Revista de Italianística https://www.revistas.usp.br/italianistica <p>A Revista de Italianística é um periódico do <a href="https://italiano.fflch.usp.br/objetivos">Programa de Pós-Graduação em Língua, Literatura e Cultura Italianas</a> da Universidade de São Paulo. A revista publica semestralmente números dedicados aos estudos linguísticos e estudos literários para divulgar a produção científica de pesquisadores nacionais e estrangeiros ligados à área da italianística.</p> pt-BR <p>A revista retém os direitos patrimoniais dos artigos e os publica simultâneamente sob uma <a href="https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/" target="_blank" rel="noopener">Licença Creative Commons-Atribuição-Não Comercial-Sem Derivações.</a></p> revista_italianistica@usp.br (Roberta Barni e Elisabetta Santoro) revista_italianistica@usp.br (Revista Italianística) Sáb, 31 Dez 2022 00:00:00 -0300 OJS 3.2.1.1 http://blogs.law.harvard.edu/tech/rss 60 O livro traduzido como livro-corpo https://www.revistas.usp.br/italianistica/article/view/196918 <p><span style="font-weight: 400;">O texto apresenta-se como um corpo, que é plasmado pelo ambiente cultural do qual ele é a expressão e que traz a impressão de quem o cria. A tradução é uma viagem, entre mundos, experiências de sentido, interpretações, diferentes. No momento em que vive esta experiência, uma espécie de migração na direção de um outro universo de significado, o livro-corpo deve vivenciar um processo de inclusão, num mundo novo, que também pode não o aceitar pelo que ele é e marcá-lo, tentar torná-lo semelhante ao que é conhecido, então tranquilizador. Intervenções no livro-corpo comparáveis a certos signos rituais, que marcam uma passagem, tatuagens que podem adicionar alguma coisa interessante, mas que às vezes são verdadeiras cicatrizes, que o ferem profundamente. Poder-se-ia falar de manipulação do livro-corpo, do qual os vários paratextos são sim suas partes, de releituras e reescrituras que algumas vezes podem levar a resultados satisfatórios, outras desanimadores. Os romances dos anos 30 de Jorge Amado, Graciliano Ramos e José Lins do Rego passaram por esse rito de passagem quando foram traduzidos em italiano. Alguns rastros ficam mais escondidos e é mais difícil identificá-los à primeira vista, pode ser necessário um relacionamento mais íntimo entre o observador e o corpo que o traz; outros, pelo contrário, podem ser percebidos num primeiro olhar.</span></p> Alessandra Rondini Copyright (c) 2022 Revista de Italianística https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0 https://www.revistas.usp.br/italianistica/article/view/196918 Sáb, 31 Dez 2022 00:00:00 -0300 “Eclipse da palavra”: travessias no “Canto de Ulisses” de Primo Levi https://www.revistas.usp.br/italianistica/article/view/196268 <p><span style="font-weight: 400;">“Hoje é Primo quem vai comigo buscar a sopa” (LEVI, 1988, p. 163). A frase, aparentemente simples, </span><span style="font-weight: 400;">simboliza </span><span style="font-weight: 400;">o convite para uma troca pouco possível. O espaço concentracionário, onde a linguagem sofre aquilo que, sabiamente, o escritor italiano Primo Levi (1919-1987) define como “eclipse da palavra”, abre-se nesse momento, mais especificamente no capítulo “O canto de Ulisses” de </span><em><span style="font-weight: 400;">É isto um homem? </span></em><span style="font-weight: 400;">(1947),</span> <span style="font-weight: 400;">para uma outra possibilidade. A palavra que pouco a pouco vai perdendo vida encontra no diálogo entre os dois personagens, Primo Levi e Pikolo, um reencontro com suas subjetividades e não só. É pensando nesse capítulo, e sobretudo, no gesto tradutório como um ato de amorosidade, que este ensaio se inscreve. Nesse sentido, enquanto encontro, a tradução será parte de movimentos que não necessariamente precisam ser binários, isto é, uma cisão entre um dentro e um fora, entre o eu e o outro. De fato, em </span><em><span style="font-weight: 400;">Tradução como cultura</span></em><span style="font-weight: 400;">, Gayatri Spivak se refere à tradução como um ato não apenas de leitura íntima, mas também como ato amoroso, de entrega e solidariedade. É a escuta de Pikolo que torna possível o ato tradutório de Levi que recita os versos da </span><em><span style="font-weight: 400;">Divina Comédia</span></em><span style="font-weight: 400;">. E se “Nenhuma fala é fala enquanto não é ouvida” (SPIVAK, 2015, p. 58), pretende-se pensar de que forma a tradução acontece em “O canto de Ulisses” e quais caminhos ela torna possíveis dentro de um ambiente tão cerceado quanto o Campo.