Considerações teórico-metodológicas acerca da constituição da perinatologia como área de conhecimento e da morbimortalidade perinatal como objeto de investigação de natureza interdisciplinar

Autores

  • Raimundo Antonio da Silva
  • Augusta Thereza de Alvarenga

DOI:

https://doi.org/10.7322/jhgd.38147

Palavras-chave:

perinatologia, morbimortalidade perinatal, baixo peso, retardo de crescimento intrauterino, prematuridade, classe social.

Resumo

O presente trabalho procura historiar o processo de constituição da perinatologia como área de conhecimento procurando identificar os avanços teórico e metodológico que progressivamente se dão na caracterização da morbimortalidade - além de outros fenômenos a ela relacionados - como objeto especifico de estudo da mesma. Apesar de mencionado, pela tendência a se privilegiar nos estudos do campo as questões perinatais como relacionadas primordialmente a questões orgânicas, os autores procuram indicar a forma como o social - descaracterizado como dimensão própria - inscreve-se no clássico paradígma biológico de investigação da área, que o reduz e o fragmenta. Buscando demonstrar que o social refere-se a instância autônoma e ocupa lugar relevante na determinação de eventos perinatais, os autores apresentam algumas tentativas de estudos sociológicos aonde a morbimortalidade perinatal é analisada a partir do referencial das classes sociais. Concluem que tais estudos permitem não somente recuperar, do ponto de vista ontológico, a dupla natureza do fenômeno - tanto biológica, quanto social - mas, igualmente, abrir perspectivas para um aprofundamento das questões epistemológicas presentes na análise da morbimortalidade perinatal, enquanto objeto de natureza interdisciplinar.

Biografia do Autor

  • Raimundo Antonio da Silva
    Médico Pediatra, Sanitarista, Doutor em Saúde Pública. Professor adjunto do Depto. de Saúde Pública da Universidade Federal do Maranhão.
  • Augusta Thereza de Alvarenga
    Socióloga. Sanitarista, Doutora em Saúde Publica. Profa. Dra. do Depto. de Saúde Materno-Infantil da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo

Referências

Alberman E. The scope of perinatal and the usefulness of intemational comparisons. Proc. Annu. Symp. Eugen. Soc., 17: 57-73, 1981.

Alvarenga AT. O conceito de risco na área materno-infantil: considerações teóricas, metodológicas e de aplicação. São Paulo,1984. [Tese de Doutorado - Faculdade de Saúde Pública da USP]

Areno FB. Contribuição ao estudo da antropometria do recém-nascido. São Paulo,1984. [Dissertação de Mestrado – Faculdade de Saúde Pública da USP]

Bard H. Intrauterine growth retardation. Clin Obstet Ginec., 13: 511-525, 1970.

Barros MBA. Saúde e classe social: um estudo sobre morbidade e consumo de medicamentos. Ribeirão Preto, 1983. [Tese de Doutorado - Fac. Medicina de Ribeirão Preto -USP].

Barros MBA. A utilização do conceito de classe social nos estudos dos perfis epidemiológicos: uma proposta. Rev. Saúde Públ., S.Paulo, 20: 269-73, 1986.

Barvasian AP. Bajo peso de nacimiento ungran problema mundial. Cuad. Med. Soc., 20:31-37, 1979.

Battaglia FC, Lubchenco LO. A practical classification of newbom infants byweight and gestational age. J: Pediat., 71: 159-63, 1967.

Behm H. Determinantes económicas y sociales de la mortalidad en America Latina. Rev. Cub. Adm. Salud.. 6: 1-30, 1980.

Benicio MH. Fatores de risco de baixo peso ao nascer em recém-nascidos vivos - Município de São Paulo, 1978. São Paulo, 1983. [Tese de Doutorado - Faculdade de Medicina da USP].

Breilh J. et al. Saúde na sociedade. São Paulo, Instituto de Saúde/SP-ABRASCO, 1986.

Breilh J. et al. Ciudad y muerte infantil. Quito, CEAS, 1983.

Bronfman M, Tuiran R. La desigualdadante la muerte: clases sociales y mortalidad enla ninez. Cuad. Med. Soc., Rosário, (29/30):53-75, 1984.

Butler NR, Bonham DG. Perinatal mortality. the first report of the 1958 British perinatal mortality survey. Edinburgh, E.; S. Livingstone, 1963.

Chamberlain G. Epidemilogia e etiologia do recém-nascido pré-termno. Clin. Obstet. Ginec.11: 309-28, 1984.

