No Princípio, Deus criou: a cosmogonia como estratégia retórica para a reconstrução de laços coletivos nos séculos VI e V AEC

Autores

  • Enzo Snitovsky Onodera Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1982-7547.hd.2022.192472

Palavras-chave:

Judá, Exílio, Cosmogonia, Memória, Trauma

Resumo

Neste artigo, analisamos a forma como a tradição profética do Segundo Isaías utiliza o tema da criação como recurso retórico e mnemônico durante a reconstrução da comunidade judaíta no exílio, após as deportações do século VI AEC. Para isso, analisamos inicialmente os estudos sobre os impactos do fenômeno diaspórico na construção de identidades coletivas na Antiguidade. Em seguida, partimos para uma discussão sobre a memória coletiva e seus mecanismos de transmissão entre gerações frente ao trauma e à destruição. Por fim, a partir dos capítulos 43 e 44 de Isaías, analisamos como a profecia recupera e ressignifica o tema da Criação, analisando os possíveis impactos dessa temática na reconstrução dos laços coletivos e representações culturais na diáspora, durante os séculos VI e V AEC.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Enzo Snitovsky Onodera, Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

    É mestrando do Programa de Pós-Graduação em História Social da Universidade de São Paulo (PPGHS – USP), bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Processo  163250/20227) e graduado em História também pela Universidade de São Paulo (USP), SP, Brasil. À época do envio do artigo, o autor ainda não havia ingressado no mestrado.

Referências

AHN, John. Exile as Forced Migrations. A Sociological, Literary, and Theological Approach on the Displacement and Resettlement of the Southern Kingdom of Judah. Berlin: De Gruyter, 2011.

ALSTOLA, Tero. Judeans in Babylonia. A Study of Deportees in the Sixth and Fifth Centuries BCE. Leiden: Brill, 2020.

ASSMANN, Aleida. Espaços de Recordação: Formas e Transformações da Memória Cultural. Campinas: Editora Unicamp, 2011.

BERLEJUNG, Angelika. Social Climbing in the Babylonian Exile. In: BERLEJUNG, Angelika;

MAEIR, Aren; SCHÜLE, Andreas. (orgs.). Wandering Arameans. Arameans Outside of Syria. Textual and Archeological Perspectives. Wiesbaden: Harrassowitz Verlag, 2017.

BERNBECK, Reinhard. Imperialist Networks: Ancient Assyria and the United States. Present Pasts, London, v. 2, n. 1, p. 142-168, 2010.

BÍBLIA de Jerusalém. 12 ed. São Paulo: Paulus, 2017.

BIDMEAD, Julye. The Akitu Festival. Religious Continuity and Royal Legitimation in Mesopotamia. New Jersey: Gorgias Press, 2002.

CANDAU, Joel. Memória e Identidade. São Paulo: Contexto, 2019.

GOLUB, Mitka; ZILBERG, Peter. From Jerusalem to Al-Yahudu. Journal of Ancient Judaism, Leiden, v. 9, n. 3, p. 312-324, 2018.

HALBWACHS, Maurice. La Mémoire Collective. Paris: Presses Universitaires de France, 1968.

HALBWACHS, Maurice. Los Marcos Sociales de la Memoria. Barcelona: Anthoropos, 2004.

HEFFELFINGER, Katie M. I Am Large, I Contain Multitudes. Lyric Cohesion and Conflict in Second Isaiah. Leiden: Brill, 2011.

HIRSCH, Marianne. The Generation of Postmemory. Writing and Visual Culture after the Holocaust. Nova York: Columbia University Press, 2012.

INGOLD, Tim. The Perception of the Environment. Essays on livelihood, dwelling and skill. London: Routledge, 2000.

IRUDAYARAJ, Dominic. Idol-taunt and exilic identity: A Dalit reading of Isaiah 44:9-20. In: GUDME, Anne Katrine; HJELM, Ingrid. (orgs.). Myths of Exile: History and Metaphor in the Hebrew Bible. London: Routledge, 2015.

LIPSCHITS, Oded. The Fall and Rise of Jerusalem. Judah under Babylonian Rule. Winona Lake: Eisenbrauns, 2005.

LIVERANI, Mario. The Growth of the Assyrian Empire in the Habur/Middle Euphrates Area: a New Paradigma. State Archives of Assyria Bulletin, Helsinki, v. 2, n. 2, p. 81-98, 1988.

LIVERANI, Mario. Antigo Oriente. História, Sociedade e Economia. São Paulo: Edusp, 2020.

MUCCI, Clara. Beyond Individual and Collective Trauma: Intergenerational Transmission, Psychoanalytic Treatment, and the Dynamics of Forgiveness. London: Karnac, 2013.

PEARCE, Laurie; WUNSCH, Cornelia. Documents of Judean exiles and West Semites in Babylonia in the collection of David Sofer. Bethesda: CDL Press, 2014.

REDE, Marcelo. Imagem da violência e violência da imagem. Guerra e ritual na Assíria (séculos IX – VII AC). Varia Historia, Belo Horizonte, v. 34, n. 64, p. 81-121, 2018.

REDE, Marcelo. Al-Yahudu: os arquivos do exílio babilônico. Arquivo Maaravi: Revista Digital de Estudos Judaicos da UFMG, Belo Horizonte, v. 13, n. 25, p. 1-16, 2019.

ROM-SHILONI, Dalit. The Untold Stories: Al-Yahūdu and or versus Hebrew Bible Babylonian Compositions. Die Welts des Orients, Berlin, v. 47, n. 1, p. 124-134, 2017.

SALIBA, Elias Thomé. História Cultural do Humor: Balanço provisório e perspectivas de pesquisa. Revista de História, São Paulo, n. 176, p. 1-39, 2017.

SILVERMAN, Jason. Persian Royal-Judean Elite Engagements in the Early Teispid and Achaemenid Empire. The King’s Acolytes. London: T&T Clark, 2020.

TIEMEYER, Lena-Sofia. For the Comfort of Zion: The Geographical and Theological Location of Isaiah 40-55. Leiden: Brill, 2011.

VAN DER TOORN, Karel. Becoming Diaspora Jews. Behind the Story of Elephantine. New Haven: Yale University Press, 2019.

WYDRA, Harald. Generations of Memory: Elements of a Conceptual Framework. Comparative Studies in Society and History, Cambridge, v. 60, n. 1, p. 5-34, 2018.

Downloads

Publicado

2023-04-20

Edição

Seção

Academia

Como Citar

No Princípio, Deus criou: a cosmogonia como estratégia retórica para a reconstrução de laços coletivos nos séculos VI e V AEC. (2023). Humanidades Em diálogo, 12, 57-68. https://doi.org/10.11606/issn.1982-7547.hd.2022.192472

Dados de financiamento