Tendência secular de crescimento em pré-escolares, Brasil

Autores

  • Viviane Gabriela Nascimento Universidade de São Paulo; Faculdade de Saúde Pública; Departamento de Saúde Materno-Infantil
  • Ciro João Bertoli Universidade de Taubaté; Departamento de Medicina
  • Lucia Musmê Queiroga Bertoli Universidade de Taubaté; Departamento de Medicina
  • Rubens Feferbaun Universidade de São Paulo; Faculdade de Medicina; Departamento de Pediatria
  • Luiz Carlos de Abreu Universidade de São Paulo; Faculdade de Saúde Pública; Departamento de Saúde Materno-Infantil
  • Claudio Leone Universidade de São Paulo; Faculdade de Saúde Pública; Departamento de Saúde Materno-Infantil

DOI:

https://doi.org/10.7322/jhgd.19958

Palavras-chave:

crescimento, antropometria, pré-escolar, tendência secular

Resumo

INTRODUÇÃO: a análise da distribuição temporal de eventos do processo saúde-doença é uma das estratégias de investigação mais antigas e valiosas para a epidemiologia e para a saúde pública. OBJETIVO: analisar a evolução do perfil antropométrico de pré-escolares, que frequentavam creches municipais da cidade de Taubaté em 1997 e 2007. MÉTODO: foram analisadas variáveis do banco de dados de 2 estudos transversais: um realizado em 1997, com 755 crianças, e outro de 2007, com 1448 crianças. Os dados analisados foram: idade da criança, sexo, peso, estatura e índice de massa corporal (IMC). A transformação dos valores antropométricos em escores Z foi realizada pelo referencial do CDC/NCHS (2000). As comparações entre os dois momentos foram feitas pelo χ-quadrado e pelo teste t-Student, (α = 0,05). RESULTADOS: evidenciou-se tendência de crescimento positiva entre 1997 e 2007 com um aumento significante nos valores médios de escore Z de estatura em ambos os sexos, meninos: 0,04 para 0,39 e meninas: 0,05 para 0,33, e de peso, meninos; -0,03 para 0,26 e meninas: 0,03 para 0,21. As médias de IMC não revelaram diferença significante (meninos de - 0,02 para 0,07 e meninas de 0,09 para 0,12). Observou-se também, entre 1997 e 2007, um aumento na prevalência de crianças emagrecidas, de 9,8 para 12,6% e de crianças com excesso de peso, de 17,0 para 20,9%. CONCLUSÃO: os pré-escolares da cidade de Taubaté tiveram uma tendência secular de crescimento bastante significativa entre 1997 e 2007, mais de estatura do que de peso, que se acompanhou de um aumento na prevalência de crianças emagrecidas e, principalmente, com excesso de peso. Isso indica que, possivelmente, a melhoria das condições de bem estar da população, além de repercutir positivamente no crescimento estatural dos pré-escolares, também pode resultar na instalação de um intenso e precoce processo de transição nutricional, inclusive fora das grandes regiões metropolitanas.

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Publicado

2010-08-01

Edição

Seção

Pesquisa Original