Estratégias de enfrentamento parental e perfil clínico e sociodemográfico de crianças e adolescentes com enurese

Autores

  • Deisy Ribas Emerich Universidade de São Paulo; Instituto de Psicologia
  • Carolina Ribeiro Bezerra de Sousa Universidade de São Paulo; Instituto de Psicologia
  • Edwiges Ferreira Mattos Silvares Universidade de São Paulo; Instituto de Psicologia; Departamento de Psicologia Clínica

DOI:

https://doi.org/10.7322/jhgd.20012

Palavras-chave:

psicologia, enurese, características da população, diagnóstico, tratamento

Resumo

Foi realizado levantamento das características sociodemográficas e clínicas da população que procura tratamento para enurese em um centro de atendimento psicológico a esse transtorno e quais as estratégias de enfrentamento familiar mais frequentes diante dos episódios de "molhadas", em casos de enurese noturna primária. Foram realizadas análises descritivas dos prontuários de 185 crianças (6-11 anos) e 55 adolescentes (12-18 anos), de ambos os sexos, triados entre 2004 e 2009, dos quais foram extraídas informações sobre: variáveis sociodemográficas e clínicas, bem como sobre estratégias de enfrentamento familiar. O predomínio de uma frequência superior a seis "molhadas" semanais foi identificado em crianças e adolescentes (70,6% e 50%). Observou-se ainda predominância do sexo masculino (67,9%), de população infantil (77,1%) e de famílias de classe média. Quando a família havia buscado tratamento anterior, o tratamento medicamentoso revelou-se prioritário entre crianças (28,7%) e adolescentes (47,1%). Diante dos episódios enuréticos, as estratégias de minimização dos danos e prevenção mais utilizadas, para ambos os grupos, foram: o uso de fralda ou protetor de colchão e acordar a criança para ir ao banheiro. Punição foi declarada por apenas 15,4% dos pais de crianças e 17,3% de adolescentes. Os dados revelaram que o baixo índice de clientes de classes socioeconômicas desfavorecidas constitui um desafio para o serviço que busca atender a todas as faixas econômicas e o fardo trazido pela enurese parece impelir as famílias a procurarem alternativas ou outros tratamentos para sanar o problema quando a primeira intervenção clinica não é satisfatória.

Referências

Campezatto PV. Nunes, MLT. Atendimento em clínicas-escola de psicologia da região metropolitana de Porto Alegre. Estud. Psicol. (Campinas). 2007; 24(3):363-374.

American Psychiatric Association. Diagnostic and statistical manual of mental disorders (DSM-IV). Washington, DC: APA. Batista, D. (trad.) Porto Alegre: Artes Médicas. 1994.

Butler RJ. Nocturnal enuresis: The child’s experience. Oxford: Butterworth-Heine-mann, 1994.

Jensen N, Kristensen G. Frequency of ni-ghtly wetting and the efficiency of alarm treatment of nocturnal enuresis. Scand J Urol Nephrol. v. 35, p. 357-363, 2001.

Hogg RJ, Husmann D. The role of family history in predicting response to desmo-pressin in nocturnal enuresis. J Urol. 1993 Aug; 150(2 Pt 1): 444-5.

Schaumburg HL, Kapilin U, Blåsvaer C, Eiberg H, Von Gontard A, Djurhuus JC et al. Hereditary phenotypes in nocturnalenuresis. BJU Int. 2008; 102(7): 816-21.

Warzak WJ. Psychological implications of nocturnal enuresis. Clin Pediatric. 1993:32, 38-40. Special edition.

Bruyne E, Van Hoecke E, Van Gompel K, Verbeken S, Baeyens D, Hoebeke P et al. Problem Behavior, Parental Stress and Enuresis. J Urol. 2009 Oct; 182(4 Suppl):2015-2020.

Butler RJ, Golding J, Heron J, ALSPAC Study Team. Nocturnal enuresis: a survey of parental coping strategies at 7½ years. Child Care, Health & Dev. 2007 Oct;31(6): 659-667.

Soares AHR, Moreira MCN, Monteiro LMC, Fonseca, EMG. A enurese em crianças e seus significados para suas famílias: abordagem qualitativa sobre uma intervenção profissional em saúde. Rev .Bras. Saude Mater. Infant. 2005 Set;5(3): 301-311.

Butler RJ, Gasson SL. Enuresis alarm treatment. Scand J Urol Nephrol. 2005;39(5): 349-357.