Chase HC. Perinatal and infant mortality in the United States and six West European Countries. Am. J. publ. Hlth, 57(10): 1735-48,1967.

Centro Latino-Americano de Perinatologia e Desenvolvimento Humano. Montevidéo, (CLAP.Publicación Cientifica, 1122), 1987.

Centro Latino-Americano de Perinatologia e Desenvolvimento Humano. Saúde perinatal: artigos selecionados de Salud perinatal, Bolehm do CLAP, trad. Forster, T. de A. Montevideo, 1988.

Dunn PM. The search for perinatal definitions and standards. Acta Pediatr Scand., 319: 7-16, 1985.

Edouard L. Épidémiológie de la mortalité périnatale. Ropp. trimest. stahst. sanit. mond.,38: 289-301, 1985.

Forbes JF, Pickering RM. Influence of maternal age, parity and social class on perinatal mortality in Scotland: 1960-82. J. Biosoc. Sci., 17: 339-49, 1985.

Frisancho AR. et al Newborn body composition and its relationship to linear growth. Amer. Clin. Nutr., 30: 704-1 l, 1974.

Golding J. Child health and the environment. Brit. med. Bull., 42: 204-11, 1986.

Gould JB. et al. Socioeconomic differentials and neonatal mortality: racial comparison of California singletowns. Pediatrics, 83: 181-6,1989.

Granados TR. Conceptualización de la salud enfermedad humana: el estado de salud de lapoblación: propiedad inherente a la vida social: Rev. cub. Adm. Salud, 12: 193-206, 1986.

Gruenwald P. Growth of the human fetus. I. Normal growth and its variation. Am. J. Obst. Gynec., 94: 1-112, 1966.

Guiddens A. A estrutura de classes das sociedades avançadas. Rio de Janeiro, Zahar Editores, 1975.

Hunt AN. org. Classes e estrutura das classes. Lisboa, Edições 70, 1982.

Knox EG. et al. Perinatal mortality standards: construction and use of a health care performance indicator. Epidem. Community Hlth.,40: 193-204, 1986.

Koifman S. Bajo peso al nacer y estructura social en México. Xochimilco, 1977. [Tesis de Maestria en Medicina Social – Universidad Autonoma Metropolitana. Unidad Xochi-milco].

Kuhn TS. A estrutura das revoluções científicas. Ed. Perspectiva, São Paulo, 1975.

Laurell AC. A saúde-doença como processo social. In: Nunes ED., org. Medicina Social: aspectos históricos e teóricos. São Paulo, Ed. Global, 1983. p. 133-58.

Laurenti R. et al. Mortalidade perinatal em São Paulo, Brasil. Rev. Saúde Públ., S. Paulo,9: 115-24, 1975.

Lechtig A. et al. Maternal nutrition and fetal growth in developing societies: socioeconomicfactors. Amer. J. Dis. Child. 129: 434-7, 1975.

Lombardi C. Classe social e condições devida. In: Victoria CG. et al. Epidemiologia da desigualdade. São Paulo, Hucitec, 1988.

Lombardi C. et al. Operacionalização do conceito de classe social em estudos epidemiológicos. Rev. Saúde Públ., S. Paulo, 22: 253-65,1988.

Lubchenco LO. et al. Intrauterine growth as estimated from liver born birth - weight data at 24 to 42 weeks of gestation. Pediatrics, 32:793-800, 1963.

McCormick MC. The contribuition of low birth weight to infant mortality and childhood morbidity. New Engl. J. Med., 312: 82-90,1985.

Mello Jorge MHP. et al. Avaliação do sistema de informação sobre nascidos vivos e o uso de seus dados em epidemiologia e estatística de saúde. Rev. Saúde Públ., 27(6), 1993.

Mello Jorge MHP. et al. O sistema de informação sobre nascidos vivos (SINASC). São Paulo, Centro da OMS Para a Classificação em Português (Núcleo de Estudos em População e Saúde, 1992 - Série Divulgação).

Meyer MB, Comstock GW. Maternal cigarette smoking and perinatal mortality. Am. J. L. Epidem., 96: 1-10, 1972.

Organização Mundial da Saúde. Manual de classificação estatística internacional de doenças, lesões e causas de óbito. 9ª rev.,1975.

Centro da OMS para Classificação de Doenças em Português, 1978. v. 1.

