Caracterização geoquímica e estrutural do Granodiorito Cruzeiro do Sul: magmatismo shoshonítico pós-colisional neoproterozoico em zona de transcorrência, região de Quitéria, RS
DOI:
https://doi.org/10.5327/Z1519-874X2012000100003Palavras-chave:
Zona de cisalhamento dorsal de Canguçu, Ambiente pós-colisional, Magmatismo sintectônico, Série shoshoníticaResumo
O Granodiorito Cruzeiro do Sul localiza-se na porção leste do escudo Sul-rio-grandense e ocorre como um corpo de aproximadamente 4 km², alongado na direção ENE-WSW, controlado por uma zona de cisalhamento transcorrente sinistral. Esta unidade foi desmembrada do Complexo Arroio dos Ratos por constituir corpos mapeáveis intrusivos no mesmo, que preservam suas características primárias. Este granitoide compreende hornblenda-biotita granodioritos ricos em máficos (M'~ 20), possui foliação magmática marcada pelo alinhamento dimensional dos feldspatos e minerais máficos, com um importante componente milonítico, principalmente próximo aos contatos. Veios leucograníticos concordantes e discordantes são comuns e, em zonas de mais alta deformação, geram um bandamento composto juntamente com enclaves microgranulares máficos alongados e diques sinplutônicos de composição diorítica a tonalítica paralelos à foliação. A foliação milonítica é paralela à primária, com direção EW a ENE-WSW e médio a alto ângulo de mergulho, contendo lineação de estiramento de baixo caimento para W e WSW, indicando-se a cinemática transcorrente da zona de cisalhamento. O sentido de movimento sinistral desta zona é confirmado por diversos indicadores cinemáticos de escalas meso e microscópica, e as microestruturas desenvolvidas sobre os feldspatos indicam temperaturas de deformação compatíveis com as da fácies anfibolito. A forma alongada dos corpos paralelamente à zona de transcorrência, a concordância e a progressão da foliação magmática em relação à milonítica, ambas paralelas aos limites das intrusões, são evidências estruturais de seu caráter sintectônico. Por outro lado, a ausência de foliação metamórfica retrabalhada pela milonítica permite concluir que o granitoide estudado registra apenas uma fase de deformação, que teria ocorrido durante o seu posicionamento, descartando sua relação com o evento transversal de direção EW e baixo ângulo de mergulho responsável pela deformação do Complexo Arroio dos Ratos e vinculando-o ao evento de transcorrência da Zona de Cisalhamento Dorsal de Canguçu. As características composicionais são consistentes com o caráter pós-colisional do magmatismo, e a afinidade shoshonítica é revelada pelos altos teores de Sr, pelo comportamento linear e homogêneo dos elementos terras raras e pela abundância dos elementos terras raras leves em relação aos elementos terras raras pesados. Os padrões de elementos traço, com enriquecimento em Ba e Rb e empobrecimento dos HFS (High Field Strength Elements) em relação aos LILE (Large Ion Lithophile Elements), bem como seu caráter metaluminoso, também são importantes características que marcam sua afinidade shoshonítica. As condições de P e T, calculadas a partir do geobarômetro Alt-Hb e do termobarômetro Plg-Hb, são estimadas em cerca de 4,3 a 5,3 kbars e temperaturas de cristalização na ordem de 720 a 760°C.Downloads
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Publicado
2012-04-01
Edição
Seção
Artigos
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Como Citar
Knijnik, D., Bitencourt, M. de F., Nardi, L. V. S., Pinto, V. M., & Fontana, E. (2012). Caracterização geoquímica e estrutural do Granodiorito Cruzeiro do Sul: magmatismo shoshonítico pós-colisional neoproterozoico em zona de transcorrência, região de Quitéria, RS . Geologia USP. Série Científica, 12(1), 17-38. https://doi.org/10.5327/Z1519-874X2012000100003