Écfrase da Vila de Plínio na Túscia (Plínio o Jovem, Epístola 5.6)

Autores

  • João Angelo Oliva Neto Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2358-3150.v19i1p181-195

Palavras-chave:

écfrase, enargia, epistolografia, Plínio o Jovem, vila romana, epos

Resumo

Na epístola 5.6, uma das mais longas do autor, endereçada a Domício Apolinar, Plínio faz a descrição de sua vila na Túscia, por meio da qual procura mostrar ao destinatário que a propriedade não é insalubre, mas muito salutar. Neste breve artigo, antes de apresentar a tradução anotada da epístola em português, aponto como Plínio deliberadamente agencia a écfrase, primeiro como ingrediente da enargia, que é tropo retórico, e depois como tropo poético, isto é, como ingrediente mais característico de poemas épicos heroicos – afamado pelas descrições do escudo de Aquiles (Ilíada 18.468–613) e do escudo de Eneias (Eneida 8.617–718), ambas as quais o autor menciona. A passagem da condição retórica para a condição poética corresponde não apenas à mudança do escopo da descrição – que de persuadir (mouere) passa a deleitar (placere) – mas também a transformação de um argumento persuasivo em ornamento deleitável. As passagens acarretam outrossim certo elevamento, mesmo momentâneo (justamente no interregno de uma digressão, que enfim toda écfrase épica é) do epistológrafo prosador à potencial condição de poeta épico.

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Publicado

2015-02-10

Como Citar

Écfrase da Vila de Plínio na Túscia (Plínio o Jovem, Epístola 5.6). (2015). Letras Clássicas, 19(1), 181-195. https://doi.org/10.11606/issn.2358-3150.v19i1p181-195