A adolescência como um constructo social

Autores

  • Maria Amélia de C. Oliveira
  • Emiko Y. Egry

DOI:

https://doi.org/10.7322/jhgd.38391

Palavras-chave:

adolescência, adolescente.

Resumo

Na atualidade, questões ligadas à saúde dos adolescentes têm sido predominantemente interpretadas segundo o paradigma biomédico, que toma a adolescência um fenómeno natural, universal. Tal visão unívoca e a-histórica enfatiza o caráter teleológico do desenvolvimento hu nano, em que a adolescência não é mais que uma etapa de transição em direção à idade adulta, daí que privilegie o critério cronológico como seu principal demarcador. Advoga- se a sua compreensão como um constructo social, produto da Revolução Indushial, que adquire visibilidade ao final do século XIX, na esteira do movimento de proteção à maternidade e à infancia iniciados no século anterior. Admitir o caráter histórico-social do objeto adolescência implica pensá-la como um conceito necessariamente plural e em permanente evolução, atravessado por categorias como classe social, religião, raça e género, de tal forma que o adolescente genérico não seria mais que uma metáfora, um instrumento de inteligibilidade. O deslocamento da ênfase do substrato biológico para os múltiplos processos de sua construção, histórica, cultural e socialmente determinados, operaria a necessária subordinação da dimensão natural à dimensão histórica.

Biografia do Autor

Maria Amélia de C. Oliveira

Profa. Dra. do Departamento de Enfermagem em Saúde Coletiva da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo.

Emiko Y. Egry

Profa. Tit. do Departamento de Enfermagem em Saúde Coletiva da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo.

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Publicado

1997-12-19

Edição

Seção

Original/Atualização