Panafricana. Na parte mais ao norte da Borborema, ao norte do Lineamento Patos (Patos/Garoua) foi identificado um grande bloco de embasamento bastante retrabalhado no ciclo Brasiliano-Panafricano que foi considerado um terreno tectono-estratigráfico, fração do supercontinente Rodinia (como os crátons). Este bloco formado principalmente por rochas de alto grau contém diversos remanescentes esparsos de supracrustais proterozóicas ("schist belts") se estende do noroeste do Ceará à zona costeira da Borborema e daí para o interior do Niger. Predominam ortognaisses paleoproterozóicos (2,35; 2,15; 2,0 Ga) de variadas composições, com inserções locais de cálcio-silicáticas e rochas aluminosas, arranjados consoante complexo quadro lito-estrutural (Tansamazônico-Eburniano) que inclui alguns prévios núcleos arqueanos (3,45; 2,8/2,6 Ga). Os remanescentes xistosos sobrepostos ("schist belts") são compostos de contextos vulcano-sedimentares do Paleoproterozóico Superior (Estateriano) e do Neoproterozóico (ca. 820; 730, 640-600 Ma), todos eles trabalhados e/ou retrabalhados pelas fases mais posteriroes do ciclo Brasiliano/Panafricano. Ainda que a idade dos"schist belts" nigerianos seja tema controvertido, os resultados obtidos nos homólogos brasileiros podem provisoriamente ser estendidos para a África. Na parte mais central, na área entre os lineamentos Patos (Patos/Garoua) e Pernambuco/Nagaounderé, ou seja, o chamado"median shear corridor" a correlação permanece como um problema difícil. No lado brasileiro foi reconhecido uma faixa móvel Eo-neoproterozóica (Cariris Velhos), retrabalhada no Brasiliano, e que parece parte do cinturão mundial de orogenias da colagem Grenvilliana. Há poucas evidências da presença desta faixa móvel na África até o presente. Adicionalmente, a correlação de faixas de supracrustais neoproterozóicas (excelentes exposições no Brasil) é difícil, devido a exposição rarefeita e em níveis crustais mais profundos no lado da África.

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Publicado

2001-11-01

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Noroeste da África - Nordeste do Brasil (Província Borborema) ensaio comparativo e problemas de correlação. (2001). Geologia USP. Série Científica, 1, 59-78. https://doi.org/10.5327/S1519-874X2001000100005