Chao SM, Yap HK, Tan A. Primary mo-nosymptomatic nocturnal enuresis in Sin-gapore – parental perspectives in an Asia community. Ann Acad Med. 1997; 26:179-83.

Ng CF, Wong SN. Primary nocturnal enu-resis: patient attitudes and parental perceptions. HK J Pediatr. 2004; 9: 54-8.

Lottman H. Enuresis treatment in france. Scand J Urol Nephrol Suppl. 1999; 202: 66-69.

Sapi Melina C, Vasconcelos Juliana S. P,Silva Fernando G., Damião Ronaldo, Silva Eloísio A. da. Avaliação da violência intradomiciliar na criança e no adolescente enuréticos. J. Pediatr. (Rio J.) [serialon the Internet]. 2009 Oct; 85(5): 433-437.

Butler RJ, Robinson JC, Doherty-Willia-ms D. An exploration of outcome criteriain nocturnal enuresis treatment the wayforward. Scand J Urol Nephrol. 2004;38(3): 196-206.

Devlin JB. Prevalence and risk factors forchildhood nocturnal enuresis. Ir Med J1991; 84: 118-120.

Blum NJ. Nocturnal enuresis: Behavioral treatments. Urol Clin North Am. 2004Aug; 31(3): 499-507, ix

Gim C, Lillystone D, Caldwell P. Effica-cy of the bell and pad alarm therapy for nocturnal enuresis. J Paediatr Child Heal-th. 2009 Jul-Aug; 45(7-8): 405-8.

Blackwell C. A Guide to Enuresis: A guide to a treatment of enuresis for professionals. Bristol: Enuresis Resource and In-formation Center; 1989.

Nevéus T, Von Gontard A, Hoebeke P, Hjälmas K, Bauer S, Bower W, MunchJorgensen T, Rittig S, Vande Walle J, Yeung C, Djurhuus J. The standardization of terminology of lower urinary tract function in children and adolescents: Reportfrom the Standardisation Committee of the International Children’s Continence Society. J Urol. 2006 Jul; 176(1): 314-24.

Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa. [website] Critério Brasil. http://www.abep.org. Acesso: 28/04/2010.

Robson W, Lane M. Evaluation and Management of Enuresis. The New England Journal of Medicine. 2009 Abr; 360 (14):1429-36.

Fergusson, DM, Horwood, LJ, Shannon,FT. Secondary enuresis in a birth cohort of New Zealand children. Paediatr Perin Epidemiology. 1990; 4(1): 53-63.

Landgraf JM, Abidari J, Cilento BC, Coo-per CS, Schulman SL, Ortenberg J. Coping, commitment, and attitude: quantifying the everyday burden of enuresis on children and their families. Pediatrics.2007; 113(2): 334-44.

Egemen A, Akil I, Canda E, Ozyurt BC, Eser E. An evaluation of quality of life of mothers of children with enuresis nocturna. Pediatr Nephrol. 2008 Jan; 23(1): 93-8.

Smith BH, Penny KI, Elliot AM, Cham-bers WA, Smith WC. The Level of Expres-sed Need – a measure of help-seekingbehavior for chronic pain in the commu-nity. Eur J Pain. 2001;5(3): 257-66.

Dias MR, Brito J. No quotidiano da dor: a procura dos cuidados de saúde. Aná. Psicológica. 2002 Jan; 20(1): 91-105.

Jensen N, Kristensen G. Frequency of ni-ghtly wetting and the efficiency of alarm treatment of nocturnal enuresis. Scandi-navian Journal of Urology and Nephrology. 2001; 35:357-63.

Costa, NJD. A enurese noturna na adolescência e a intervenção comportamental em grupo x individual com uso de aparelho nacional de alarme [dissertação]. São Paulo: Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo; 2005.

Pereira, RF. A enurese noturna na infância e na adolescência: Intervenção em grupo e individual com uso de aparelho nacional de alarme [dissertação]. São Paulo: Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo; 2006.

Morgan RTT, Young GC. Parental attitudes and the conditioning treatment of childhood enuresis. Behaviour Research and Therapy. 1975; 13: 197-99.

Glazener CMA, Evans JHC, Peto, RE. Drugs for nocturnal enuresis in children(other than desmopressin and tricyclics).The Cochrane Database of System atic Reviews. 2003; 4, Art. No.: CD002238.

Downloads

Publicado

2011-08-01

Edição

Seção

Artigos Originais