Alimentos processados na alimentação infantil: análise da memória visual de escolares da cidade de Taubaté, São Paulo

Autores

  • Ana Paula Gines Geraldo University of Sao Paulo; School of Public Health; Nutrition Department
  • Maria Elisabeth Machado Pinto e Silva University of Sao Paulo; School of Public Health; Nutrition Department

DOI:

https://doi.org/10.7322/jhgd.20050

Palavras-chave:

criança, memória, embalagem de alimentos, alimentos industrializados, marketing

Resumo

OBJETIVO: descrever a memória visual de crianças em relação à embalagem de salgadinho e biscoito doce recheado e relacioná-las ao estado nutricional, série escolar e sexo. MÉTODO: foi realizada a técnica de desenho com 152 alunos de 6 a 10 anos, matriculados no ensino fundamental I de uma escola da cidade de Taubaté, São Paulo. Foram coletados dados antropométricos, calculado o IMC, a freqüência de cada componente do desenho e realizado o teste qui-quadrado para analisar a sua relação com as variáveis em estudo. RESULTADOS: para as embalagens de salgadinho, os componentes que apareceram com maior freqüência nos desenhos foram marca (54,6%), imagem do produto (45,4%) e personagem (27,0%) e as cores mais utilizadas a vermelha (36,8%), a azul (30,3%) e a amarela (22,4%). Para os biscoitos apareceram com maior freqüência marca (62,5%) e personagem (30,9%) e as cores mais utilizadas a azul (36,8%) e marrom (26,3%). As cores identificadas pelas crianças, tanto para salgadinho, como para biscoito condizem com os produtos comercializados. As meninas se lembraram mais da imagem do salgadinho (p = 0,016) e dos personagens na embalagem do biscoito (p = 0,04). Não foram observadas diferenças estatísticas significativas entre a lembrança dos componentes da embalagem e o estado nutricional e entre a cor escolhida e sexo da criança. CONCLUSÕES: observa-se que as estratégias de marketing são instrumentos amplamente utilizados na indústria alimentícia com foco na criança e que seus produtos comerciais, salgadinhos e biscoitos recheados, são amplamente fixados nesta população.

Referências

Drewnowski A. Nutrition Transition and Global Dietary Trends. Nutrition. 2000; 16:486-487.

Monteiro CA, Conde WL. Secular trends in mal nutrition and obesity among children in São Paulo city, Brazil (1974-1996). Rev Saúde Pública. 2000;24(6 suppl):52-61.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa de orçamentos Domiciliares 2008-2009: Antropometria e estado nutricional de crianças, adolescentes e adultos no Brasil. Rio de Janeiro; 2010 [acesso em: 15 set 2010]. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/pof/2008_2009_encaa/comentario.pdf

Silva MCP da, Ramos CHB, Costa RF. Nutritional status and blood pressure level of adolescents of Cubatão city, SP - Brazil. Rev Bras Crescimento Desenvolv. 2008; 18(3): 288-297.

Abreu LC. Obesity-related conditions in secondary interface of growth and development. Journal of human growth and development 2011; 21(1): 7-10.

Freedman DS, Khan LK, Dietz WH, Srinvasion SR, Berenson GS. Relationship of Childhood Obesity to Coronary Heart Disease Risk Factors in Adulthood: The Bogalusa Heart Study. Pediatrics 2001; 108(3):712-718.

World Health Organization. Diet, nutrition and prevention of chronic diseases. Geneva: World Health Organization; 2003.

Hawkes C. Regulating food marketing to Young people worldwide: trends and policy drivers. Am J Public Health. 2007; 97(11): 1-11.

World Health Organization. WHO Global Strategy on Diet, Physical Activity and Health: fifty-seventh World Health Assembly. Geneva; 2004 [citado 2006 mai 31]. Disponível em: http://www.who.int/gb/ebwha/pdf_files/WHA57/A57_R17-en.pdf

Rundh B. The multi-faceted dimension of packaging – Marketing logistic or marketing tool? Br. Food J. 2005; 107 (9): 670-684.

