Desenvolvimento após o divórcio como estratégia de crescimento humano

Autores

  • Diogo Jorge Pereira do Vale Lamela Universidade do Minho; Departamento de Psicologia

DOI:

https://doi.org/10.7322/jhgd.19908

Palavras-chave:

adulto, divórcio, desenvolvimento, trajetórias desenvolvimentais

Resumo

O divórcio é um dos momentos mais estressantes na vida dos adultos. Após a dissolução conjugal, os ex-parceiros têm de enfrentar inúmeras mudanças e desafios. A literatura psicológica tem dado prioridade ao estudo das consequências negativas do divórcio nas trajetórias desenvolvimentais de todos os membros da família, através da pesquisa exaustiva de problemas de ajustamento que provariam que o divórcio é por si só um factor de desestabilização e risco psicopatológico. No entanto, atualmente, surgem linhas de investigação que se distanciam desta visão, para se focalizarem nas possibilidades de desenvolvimento positivo que podem germinar com a decisão de divórcio. Desta forma, a adaptação ao divórcio não é vista como um processo cumulativo de perdas mas, pelo contrário, como um potencial processo qualitativo caracterizado por novos objetivos de vida, melhoria de competências e maior maturidade afetiva e íntima. O presente artigo propõe uma conceptualização da adaptação ao divórcio como podendo ser medida através do resultado qualitativo de uma sequência de mudanças desenvolvimentais integradas, em que os níveis mais avançados de desenvolvimento, e de um certo modo também mais diferenciados, devem integrar e ultrapassar os níveis anteriores e mais instrumentais da adaptação ao divórcio. São também apresentadas as dificuldades teóricas existentes na literatura em definir o conceito de desenvolvimento ótimo, bem como os procedimentos metodológicos usados para compreender estas trajetórias de crescimento humano.

Referências

Hetherington EM, Kelly J. For better or for the worse: divorce reconsidered. New York: Norton; 2002.

Ahrons C, Rodgers R. Divorced families: a multidisciplinary developmental view. New York: Norton; 1987.

Bergler E. Divorce won’t help. New York: Hart Publishing Company; 1948.

Bailey J, Robbins S. Couple empowerment in divorce: a comparison of mediated and no mediated outcomes. Conflict Resolution Quartely. 2005;22(4): 453-472.

Kaslow F, Hyatt R. Divorce: a potential growth experience for the extended family. J Divorce. 1982; 6: 115-125.

Pals J. Narrative identity processing of difficult life experiences: pathways of personality development and positive self-transformation in adulthood. J Personality. 2006; 74(4): 1079-1109.

Amato P. The consequences of divorce for adults and children. J Marriage and Family. 2000; 62: 1269-1287.

Hetherington E. An overview of the Virginia Longitudinal Study of divorce and remarriage with a focus on early adolescence. J Family Psychology. 1993; 7: 39-56.

Pledge D. Marital separation/divorce: a review of individual responses to a major life stressor. J Divorce Remarriage. 1992; 17(3/4): 151-181.

Simon R, Marcussen K. Maritaltransitions, marital beliefs, and mental health. J Health Social Behavior. 1999; 40: 111-125.

Doherty W, Su S, Needle R. Marital disruption and psychological well-being. J Family Issues. 1989; 10(1): 72-85.

Swepper S. Adult adjustment to relationship separation [Dissertação].Griffith: Griffith University; 2004.

Shapiro A. Explaining psychological distress in a sample of remarried and divorced persons. J Family Issues. 1996; 17: 186-203.

Verbrugge L. Marital status and health. J Marriage and the Family.1979; 49: 267-285.

Cantor C, Sltator P. Marital break down, parenthood, and suicide. J Family Studies. 1995; 1: 91-102.

Milardo RM. Comparative methods for delineating social networks. J Social and personal Relationships. 1992;9: 447-461.

Sayer LC. Economic aspects of divorce and relationship dissolution. In: Fine M, Harvey J, organizadores. Handbook of Divorce and Relationship Dissolution. Hahwah: Lawrence Erlbaum; 2006. p.385-406.

Uunk W. The economic consequences of divorce for women in the European Union: the impact of welfare state arrangements. Eur J Population. 2004; 20: 251-285.

Booth A, Amato P. Divorce and psychological stress. J Health Social Behaviour. 1991; 32:396:407.

Kiecolt-Glaser J, et al. Marital discord and immunity in males. Psychosomatic Medicine 1988; 50: 213-229.

Baum N, Rahav G, Sharon D. Changes in the self-concepts of divorced women. J Divorce Remarriage. 2005; 43(1/2): 47-67.

Birnbaum G, et al. When marriage breaks up – does attachment style contribute to coping and mental health. J Social Personal Relationships. 1997; 14: 643-654.

Gardner J, Oswald A. Do divorcing couples become happier by breaking up? J Royal Statistical Society: Series A 2006; 169(2): 319-336.

Holmes T, Rahe R. The social readjustment rating scale. J Psychosomatic Research. 1967; 4: 189-194.

Counts R, Sacks A. The need for crisis intervention during marital separation.1985; 30(2): 146-150.

Tashiro T, Frazier P, Berman M. Stress-related growth following divorce and relationship dissolution. In: Fine M, Harvey J, organizadores. Handbook of Divorce and Relationship Dissolution. Hahwah: Lawrence Erlbaum; 2006. p.361-384.

Hetherington EM. Intimate pathways: changing patterns in close personal relationships across time. Family Relations. 2003; 52(4): 318-331.

Clarke-Stewart A, Brentano C. Divorce: causes and consequences. 1.ed. New Haven: Yale University Press; 2006.

O’Leary M, et al. Divorcing parents: factors related to coping and adjustment. J Divorce and Remarriage. 1996; 25: 85-103.

Hilton J, Desrochers S. The influence of economic strain, coping with roles, and parental control on the parenting of custodial single mothers and custo dial single fathers. J Divorce Remarriage. 2000; 33(3/4): 55-76.

Madden-Derdich D, Leonard S,Christopher F. Boundary ambiguity and Copa rental conflict after divorce: an empirical of a family systems model of the divorce process. J Marriageand Family. 1999; 61(3): 588-598.

Graff-Reed R. Positive effects of stressful events: psychological growth following divorce [dissertação]. Miami: Miami University; 2004.

Masten A. Ordinary magic: resilience processes in development. American Psychologist. 2001; 56(3): 227-238.

Lerner R, Dowling E, Chaudhuri J. Methods of contextual assessment and assessing contextual methods: a developmental systems perspective. InTeti D, organizador. Handbook of Research Methods in Developmental Science; 2004. p. 183-209.

Rollie S, Duck S. Divorce and dissolution of romantic relationships: stage models and their limitations. In: Fine M, Harvey J, organizadores. Handbook of Divorce and Relationship Dissolution. Hahwah: Lawrence Erlbaum; 2006. p. 223-240.

Instituto Nacional de Estatística. Anuário estatístico de Portugal 2006. Lisboa: Instituto Nacional de Estatística; 2007.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Estatísticas do registro civil 2006. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística; 2007.

Ressler R, Waters, M. Female earnings and the divorce rate: a simultaneous equations model. Applied Economics.2000; 32(14): 1889-1898.

Allen D. No-fault divorce in Canada: itscause and effect. J Economic Behavior Organization. 1998; 37:129-149.

Rasul I. The impact of divorce laws on marriage [manuscrito não publicado].Londres: University College; 2006.

Mechoulan S. Divorce laws and the structure of the American family. The Journal of Legal Studies. 2006; 35: 143-174.

Downloads

Publicado

2009-04-01

Edição

Seção

Artigo de Revisão