</span></p> Helena Bressan Carminati, Patricia Peterle Copyright (c) 2022 Revista de Italianística https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0 https://www.revistas.usp.br/italianistica/article/view/196268 Sáb, 31 Dez 2022 00:00:00 -0300 A escuta silenciosa da língua de neve que ressoa em “Argéman”– acenos, estrelas por vir https://www.revistas.usp.br/italianistica/article/view/196250 <p><span style="font-weight: 400;">Este artigo tem por objetivo evidenciar não somente as características do poema “Argéman”, composto pelo poeta suíço de língua italiana Fabio Pusterla, mas, também, o produto dialógico correspondente à sua tradução pela poeta Prisca Agustoni. Nesse sentido, visamos investigar não só a tarefa heurística desempenhada pelo autor, em sua busca incessante pelos resquícios vitais intrínsecos a diferentes eras e formas de ser, mas, também, o trabalho desenvolvido pela tradutora, que, perscrutando as palavras em sua esfera de partida, procura sondar suas reverberações na esfera de chegada. Assim sendo, tencionamos enfatizar os caminhos pelos quais Agustoni enveredou a fim de “recomeçar a luta da escritura para transformá-la novamente em dança” (PERRONE-MOISÉS, 2013, p. 32), caminhos esses que apostam na escuta dos fragmentos de natureza evocados pelo poema em análise, bem como na irrefutável sensibilidade que o atravessa. Dessa maneira, pretendemos salientar também os efeitos gerados pelo encontro de díspares lentes poéticas e linguageiras, ecoando os silêncios, as entregas e os inúmeros atos de fé àquelas inerentes.</span></p> Elena Santi, Júlia Bellei Xavier Copyright (c) 2022 Revista de Italianística https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0 https://www.revistas.usp.br/italianistica/article/view/196250 Sáb, 31 Dez 2022 00:00:00 -0300 Entre poemas e poesias: reflexões sobre a tradução de Meus poemas não mudarão o mundo https://www.revistas.usp.br/italianistica/article/view/196233 <p><span style="font-weight: 400;">Considerando que o ato de traduzir é um exercício de escolhas que implicam aspectos positivos e negativos, este artigo pretende refletir sobre a experiência de tradução, para o português brasileiro, de </span><em><span style="font-weight: 400;">Le mie poesie non cambieranno il mondo</span></em><span style="font-weight: 400;"> (Einaudi, 1974), </span><em><span style="font-weight: 400;">Meus poemas não mudarão o mundo </span></em><span style="font-weight: 400;">(Edições Jabuticaba, 2021), de Patrizia Cavalli. As sutilezas e ironias das ambientações cavallianas – verbalizadas através da oralidade dos convívios rotineiros – precisaram ser recriadas na tradução para serem recebidas em outro tempo-espaço, buscando assim estabelecer por vezes um novo sentido para seus jogos lexicais, mas conservando tanto quanto possível seu efeito estético-poético original. Nesse sentido, desenhou-se uma travessia entre a poesia italiana e a tradução brasileira, sustentada, entre outros fatores, pela identificação de sensações compartilhadas, mas também por processos de diferenciação, que revelavam bagagens culturais muito próprias de cada país. A experiência aqui relatada se alinha a uma perspectiva que entende a tradução poética como um conjunto de escolhas que visam constituir uma atmosfera de trocas entre a voz do eu-lírico dos poemas e a voz desse eu-outro da língua de chegada, confiando na hipótese de que essa é uma troca possível e praticável, apesar das dificuldades e subjetividades intrínsecas ao processo.</span></p> Cláudia Tavares Alves Copyright (c) 2022 Revista de Italianística https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0 https://www.revistas.usp.br/italianistica/article/view/196233 Sáb, 31 Dez 2022 00:00:00 -0300 O corpo do poema, fendas na poesia de Alda Merini https://www.revistas.usp.br/italianistica/article/view/196235 <p><span style="font-weight: 400;">A poética de Alda Merini (1931-2009) é marcada pela íntima relação que estabelece com o vivido, podendo ser encarada até mesmo como uma escrita autobiográfica, uma escrita de si (FOUCAULT, 2004). O poeta e crítico literário Giovanni Raboni sugere (2005) que a trajetória poética de Merini se divide em dois momentos, marcados por um evento biográfico: o internamento manicomial, que durou de 1965 a 1979. Nesse sentido, se delineia uma poética pré- e outra pós-manicomial. No presente artigo, a partir da leitura da fortuna crítica da autora e de seus poemas de antes e depois do manicômio, buscamos investigar essa divisão por meio da leitura de alguns poemas selecionados da primeira edição de </span><em><span style="font-weight: 