Organizacion Mundial de La Salud. Comite de Expertos en Higiene Materno infantil, Ginebra, 1960. La insuficiência ponderal del recien nacido desde el punto de vista sanitario; Tercer informe. Ginebra, 1961. [Serie deinformes Tecnicos, 217]

Peller S. Propo delineation of the neonatal period in perinatal mortality. Am. J. Publ. Hlth.,55: 1005-11, 1965.

Plant ML. et al. Alcool delineation of the neonatal period in perinatal mortality. Am. J. Publ. Hlth., 55: 1005-11, 1965.

Plaut R. Analisis de riesgo, alcance y limitaciones para el administrador de salud. Bol. Ofic. Sanit. Panamer., 96: 296-304, 1984.

Poulantzas N. As classes sociais no capitalismo de hoje. Rio de Janeiro, Zaher Editora,1975.

Puffer RR, Serrano CV. Características de la mortalidad en la ninez. Washington, D.C., Organización Panamericana de la Salud. 1973; p.262.

Rantakallio P. Groups at risk in low birth weight infants and perinatal mortality. Acta Paediat. Scanc., 193,1969.

Schwarcz R. et al. Principales causas perinatales de la mortalidad feto-neonatales y de las secuelas invalidantes en ei nino, em paises latinoamericanos: algunas estrategias y acciones para contribuir a su abatimiento. In: Fescina RH. Tecnologias perinatales: fundamientos, desarrollo y evaluación. Montevideo, CLAP/OPAS, 1987. p. 8-21.

Silva RA. O lugar do biológico e do social na morbimortalidade perinatal. São Paulo, 1991. [Tese de Doutorado - Faculdade de Saúde Pública da USP.

Singer P. Dominação e desigualdade: estrutura de classes e repartição de renda no Brasil. Rio de Janeiro, Ed. Paz e Terra, 1981.

Siqueira AAF. Mortalidade neonatal e prematuridade. São Paulo, 1974. [Dissertação de Mestrado - Faculdade de Saúde Pública da USP].

Siqueira AAF. et al. Influência de altura e ganho de peso matemos e da idade gestacional sobre o peso do recém-nascido: estudo de três grupos de gestantes normais. Rev. Saúde Públ., São Paulo, 9:331-42, 1975.

Siqueira AAF. Indicadores de risco de peso inadequado ao nascer. São Paulo, 1981. [Tese de Livre-docência - Faculdade de Saúde Pública da USP].

Spiers PS, Wacholder S. Association between rates of premature delivery and intrauterinal growth retardation. Develop. Med. Child Neurol., 24: 808-16, 1982.

Tanaka ACA. Saúde Materna e saúde perinatal: relacões entre variáveis organicas, socioeconômicas e institucionais. São Paulo,1986. [Tese de Doutorado - Faculdade de Saúde Pública da USP].

Tanner JM, Thompson AM. Standards for birth weight and gestation periods from 32to 42 weeks, allowing for maternal height and weight. Arch. Dis. Childh., 45: 566-69, 1970.

Taylor DJ. Baixo peso ao nascer e deficiência de desenvolvimento neurológico. Clin. Obstet Ginec., 11: 555-74, 1984.

Torrado S. Salud enfermedad en el primerano de vida: Rosário, 1981-1982. Buenos Aires, Centro de Estudios Urbanos y Regionales, 1986.

Van Den Berg BJ. Epidemiologic observations of tobacco, coffee and alcohol. In: Reed DM, Stanley FJ. The epidemiology of prematurity. Baitimore, Urban & Schwarzèngerg Inc., 1977.

Victora CG. et al. Epidemiologia da desigualdade. São Paulo, Hucitec, 1988.

Wainright RL. - Change in observed birth weight associated with change in matemal cigarrete smoking. Amer. J Epidem., 117: 668-75, 1983.

World Health Organization (WHO). The incidence of low birth weight: an update. Why. Epidem. Rec., S9: 205-212, 1984.

World Health Organization (WHO). The incidence of low birth weight: a critical review of avaiable information. Wld. Hlth. Stat. Quart., 33: 197-224, 1980.

Wise PH. et al. Racial and socioeconomic disparities in childhood mortality in Boston. N. Engl. J. Med., 313: 360-ó, 1985.

Wright EO. Classe, crise e o estado. Rio de Janeiro, Zahar Editores, 1981.

Yerushalmy J. The classification of new born infants by birth weight and gestational age. Pediatrics, 71: 164-72, 1967.

Downloads

Publicado

1995-12-19

Edição

Seção

Original/Atualização