A vida íntima das sombras
a ordem do discurso biobibliográfico
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2178-2075.v10i2p71-91Palavras-chave:
Discurso biobibliográfico., Fontes de informação especializada, Autor, Campo científico, BiobibliografiaResumo
Objetivo: As fontes de informação biobibliográficas, artefatos socialmente produzidos, possibilitam a reunião de informações acerca de sujeitos que disputam poder no mesmo campo. O objetivo do estudo é desenvolver a problematização conceitual da noção de discurso biobibliográfico, com base na reflexão advinda da experiência teórico-metodológica em Biblioteconomia e Ciência da Informação (BCI), atravessando um percurso que vai dos dicionários biográficos aos currículos na web.
Método: Como reflexão filosófico-teórica, a pesquisa parte da“ordem do discurso” de Michel Foucault, para discutir a potencialidade conceitual da ideia de discurso biobibliográfico no campo científico, debatendo sua construção enquanto categoria analítico-discursiva para o campo informacional e sua aplicabilidade crítica no plano de uma filosofia do documento, reconhecida em trabalhos como de Bernd Frohmann e Michael Buckland. Como objeto da pesquisa empírica, a centralidade da investigação é dada pelas fontes de informação biobibliográficas que se referem a sujeitos ligados a um dado campo científico.
Resultados: A partir do reencontro com a metáfora de Píndaro, que representa o homem como sua sombra, o estudo atinge a objetivação biográfica metadocumental do ser, identificado, descrito, classificado e indexado através de suas informações dispostas bibliograficamente a partir da invenção da Modernidade. Os sujeitos e seus lastros materiais no espaço-tempo desafiam o discurso informacional substancialista, sendo documentados pelas vias de fixação e de conformação das fontes de informação biobibliográficas produzidas em consonância com um segundo discurso, este mais abrangente, que irá produzir o reflexo do sujeito.
Conclusões: As biobibliografias, reconhecidas como formações discurivas, ao serem utilizadas como forma de recenseamento, instituem ordenadamente aquilo que o sujeito deve ser ou se tornar. A ordem discurso biobibliográfico define aquilo com a qual ele deve sonhar, um rito de conformação do sujeito no campo científico. Cria-se com esse tipo de relacionamento uma forma de sujeição a estas fontes de informação.
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