400;">La Terra Santa </span></em><span style="font-weight: 400;">(1984), considerada a obra mais importante desse período (CORTI, 1998). A partir disso, propomos um percurso em que a análise de elementos estéticos e poéticos enfatiza e privilegia o deslocamento do verso na página. </span></p> Agnes Ghisi, Patricia Peterle Copyright (c) 2022 Revista de Italianística https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0 https://www.revistas.usp.br/italianistica/article/view/196235 Sáb, 31 Dez 2022 00:00:00 -0300 "Oito escritores" de Michele Mari: dos fios da imaginação à agulha da sintaxe https://www.revistas.usp.br/italianistica/article/view/196097 <p><span style="font-weight: 400;">O presente artigo pretende apresentar características singulares da literatura do autor milanês Michele Mari através do conto traduzido ao português </span><em><span style="font-weight: 400;">Oito escritores</span></em><span style="font-weight: 400;"> (2019 [1997]), incluso na coletânea de contos </span><em><span style="font-weight: 400;">Tu, sanguinosa infanzia</span></em><span style="font-weight: 400;"> (2009), ainda sem tradução. Mari é um autor que ao mesmo tempo que dialoga com algumas ideias da pós-modernidade, dela se afasta, recorrendo aos clássicos e estilos literários do </span><em><span style="font-weight: 400;">Settecento </span></em><span style="font-weight: 400;">e </span><em><span style="font-weight: 400;">Ottocento</span></em><span style="font-weight: 400;">, por exemplo. Sua obra reflete o experimentalismo das formas literárias, passeando pelo gótico, fantástico e pelos livros de aventura. Em Mari, a ideia de escrita está ligada à infância e suas perdas, ao mundo privado, mas também coletivo, ao fragmento (episódico) mas também às narrativas longas. </span><em><span style="font-weight: 400;">Otto scrittori</span></em><span style="font-weight: 400;"> é um conto que contém essas características. Há nele um trabalho intenso de linguagem e intertextualidade, recuperando obras e autores como Poe, Stevenson e Salgari, para citar três de oito. O objetivo do artigo é ler e analisar os elementos literários que constituem a narrativa marinheiresca e fantástica do conto </span><em><span style="font-weight: 400;">Otto scrittori</span></em><span style="font-weight: 400;">, evidenciando, simultaneamente, aspectos linguísticos característicos da escrita de Mari que o filólogo Luca Serianni (2021) chamou de “hiperliterários”.</span></p> Victor Gonçalves, Andrea Santurbano Copyright (c) 2022 Revista de Italianística https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0 https://www.revistas.usp.br/italianistica/article/view/196097 Sáb, 31 Dez 2022 00:00:00 -0300 Tradução, interpretação e comunicação no léxico de Luigi Pirandello https://www.revistas.usp.br/italianistica/article/view/195909 <p><span style="font-weight: 400;">Este ensaio apresenta um estudo sobre os problemas de tradução através das teorias de tradução de Walter Benjamin, Antoine Berman e Henri Meschonnic. No caso de uma hipotética intraduzibilidade, é necessário criar outro texto com uma nova edição, assumindo um código linguístico diferente, constituído pelos sinônimos do idioma português. O tradutor enfrenta um desafio, parece um traidor da obra original, mas não é, porque a nova criação é uma reinterpretação intertextual e outra elaboração linguística e estilística, em que surgem diferenças e semelhanças entre as duas línguas. Podemos considerar a tradução como uma comunicação entre o autor da obra original e o leitor que é o destinatário receptor. Proponho a leitura de algumas passagens das novelas </span><em><span style="font-weight: 400;">A fumaça</span></em><span style="font-weight: 400;"> e </span><em><span style="font-weight: 400;">O leque</span></em><span style="font-weight: 400;"> traduzidas para o português e recentemente publicadas por Francisco Degani, para refletir sobre a diferença entre duas línguas de origem neolatinas, o italiano e o português, que é um encontro entre dois contextos culturais, sociais e históricos diferentes.</span></p> Sandra Dugo Copyright (c) 2022 Revista de Italianística https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0 https://www.revistas.usp.br/italianistica/article/view/195909 Sáb, 31 Dez 2022 00:00:00 -0300 Editorial https://www.revistas.usp.br/italianistica/article/view/211277 Erica Salatini, Lucia Wataghin, Patricia Peterle Copyright (c) 2022 Revista de Italianística https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0 https://www.revistas.usp.br/italianistica/article/view/211277 Sáb, 31 Dez 2022 00:00:00 -0300