Karsaklian E. Comportamento do Consumidor. São Paulo: Atlas; 2000.

Fiates GMR, Amboni RD de MC, Teixeira E. Comportamento consumidor, hábitos alimentares e consumo de televisão por escolares de Florianópolis. Brazilian Journal of Nutrition 2008;21 (1): 105-114.

Boyland EJ, Harrold JA, Kirkham TC, Halford JC. The extent of food advertising to children on UK television in 2008. Int J Pediatr Obes.2011; 6(5-6):455-61.

Council on Communications and Media, Stras burger VC. Children, adolescents, obesity, and the media. Pediatrics. 2011; 128(1):201-8.

McNeal JU, Ji MF. Children’s visual memory of packaging. The Journal of Consumer Marketing. 2003; 20(5): 400-427.

Aquino RC de, Philippi ST. Association of children’s consumption of processed foods and family income in the city of São Paulo, Brazil. Rev. Saúde Pública. 2002; 36(6): 655-660.

Chapman K, Nicholas P, Banovic D, Supramaniam R. The extent and nature of food promotion directed to children in Australian supermarkets. Health Promot Int. 2006; 21(4): 331-339.

World Health Organization. de Onis M, Onyango AW, Borghi E, Siyam A, Nishida C, Siekmann J. Development of a WHO growth reference for school-aged children and adolescents. Bulletin of the World Health Organization 2007; 85:660-667.

Caratin CVS, Silva ACF, Silva MEMP. Estado nutricional de crianças de 7 a 10 anos frequentadoras da Escola de Aplicação- Faculdade de Educação/ USP. Nutrire. 2006; 31(2): 53-60.

Vieira MFA, Araújo CLP, Hallal PC, Madruga SW, Neutzling MB, Matijasevich A et al. Nutritional status of rust to fourth-grade students of urban schools in Pelotas, Rio Grande do Sul State, Brazil. Reports in Public Healht. 2008;24(7): 1667-1674.

Pontes TE et al. Orientação nutricional de crianças e adolescentes e os novos padrões de consumo: propagandas, embalagens e rótulos. Rev. paul. pediatr. 2009; 27 (1): 99-105.

Elliott C. Marketing fun food: a profile and analysis of supermarket food messages targeted at children. Can Public Policy. 2008; 34(2):259-273.

Grossman RP, Wisenblit JZ. “What we know about consumers’ color choices”. Journal of Marketing Pratice: Applied Marketing Science.1999; 5(3): 78-88.

Elliot C. Health food looks serious: how children interpret packaged food products. Can Journal of Communication Corporation. 2009; 34:359-380.

Robinson TN et al. Effects of Fast Food Bran-ding on Young Children’s Taste Preferences. Arch Pediatr Adolesc Med. 2007;161(8):792-797.

Hebden L, King L, Kelly B. Art of persuasion: An analysis of techniques used to market foo-ds to children. J Paediatr Child Health. 2011.

Hawkes C. Food Packaging: the medium is the message. Public Health Nutrition. 2010; 13(2):297-299.

Gonsalves M. I. E. Marketing Nutricional. Epistéme. 1996, 1: 239-248.

Harris JH, Schwartz M.B., Brownell, K.D. Marketing foods to children and adolescents: licensed characters and other promotions on packaged foods in the supermarket. Public Health Nutr. 2010; 13(3): 409-417.

ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resoluçãon°24, de 15 de junho de 2010. Dispõe sobre a oferta, propaganda, publicidade e outras práticas correlatas cujo objetivo seja a divulgação e a promoção comercial de alimentos considerados com quantidades elevadas de açúcar, de gordura saturada, de gordura trans, de sódio, e de bebidas com baixo teor nutricional, nos termos desta Resolução, e dá outras providências. Diário Oficial da União.15 jun 2010; Seção1: 46-47.

Publicado

2012-04-01

Edição

Seção

Pesquisa Original