Ilha dos Búzios, Litoral Norte do Estado de São Paulo: aspectos geológicos e petrográficos

Autores

  • Francisco R. Alves Universidade de São Paulo; Instituto de Geociências; Departamento de Mineralogia e Geotectônica
  • Celso B. Gomes Universidade de São Paulo; Instituto de Geociências; Departamento de Mineralogia e Geotectônica

DOI:

https://doi.org/10.5327/S1519-874X2001000100007

Palavras-chave:

Magmatismo alcalino, Ilha dos Búzios

Resumo

Rochas sieníticas cretácicas introduzidas em charnoquitos precambrianos constituem a geologia da Ilha dos Búzios (7,5 km²), situada no litoral norte do Estado de São Paulo, região sudeste do Brasil. Ambas unidades litológicas estão cortadas por grande número de diques, orientados preferencialmente para NE e variáveis em composição. Os sienitos podem incluir xenólitos de charnoquitos e de rochas máficas, além de também conter cavidades miarolíticas, de forma irregular e preenchidas ou não com quartzo. As rochas alcalinas, cobrindo aproximadamente 90% da ilha, são dominantemente de granulação grossa e variam em composição de álcali feldspato sienitos a quartzo-álcali feldspato sienitos. Localmente, podem ser também encontradas variedades sieníticas de granulação fina. Os diques, de ocorrência generalizada por toda a ilha, são enquadrados no grupo félsico, que reúne litologias variando de fonólitos a traquitos e riólitos (microgranitos), ou no máfico-ultramáfico, este consistindo principalmente em diabásios, microdioritos e lamprófiros. Feldspato alcalino (micromesopertita com pequeno predomínio das fases albíticas) é o mineral mais abundante das rochas sieníticas. Outros constituintes incluem clinopiroxênio (diopsídio-augita variando até egirina-augita), que se mostra comumente substituído por anfibólio/biotita, além de opacos (magnetita, ilmenita), apatita, titanita e zircão como principais acessórios. Os diques félsicos podem conter outros feldspatos, como sanidina e albita, quer na condição de micro a fenocristais, quer como membros da massa fundamental; feldspatóides (nefelina, sodalita) estão também presentes em alguns microssienitos. Os diques máfico-ultramáficos, em particular os de lamprófiros, são caracterizados por uma associação mineralógica primária consistindo em olivina, clinopiroxênio (augita titanífera) e anfibólio (kaersutita), além de massa fundamental contendo material vítreo e analcita. Digna também de registro nos lamprófiros é a presença de pequenos grãos ou agregados de ocelos carbonáticos de formação primária. Diques de natureza mais basáltica possuem plagioclásio (andesina-labradorita) zonado, feldspato alcalino intersticial e clinopiroxênio (diopsídio-augita), anfibólio, biotita e opacos como principais minerais ferromagnesianos. Não obstante as diferenças petrográficas e químicas, os corpos alcalinos formando as ilhas de Vitória, Búzios, São Sebastião e Monte de Trigo, todas elas situadas na costa oriental do Estado de São Paulo, parecem corresponder a eventos magmáticos apresentando o mesmo condicionamento geológico. Eles muito provavelmente representam intrusões contemporâneas associadas a anomalias térmicas no manto e estão intimamente ligados à evolução tectônica Mesozóica da porção sudeste do Brasil.

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Publicado

2001-11-01

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Alves, F. R., & Gomes, C. B. (2001). Ilha dos Búzios, Litoral Norte do Estado de São Paulo: aspectos geológicos e petrográficos. Geologia USP. Série Científica, 1, 101-114. https://doi.org/10.5327/S1519-874X2001000100007