Os significados da maternidade para mulheres cardiopatas e diabéticas com gravidez de risco

Autores

  • Michele Peixoto Quevedo Universidade de São Paulo; Faculdade de Saúde Pública; programa de Pós-graduação em Saúde Pública
  • Ceci Mendes Carvalho Lopes Universidade de São Paulo; Faculdade de Medicina; Instituto Central do Hospital das Clínicas; clínica ginecológica
  • Fernando Lefèvre Universidade de São Paulo; Faculdade de Saúde Pública; Departamento de Práticas de Saúde Pública

DOI:

https://doi.org/10.7322/jhgd.19777

Palavras-chave:

Gravidez de alto risco, Cardiopatias valvares, Diabettes mellitus, Representação social, Doenças crônicas e gestação, Saúde da mulher

Resumo

O presente trabalho teve como objetivo identificar as representações sociais da maternidade em mulheres cardiopatas e diabéticas que, experienciavam uma gravidez de risco e que se encontravam hospitalizadas em um período da gravidez para monitoração da sua saúde e a do bebê. Os instrumentos da coleta de dados foram entrevistas semi-estruturadas, com roteiros previamente testados. Entrevistaram-se 20 gestantes, sendo 11 cardiopatas valvares e 09 gestantes com Diabetes mellitus tipo I e II, que se encontravam hospitalizadas no terceiro trimestre de gestação. Optou-se pelo estudo de corte qualitativo. O delineamento foi feito através da análise de discurso no qual o fator de interesse girou em torno dos aspectos da relação da gestante com a sua saúde, expectativas e significados da maternidade, bem como do filho, sentimentos em relação à gestação e ao bebê, e enfrentamento da hospitalização. Para a análise dos discursos, utilizou-se um instrumento de tabulação de dados qualitativos, com as seguintes figuras metodológicas: a Idéia Central, a Expressão-Chave e o Discurso do Sujeito Coletivo (DSC). Os resultados revelaram temas relacionados à forma como mulheres cardiopatas e diabéticas conviviam com doenças crônicas, aos significados da gravidez de alto risco em gestantes cardiopata e diabéticas e à experiência da gravidez de risco, incluindo a hospitalização e os medos das gestantes. Pode-se concluir que as representações surgidas em relação à maternidade e ao filho estão relacionadas ao imaginário feminino, mas que a presença de uma doença crônica pode influenciar também no significado da maternidade para esse grupo de mulheres.

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Publicado

2006-04-01

Edição

Seção

Pesquisa Original