REFLEXÕES ACERCA DA ABORDAGEM SOCIOLÓGICA DO CRESCIMENTO E DO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA NO CAMPO DA SAUDE PUBLICA: – ASPECTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS

Autores

  • Augusta Thereza de Alvarenga Faculdade de Saúde Pública/USP

DOI:

https://doi.org/10.7322/jhgd.37424

Resumo

No presente trabalho procuramos refletir sobre a importância do estudo interdisciplinar sobre o crescimento e o desenvolvimento da criança no campo da Saúde Pública, quer sob a ática do avanço do conhecimento científico, quer da prática de intervenção. A partir de abordagem sociológica capaz de problematizar pontos controversos e desafiadores para os dois níveis de atuação, destacamos, por um lado, 0 falo de 0 crescimento e de 0 desenvolvimento serem tratados de forma dissociada por diferentes áreas de conhecimento e de prática, tais como a saúde, a psicologia e a educação. Por outro lado, destacamos a tendência ao emprego recorrente de esquemas teórico-metodológicos de investigação que operam, no campo da saúde, uma redução do fenómeno crescimento e desenvolvimento a paradigmas dos campos da biologia ou das ciência naturais e, nos campos da psicologia e educação, a redução do desenvolvimento aos da psicologia. Tendo em vista relevantes questões sociológicos perpassarem os diferentes níveis de tratamento da questão, buscamos abordá-las a partir de um quadro de referência teórico-metodológico no qual o processo de reprodução social pudesse ser identificado como instrumental capaz de resgatar espaços sociais de classe onde a criança cresce e se desenvolve de forma diferencial e típica Abordar o crescimento e o desenvolvimento da criança como problema de natureza social é tarefa altamente frutífera, mas sobretudo desafiante, tendo em vista os vários aspectos envolvidos numa reflexão aprofundada sobre o assunto. No entanto, nosso propósito no momento não é o de realizar grandes incursões no interior da sociologia, mas tão-somente recuperar alguns dos aspectos teórico-metodológicos que consideramos relevantes para a análise do problema, conforme temse apresentado em nível da nossa prática profissional, a Saúde Pública, constituindo-se em desafio nos estudos multidisciplinares empreendidos. Neste particular, o pressuposto básico de que partimos é o de que o crescimento e o desenvolvimento são os melhores indicadores para caracterizar o nível de saúde da população infantil. Isto porque, ao usá-los, estamos empregando o que se conhece, na área, como indicadores “positivos” das condições de saúde e não indicadores “negativos”,a exemplo do que fazemos quando medimos o nível de saúde por meio do dano maior, a morte, esse definido pelas taxas de mortalidade.

Biografia do Autor

  • Augusta Thereza de Alvarenga, Faculdade de Saúde Pública/USP
    Professora-doutora do Departamento de Saúde Materno-lnfantil da Faculdade de Saúde Pública/USP

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Publicado

1991-12-19

Edição

Seção

Artigo de Opinião